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- Angelina? - a voz de meu irmão se aproxima enquanto me apoio contra o caixa suspirando pesado. - Você viu um fantasma?

- Um fantasma? - levanto os olhos para Blake. - Harry esteve aqui.

Vejo a expressão de meu irmão se tornar confusa, mas um lapso de preocupação escurece seus olhos azuis quando ele percebe que estou falando sério.

- Quando, Angelina? Agora? Com você?  - ele olha ao redor e sua mão já repousa sobre a arma na cintura.

- Sim, mas ele já foi embora. - respiro com força, ao fechar o zíper da bolsa, vejo que estou tremendo um pouco. - Blake, acho que nós devemos ir também.

- Vamos. - ele passa uma mão pela minha cintura, sem tirar a outra do objeto fatal, que mesmo não sendo uma das minhas coisas preferidas no mundo, proporciona uma sensação peculiar de segurança.

O ar frio da noite me faz estremecer quando saímos do mercado, Blake faz questão de me manter atrás dele só por segurança. Assim como ele, estou tentando entender o que o Styles estava fazendo desse lado do Centro, de maneira quase que audaciosa e prepotente, mostrando que mesmo sozinho, ele não teme entrar no mercado de meu pai. Olho ao redor, me certificando também que nenhum Black Bird o estava acompanhando, mas a rua está tão deserta quando antes.

- Você tem certeza do que viu? - Blake pergunta assim que entramos no carro.

- Você acha que eu estou ficando louca? - digo, como irmão gêmeo, ele faz seu papel de pensar sempre o mesmo que eu. Mesmo que odeie admitir, eu mesma não sei se o que vi foi real, foi tudo tão rápido que me pergunto se a pressão e o medo de ter Harry no poder está me fazendo delirar. Mas aquele toque, aquele olhar... Pareceram tudo, menos mentira.

- Não, mas se Styles realmente esteve aqui depois do toque, ele está querendo provocar. E se eu o conheço, ele não está de brincadeira.

{...}

Depois de participar de uma pequena reunião com meu pai e Blake para contar sobre meu rápido encontro com Harry Styles, ouvir meu pai xingar bastante e ver os dois elaborando alguns planos para colocar os Black Birds na linha, posso finalmente subir para meu quarto e tomar um banho, deixando que a água quente leve embora todas as apreensões que foram jogadas sobre mim quando nasci nessa cidade.

Sento na varanda do meu quarto, com os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e os olhos azuis cansados, olhos que me permitem observar os dois fachos de luz que dançam no céu negro, são as luzes de alguma festa que acontece do outro lado da cidade, se me concentrar bastante, consigo ouvir a música alta e os gritos de euforia dos Black Birds. Duas batidas me fazem despertar dos meus pensamentos, viro rapidamente para ver Kayle entrando na varanda.

- Ei Kay. - digo e estico o braço para lhe puxar para um abraço.

De todas as pessoas dessa família, Kayle era definitivamente o único com quem conseguia me identificar, mesmo sendo o mais novo, seus assuntos sobre astronomia e os conhecimentos autodidatas sobre matemática são realmente impressionantes e mesmo que eu não entenda muito sobre eles, gosto de ouvir a voz baixa e tímida de Kayle me falando sobre astros ou números, me lembrando de que no meio de todo esse caos, onde todos atiram contra todos, alguém ainda se importa com coisas como fórmulas e planetas. E esse alguém, é surpreendentemente meu irmão caçula de nove anos.

- Como anda o telescópio? - pergunto quando ele se senta ao meu lado, seu cabelo loiro levemente caído sobre os olhos.

- Não muito bem. - ele suspira. - Eu preciso de algumas lentes especiais e não consigo encaixar corretamente as que tenho.

- Eu posso ajudar? - pergunto mesmo já sabendo a resposta, eu não seria muito útil na construção de um telescópio.

- Acho que não, Angel. - ele sorri.

- Tudo bem, posso fingir que não estou chateada. - faço biquinho e ele dá uma risada, consequentemente, abro um sorriso, abraçando-o pelos ombros.

- Como deve ser lá? - ele pergunta depois de alguns segundos em silêncio e aponta para os fachos de luz.

- Do mesmo jeito que é aqui.

- Então por que não estamos dando festas também? - sua dúvida é válida, os Red Roses sempre foram conhecidos por manter a postura e a responsabilidade, enquanto os Black Birds sempre foram um símbolo de irreverência.

- Eu não sei, Kay. Acho que somos assim. - suspiro.

- Isso é quem você é? - sua mão pequena toca a pequena tatuagem de rosa abaixo de minhas clavículas.

- Aparentemente.

- Isso está errado, Angel. - ele balança a cabeça. - As vezes eu ouço o papai falando sobre pessoas sendo mortas... - Kayle sussurra, como se não quisesse que alguém soubesse que ele anda espionando. - Só porque as tatuagens são diferentes.

- É um pouco mais complicado que isso. Não deixe o papai ouvir você falando essas coisas, ok?

- Ok. - ele responde , levemente contrariado.

- E você deveria ir para a cama. Está tarde. Vamos... Eu te levo.

Deito Kayle na sua cama, que é significativamente grande para um menino de dez anos baixinho, o teto do seu quarto é repleto de adesivos de planetas fluorescentes que brilham no escuro e suas paredes são lotadas de cartazes sobre astronomia, desenhos de foguetes e manuais para construção de telescópios. Dou um beijo na sua testa e o cubro, estou me preparando para sair do quarto, quando sua voz suave chama por mim novamente.

- Angelina. - ele chama e eu me viro, apoiando o corpo contra o batente da porta.

- Sim.

- Você sente falta da mamãe? - ele se senta na cama.

- Sinto, Kay. - respondo tentando conter o máximo possível a tristeza em minha voz.

- É, eu também. - ele volta a se deitar e eu saio do quarto, fechando a porta atrás de mim.

Eu realmente sinto falta da minha mãe, sinto falta das suas canções de ninar e de seus abraços confortantes, nem eu ou meus irmãos sentiremos aquele amor materno novamente e ao pensar nisso, só posso desejar que ela não estivesse no lugar errado, na hora errada.

Deitada na cama, espero pacientemente até que o sono tome conta de mim e sou deixada mais uma vez no escuro, mas surpreendentemente, sou acompanhada de um par de olhos verdes ameaçadores e que eu gostaria de saber com antecedência que não me abandonariam tão cedo.

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gente!! Segundo capítulo da fanfic e estou muito feliz e extremamente agradecida por ter algumas pessoas que já estão lendo. Sei que os primeiros capítulo são geralmente mais parados, mas a partir dos próximos capítulos, a história irá começar de verdade. Não se esqueçam de clicar na estrelinha e deixar seu comentário. Ah! Não se esqueçam também de adicionar a história à sua Biblioteca!

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Saint ↠ {h.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora