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New Orleans – 17 de Julho de 2015

          Ele entrou na frente à medida que eu esperava do lado de fora o seu sinal, pude ouvir dois tiros e depois mais nada.

                                   (...)

Entrei logo depois, segurava firme minha arma e tinha meus olhos atentos à mira. Desviava das várias estantes e caixas que tinham, o local era sujo e tinha um cheiro horrível de gente morta. Procurei por eles em todas as partes, até que, em um dos corredores, vi Niall sentado no chão amarrado nos braços e pernas, tinha uma fita em sua boca o impedindo de falar, seus olhos estavam entreabertos e um pouco de sangue escorria devido a um corte em sua testa. Andei em sua direção e pressionei meu dedo em minha boca para que ele não tentasse dizer alguma coisa, mas mesmo assim ele mexia a cabeça negativamente cada vez que eu tentava soltar suas pernas. Daí percebi que seus braços estavam presos a uma linha que ia até um aparelho preso na parede, uma espécie de bomba, que se eu o soltasse ou cortasse a linha, explodiria todo o local. Me afastei assim que percebi, apenas fiz um sinal para que ele esperasse que eu voltaria para busca-lo, mas antes mesmo de me virar, pude sentir uma forte coronhada em minha cabeça fazendo com que tudo ficasse embaçado, meus olhos seguiram os do Niall até sentir meu corpo bater contra o chão, depois daí, não via mais nada.

Acordei um pouco zonza, demorei para assimilar aonde eu estava, parecia o mesmo local, mas alguma outra ala. Puxei meus pulsos quando percebi que estavam presos em volta de um dos pilares, meus pés também amarrados e minha arma tinha sido levada, mas não tinha ninguém lá. Senti que minha nuca doía, e deduzi que havia um pouco de sangue escorrendo.

"Acordou a princesa" ouvi sussurrarem próximo ao meu ouvido, "Espero que não esteja doendo muito, não quis bater com tanta força." encarei-o e vi um sorriso irônico surgir em seus lábios. Não sabia quem era, mas ele parecia me conhecer.

"E você é?" perguntei puxando meus pulsos de novo.

"Bom, eu sou o..." saiu detrás de mim e começou a dar voltas pelo local. "Esquece, você não precisa saber meu nome, só precisa saber que meu chefe quer você morta, por isso eu estou aqui" Sorriu de novo.

"Seu chefe me quer morta? Juro que ainda não tinha percebido" disse ironicamente revirando os olhos.

"Ah que bom que você já sabe, assim posso ser mais rápido" ele tirou uma arma da parte de trás da sua calça e apontou para mim. "Que desperdício matar uma coisa tão bonitinha que nem você!"

"Que gentil da sua parte, pena que se fosse você no meu lugar, eu já teria te matado a muito tempo. Isso se chama Ser Profissional" disse e percebi sua expressão mudar, ele tinha raiva, se aproximava cada vez mais, o barulho da arma sendo destravada ecoou no local. Apenas fechei meus olhos e esperei que ele fizesse, mas não fez.

Quando abri meus olhos novamente não havia mais ninguém, nem um barulho sequer. Levei um tempo para soltar as cordas que prendiam meus pés e mãos, mas consegui antes que aparecesse alguém. Fui até a porta do fundo e observei por uma janela o lado de fora. Me abaixei rapidamente quando um dos homens armados parou para abrir a porta. A maçaneta girou e a primeira coisa que passou pela porta foi o cano da sua arma, não pensei duas vezes antes segurar o cano e empurrar com força contra o seu rosto. Apagou no mesmo segundo. Agarrei seu corpo e arrastei para dentro, fechando a porta em seguida. Tirei seu colete e vesti rapidamente, peguei seu Rifle e tentei me acostumar com o peso sem tirar os olhos da porta. Percebi que o movimento tinha diminuído então resolvi sair e tentar achar o Thomas, meus olhos estavam atentos a mira da arma enquanto eu andava pelos corredores, ninguém apareceu. Andei por uns dois minutos até chegar novamente aonde Niall estava preso, exatamente, estava. Alguém devia ter o soltado, ou talvez ele achou um jeito de sair sozinho, mas as bombas ainda estavam intactas. O galpão parecia estar vazio, não entendia como de um minuto para o outro, todos que estavam lá dentro pudessem simplesmente sumir.

Decidi procurá-los do lado de fora, nosso carro baleado ainda estava lá, não precisei analisar tanto para reparar dois pés atrás de uma das rodas. Apontei minha arma novamente e me aproximei do carro dando passos cada vez mais curtos, o barulho de um tiro vindo de dentro do galpão tirou minha atenção e acabei por levar uma bala de raspão na coxa disparada pelo homem que, pelo que parecia, não sabia brincar de esconde-esconde direito. Me voltei dando dois tiros no rapaz, um no peito e outro na cabeça. Voltei o mais rápido que eu pude para dentro da cobertura, ninguém nos corredores, assim como antes, andei até a sala que eu estava presa e tentei abrir a porta por onde eu havia saído. Trancada. Pela janela, pude ver o Thomas entrando pela outra porta do outro lado da sala, acenei e o vi correndo em minha direção, mas antes que pudesse chegar, seu corpo caiu contra a porta, colando seu rosto no vidro. Ele me encarou e depois soltou um leve sorriso, bati minha mão contra a porta e gritei pelo seu nome, mas não obtive nenhuma resposta. Olhei para o fundo da sala e vi um homem, mediano, mascarado deixando amostra apenas o cano da sua pistola, ele deu as costas e saiu.

Corri o mais rápido que pude, mesmo com minha perna machucada, até a outra porta, encontrei o corpo do Thomas estirado no chão. Me aproximei devagar e vi o rastro de sangue que havia na porta quando seu corpo escorregou, me ajoelhei ficando a sua altura.

"Thomas?" o chamei tocando suas mãos agora frias "Thomas!" falei num tom mais alto e de novo, nenhuma resposta. "Não! Não, não não não, acorda, acorda agora!" agarrava sua camisa e chacoalhava seu corpo "THOMAS" dei leves tapas em seu rosto, mas nenhuma reação "Vai Thomas, não faz isso comigo, não me deixa!" minhas mãos pararam em seu peito enquanto eu olhava-o, seus lábios entreabertos e seus olhos completamente arregalados só faziam a culpa me invadir cada vez mais, meus olhos já estavam inchados devido a tentativa de conter as lágrimas. Abracei seu corpo o mais forte que eu pude. Um barulho vindo da porta me fez solta-lo e pegar minha arma rapidamente, apontei para o rapaz na porta e logo vi seus braços se levantarem em forma de rendição. Era o Niall.

"Aonde você estava?" minha voz saía falha devido a alguns soluços.

"Aqueles caras me soltaram e eu saí achando que vocês já tinham ido, mas aí ouvi você gritando..." levantei e voltei a olhar para o Thomas. Algumas lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, me virei segurando firme minha arma e continuei a andar.

"Quer ajuda com..?" não o deixei terminar, apenas passei por ele e sai da sala. Andei até achar mais deles, – que por incrível que pareça, pareciam estar por toda parte – limpei as lágrimas dos meus olhos e vi dois homens lado a lado andando em direção contrária a minha. Mirei e apertei o gatilho deixando simplesmente disparar diversos tiros enquanto eu gritava o mais alto que podia. Já chorava de novo. 

Cessei os tiros quando me aproximei dos corpos estirados no chão, sangue espalhado por toda parte. Me deparei com o Niall me encarando atrás de mim, meus olhos lacrimejavam, o gosto salgado das lágrimas não largavam minha boca, só o que eu sentia era raiva e quanto mais eu o olhava, mais isso aumentava. Apontei minha arma em sua direção. Percebi sua expressão mudar e seus olhos arregalarem.

Só queria que aquela dor passasse, a culpa me invadia sem piedade, naquele momento, perde-lo seria a pior coisa que poderia acontecer, e aconteceu. Eu não tinha ninguém, estava sozinha de novo. Talvez se nós tivéssemos entrado juntos, se tivesse sido eu no seu lugar. O pior de tudo, é que não pude me despedir ou dizer o quanto ele era importante para mim, não pude dizer um simples adeus. A única coisa que eu pensava era que, tudo tinha começado a dar errado desde o momento em que esse cara teve a espertíssima ideia de ficar no mesmo quarto de hotel em que eu estava. E agora Thomas estava morto, o que eu faria com ele? Como eu contaria ao Mike? Não conseguia pensar em nada. Minhas mãos tremiam enquanto eu apontava a arma em sua direção, Niall mexia os lábios algumas vezes a procura do que dizer, mas nada saía, ele apenas deixava suas mãos levantadas mostrando inocência. Comecei a dar pequenos passos em sua direção até ficar a poucos metros do seu corpo, segurei a arma com apenas uma mão sem tirá-lo da minha mira.

"Dara?"

Atirei.

XXX
ziguiriguidum ziguiriguidum

Demorei, eu sei, desculpinha, ainda amo vocês 🌻  ficou um pouco menor do que os outros, mas gostei muitão desse. Outra coisa, as imagens não tem relação com os personagens ta? é mais para simbolizar algumas cenas mesmo, então é isso.

beijo na bunda e inté o proximoney,

Maria :)x

killing it ›› njh [parada/editando]Onde histórias criam vida. Descubra agora