hurricane,, dylan o'brien

one

    – Estou atrasada! - Declarei enquanto caminhava apressadamente por entre a multidão de empregados que queriam falar comigo.

– Menina Jones! Menina Jones! - Ouvia gritar por uma voz muito conhecida por mim. Virei-me para trás por uns segundos agarrando no meu café que me havia sido entregue por uma das funcionárias.

– Obrigada Judite. - Sorri formalmente e segurei com dificuldade o café juntamente com uma pasta branca que já carregava, enquanto na outra mão suportava a minha mala.

   Continuei a caminhar enquanto ouvia o meu nome ser chamado muitas mais vezes por diversas vozes, não podia parar, estava mesmo muito atrasada.

   Aproveitei o facto de umas raparigas estarem a sair do elevador para entrar, e assim carreguei no botão que indicava o 47º andar. Olhei-me ao espelho, colocando a pasta branca por de baixo do meu braço que segurava a mala e bebi grande parte do meu café enquanto me amaldiçoava mentalmente por não ter acordado mais cedo.
   Assim que saí encaminhei-me às enormes portas de vidro opaco que separavam o meu gabinete dos restantes trabalhadores e me davam a privacidade que poderia desejar.

– Bom dia Caroline. - Desejo a uma das minhas secretárias que por acaso também é uma grande amiga minha. Como nunca concordei em ter uma amiga como minha secretária, já tentei convencê-la a mudar de cargo mas ela não o quer fazer por nada deste mundo dando sempre a justificação de gostar do que faz.

– Serena, tens aí um..

– Eu sei, eu sei. - Interrompi-a, entrando para o meu gabinete.

   O rapaz com quem eu tinha marcado uma reunião já se encontrava aqui à minha espera. Pude ver a parte de trás da sua cabeça revestida por um aparado cabelo castanho.

– Bom dia, peço desculpa pelo atraso. - Saúdo, vendo-o a levantar-se atrapalhadamente de seguida. Continuei a andar até à minha secretária de vidro não parando para o cumprimentar. Pousei a pasta e a embalagem de café em cima da mesma, fazendo o meu casaco deslizar pelos meus ombros apoiando-o de seguida nas traseiras da minha confortável cadeira. Encarei finalmente para o rapaz e senti o meu corpo estremecer.

   Podia vê-lo a observar-me atentamente tal como eu fazia com ele. Era dono de uns bonitos olhos vulgarmente classificados como cor de mel. Os seus cabelos estavam ligeiramente despenteados dando-lhe um ar interessante. Os seus lábios ainda que finos eram bem contornados, sendo difícil para mim desviar o olhar embora, na minha opinião, o mais chamativo no seu rosto eram os olhos que me transmitiam sensações estranhas por serem tão expressivos.

   Envergava umas jeans com a muito conhecida cor mostarda e uma camisa preta desabotoada no peito. Estava definitivamente muito mais bonito do que na fotografia do seu processo. Decidi então que já tinha estado muito tempo a olhar para ele, dirigindo a minha atenção para a pasta branca que rapidamente abri. É por isto que o meu pai não me devia pôr a trabalhar com homens bonitos.

– Ora vejamos.. - Murmurei para mim mesma. – Dylan O'brien. O meu nome é Serena Jones, muito prazer. - Inclinei ligeiramente o meu corpo para a frente para que o pudesse cumprimentar uma vez que estava do lado oposto da secretária, estendi a minha mão que ele firmemente segurou e abanou com delicadeza.

– O prazer é todo meu. - A sua voz ligeiramente rouca e suave fez-se soar. O seu timbre era agradável o que me fez sorrir levemente de lado. Ele humedeceu os seus lábios com a língua sem desviar o seu olhar de mim.

Oh merda.

– Podes sentar-te. - Falei e ambos nos acomodámos nas cadeiras. Dei uma vista de olhos pela sua ficha antes de voltar a fazer contacto visual com o mesmo. – Sabias que és descendente de nobreza espanhola?

