17- Overdose (p.II)

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Em torno das três da manhã, Louis levantou aos prantos da cama, respirando pesado e com muita dificuldade, como se o ar quase não existisse e o que existia, machucasse-o por dentro, suava a ponto de todo o colchão estar molhado, seus olhos arregalados se esforçavam para ver alguma coisa dentro do quarto escuro, mas só via o pouco brilho que vinha da janela do banheiro, seus ouvidos tentavam ouvir alguma coisa, mas a sua respiração alta e o zunido constante que parecia vir de seu cérebro o impediam de pensar direito.

Levantou desesperado, caindo um segundo depois de ficar de pé, olhou para o chão (que ele não conseguia enxergar nada), e se levantou de novo, se apoiando nas paredes para conseguir chegar no banheiro, entrou e trancou a porta, ligou a luz e quase deixou um grito escapar de sua garganta devido a dor nos olhos que a claridade o causou. Abriu a torneira, pós o fecho da pia e deixou que a água saísse até que a pia estivesse cheia, e quando isso aconteceu, enfiou a cabeça dentro dela sem pensar duas vezes, acabou por  molhar o tudo que estava próximo ao que água voou para todos os lados. Levantou a cabeça, puxou o ar com força, se engasgando com o mesmo, gemendo pela dor que sentiu e o olhou no espelho, agora estava, pálido, com os olhos estupidamente arregalados, com olheiras profundas e com o rosto molhado. Basicamente, de nada adiantou ter feito aquela mini piscina.

Cambaleou até fora do banheiro e pegou uma calça que ficava na beirada da cama de Michael, uma camisa jogada e um casado pendurado no armário cujo não fazia ideia a quem pertencia, foi os vestindo -quase caindo e gemendo de dor- até chegar na cozinha, onde calçou os tênis com rapidez e buscou um copo de água no armário, seguido para a geladeira para pegar uma garrafa de água gelada, sentou-se na cadeira e pôs os dois objetos em suas mão na mesa. Parou para respirar para tentar se acalmar, porém nada, continuava hiperventiladinho e o zunido ainda estava em seu cérebro. Rendido, se serviu água, tremendo mais do que nunca, pelo menos umas cinco vezes, uma seguida da outra, detalhe: eram copos grandes, e Louis os tomava em questão de segundos.

Levantou e saiu andando de um lado para o outro desesperado, sem enxergar para onde ia, já que não conseguia ver nada do que estava na sua frente. E esse vai e vem desenfreado e sem motivo, acabou fazendo com que ele batesse contra o porta-chaves, olhou fixamente para ele, tentando desvendar qual era cada chave, vulgo, tentando se concentrar em alguma coisa. E quando reconheceu a chave da camionete, seu cérebro entrou em colisão, queria pegar a chave e dirigir descontrolado, mas sabia que se fizesse isso, iria deixar todos preocupados, poderia destruir a camionete e, talvez até, morrer.

Mas se fizesse o mais coerente com sua segurança, não seria Louis, certo?

Não. Pelo menos, não o de agora.

Pegou a chave e saiu em disparado à garagem do prédio velho e precário, as escadas rangiam forte a cada passo que ele dava, batia contra as portas ao terminar um lance de escadas, já que vinha com muito força e não conseguia parar antes de bater contra elas. Na última escada, nos últimos degraus, tropeçou nos próprios pés e saiu rolando, levantou-se todo dolorido, porém a adrenalina que percorria seu corpo naquele momento era muito maior que qualquer fratura que pudesse ter. Então ignorou tudo e continuou seu caminho.

Ao entrar na camionete, tentou revisar tudo o que sabia sobre direção, mas apenas borrões e imagens distorcidas invadiam suas mentes, o zunido não ousava parar, isso estava o deixando louco. Ligou a chave na ignição e saiu em disparada sem nem lembrar onde era o freio, apenas meteu o pé no acelerador, o que o fez bater contra dois carro no caminho até a saída. Quando viu, já estava na rua, dirigia em zigue zague e não conseguia formar as imagens em seu cérebro, só via inúmeras luzes neon invadindo seu campo de visão o doendo a vista. Foi sendo guiado muito mais pela intuição do que pelo seu "gps natural" ou o caminho que Ashton fazia todos os dias, apesar de seu cérebro saber o caminho de cabo à rabo, não conseguia formar nenhuma imagem certa e clara, eram apenas borrões e mais borrões sem nexo, forma e nem sentido.

I'll never let you go •l.s fanfic•Where stories live. Discover now