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Assim que entrámos fomos logo atendidos.
Samuel, um dos empregados que  já há muito me conhece, tratou de nos levar até à mesa mais isolada do restaurante  após eu lhe dizer que ia ter um almoço de trabalho com Dylan.

    – É impressão minha ou trouxeste-me ao restaurante mais chique de Los Angeles? - O meu mais recente parceiro perguntou assim que Samuel se ausentou para ir buscar os nossos pedidos, olhando em volta estupefacto.

   – É impressão tua. Se estás impressionado com isto espero que te prepares mentalmente para o jantar da empresa. - Aconselhei,  lembrando-me das fotos que a minha mãe me havia mostrado do local onde a cerimónia se iria passar. Dylan caminhou até onde eu estava e puxou a cadeira mais próxima de mim para trás com cuidado para não provocar ruído. Sorri com o seu gesto e sentei-me na mesma, sentindo-o a aproximá-la à mesa. – Muito obrigada cavalheiro.

Observei-o dirigir-se até à cadeira que estava imediatamente à minha frente e com a ajuda do meu pé empurrei-a para trás para que ele se pudesse sentar sem a ter que puxar.

    – Cavalheira. - Disse com um sorriso em seus lábios assim que se acomodou. – Agora diz-me, que jantar é esse de que estavas a falar?

    – A Caroline não te falou sobre isso? - Ele negou com a cabeça.– Bem, depois de amanhã vai haver um jantar da empresa. Tudo está a ser organizado pela minha mãe e apenas os membros mais importantes e fundamentais no que toca à gestão da Health and Care vão marcar presença. 

   – Então e...  eu estou convidado? - O seu corpo inclinou-se sobre a mesa e ele entrelaçou os  seus dedos, apoiando os seus antebraços sobre a mesma sem nunca quebrar contacto visual.

  – Dylan, tu vais comigo para todo o lado desde que eu vá em trabalho, obviamente.  - Esclareci, vendo-o a assentir. – Por isso sim, estás convidado e não te esqueças de levar o teu melhor fato.

   – Vamos ter um problema... - Pressionou os seus lábios um contra o outro, olhando para as suas mãos por uns segundos antes de se voltar a focar em mim. – Digamos que o meu melhor fato foi o que usei no baile de finalistas há seis anos atrás e é possível que já tenha sido comido por traças. - Ri ao ouvir as suas palavras.

   – Lamento, mas desta vez não me enganas. À terceira é de vez, nunca ouviste dizer?

   – Não Serena, estou a falar a sério.

   – Vais-me dizer que foste de calças de fato de treino para as entrevistas de emprego?  - Franzi uma sobrancelha e ele acabou por rir. – Vês, eu sabia que estavas a gozar.

   – Não, não fui com calças de fato de treino mas não fui produzido.  Simplesmente, eu e os fatos... - Calou-se por uns segundos. – Não temos uma boa relação. Além disso eu não preciso de fatos para causar uma boa impressão. - Piscou-me o olho.

   – Podes não precisar de fatos, mas precisas de cunhas. - Imitei o seu gesto, vendo-o levar uma das mãos à zona do coração.

   – Foste muito agressiva agora. O meu coração não estava preparado para tanta frieza. - Brincou.

   – Lamento. Mas bem, o máximo que posso fazer é desejar-te boa sorte porque depois de amanhã precisas de estar a usar um fato e ai de ti que eu veja um único borboto no tecido.  – Mordi o lábio discretamente para não me rir com a expressão de pânico que surgiu no seu rosto.

   – Serena, eu não tenho mesmo um fato. - Assegurou com tanta firmeza que quis acreditar por segundos.

   – Juras?

   – Juro.

   – Quem mais jura mais mente. - Deitei-lhe a língua de fora.

    – Tu estás a querer transformar isto na história do Pedro e do lobo para me dares uma lição. - Assenti em concordância acabando por provocar uma gargalhada da sua parte. – Mas eu estou mesmo a falar a sério.

   – Juras pela Jennifer Aniston? - Brinquei. Ele tapou os olhos com uma mão, olhando para mim por entre os seus dedos.

    – Tu estás mesmo a fazer isto? - Perguntou com um tom divertido.
     – Cada um tem o que merece. - Encolhi os ombros.

   – Sim, eu juro pela Jennifer Aniston. Juro por quem tu quiseres.

   – Está bem. Eu indico-te uma loja depois, então.  - Os nossos pedidos chegam e um dos empregados dispõe dois tabuleiros cobertos com variados tipos de sushi ao lado um do outro em cima da mesa. – Muito obrigada.

   – De nada menina. - Ele mostrou um sorriso formal, indo atender outros clientes.

    – Eu vou precisar de ajuda. – Dylan declara, pegando nos seus Hashi vulgarmente conhecidos como pauzinhos japoneses.

   – É só escolher um fato. - Faço o mesmo que ele.

   – Bom apetite. - Dizemos ao mesmo tempo antes de darmos início à refeição e atacarmos a comida à nossa frente.

   – Não te queixes se aparecer com um fato com flamingos desenhados por todo o lado. - Provocou, pegando noutra peça de sushi.

   – Brinca, brinca. Ficas a fazer companhia aos flamingos à porta. – Ele gargalhou, olhando para mim. A luz que entrava no restaurante através das janelas fazia os seus olhos brilharem ainda mais.

   – Tu és terrível!

   – Eu sou terrível? Tu acabaste de me ameaçar a dizer que ias levar um fato coberto de flamingos depois de eu te ter dito que tens que estar para lá de apresentável e eu é que sou terrível? Acho que estamos perante um equívoco. - Ri com ele.

   – Eu quero que tu venhas comigo. - Declara.

   – Dylan, é o jantar da minha empresa, é óbvio que eu vou contigo. 

Uma empregada que eu nunca tinha visto por aqui aproximou-se da nossa mesa, enchendo os nossos copos com limonada e hortelã.
    – Espero que esteja tudo do vosso agrado. - A rapariga, que aparentava ter atingido a idade adulta há pouco tempo, disse enquanto olhava atentamente para Dylan e vice-versa. Observei a situação durante alguns segundos até que decidi intervir.

   – Sim está, como sempre. Já pode ir, muito obrigada. - Peguei no meu guardanapo de pano, limpando os cantos da minha boca depois de a dispensar. Olhei para Dylan quando ela já estava longe e ele encontrava-se a olhar para mim. – Tiveste tempo para lhe tirar as medidas todas?

   – Continuando a nossa conversa, eu não me estou a referir ao jantar.  – Falou, ignorando a minha questão.

   – Sendo assim, a que te estás a referir? - Fiz-me de desentendida.

   – Eu quero que venhas comigo comprar um fato.  – Olhou para mim enquanto humedecia os lábios com a língua.

hurricane,, dylan o'brienOnde histórias criam vida. Descubra agora