– Sim senhora, Conaldo O'brien foi o primeiro a ser registado com esse sobrenome. - Ele completou, mostrando a sua cultura. – Jones por sua vez teve origem em Inglaterra, um brasão bastante chamativo a meu ver.

– Muito bem. Partilho a mesma opinião que tu. - Falei agradada com o seu conhecimento e virei uma das folhas da pasta. – E não me chames senhora, por favor. Sou dois anos mais nova que tu, tens idade para ser meu pai. - A minha tentativa de ser engraçada falhou redondamente mas o adorável som da sua gargalhada preencheu os meus ouvidos fazendo-me sorrir.

– Nunca pensei vir a ter uma reunião com a minha filha. -Brincou com um sorriso no rosto e eu, por muito que não me importasse de continuar a brincadeira, optei por mostrar o meu lado mais profissional que era certamente o que mais se adequava à situação.

– Bem Dylan, deixa-me desde já dizer que tens muita sorte por conheceres o Daniel Haynes e por ele te ter posto uma cunha ao meu pai porque caso contrário não estarias aqui. Como deves saber há muitas pessoas a fazerem fila para trabalhar nesta empresa. - Ele assentiu e eu continuei. – Ainda mais sorte tiveste por eu estar a precisar de alguém que me ajude a gerir todo o trabalho que tenho e é por esse cargo que aqui estás, caso contrário ficavas a servir cafés ou a tirar fotocópias ao meu pai. Não vais ser apenas mais um secretário mas sim uma espécie de braço direito, isto é, se fores contratado. - Esclareci. – Tenho em minha posse o teu curriculum vitae e sou conhecedora das tuas habilidades académicas que são mais um ponto para conquistares o teu lugar aqui. Já tiveste uma entrevista antes de te reunires comigo e é essa a razão de eu não te estar a perguntar coisas como porque é que queres trabalhar numa seguradora tão prestigiada como a Health and Care. O que tens que fazer é mostrar que és merecedor de toda a confiança que este trabalho requer. Tens tudo a teu favor. Será que vais dar conta disso? - Questionei, terminando o meu cansativo discurso que ele ouvia atentamente. Peguei no meu café, sentindo o seu líquido a deslizar pela minha garganta provocando-me uma sensação confortante.

– Sim Serena, com certeza. Vou mostrar que sou digno deste cargo e que podes confiar em mim. - Ele assegurou e eu sorri, assentindo.

– Assim espero. - Declarei, levantando-me e ele fez o mesmo. Caminhei até ao rapaz com quem iria passar a maior parte do meu tempo no futuro com a intenção de o levar à porta. – A minha secretária Caroline vai-te entregar tudo o que precisas de saber por hoje. Amanhã começas o trabalho às onze. Não te atrases.

– Cá estarei. Obrigada. Até amanhã Serena. - Estendeu-me a mão que eu rapidamente apertei com um breve sorriso na cara.

– Até amanhã Dylan. - Fechei a porta depois de ele sair e caminhei até à minha secretária, deixando um grande suspiro escapar pela minha boca. – Este meu pai, sinceramente. - Ri comigo mesma e minutos depois ouço a Caroline a entrar.

– Serena! Tu olhaste bem para aquela bomba? - Ela falou escandalizada com a beleza de Dylan.

– Oh se olhei minha amiga, oh se olhei. - Rimos as duas e ela sentou-se na cadeira à minha frente, começando a contar-me pormenores da sua noite com o Tyler, a sua nova paixoneta.

   Para hoje só tinha marcado esta reunião pelo que ia passar o resto da tarde com a minha mãe a fazer compras para ajudá-la a escolher o que ia usar no jantar da empresa.
Antes de abandonar o edifício para ir a seu encontro, peço a Caroline para informar alguns dos trabalhadores que já podiam colocar a futura secretária do Dylan no meu gabinete, o que era extremamente necessário uma vez que teríamos que trabalhar em conjunto.