Parece que foi ontem que tudo ocorreu.
Aquele dia quente em que nós 4: Mary, Eliza, Edgard e eu, fomos para um bar à alguns quilômetros do campus (éramos jovens, estávamos apenas querendo viver nossa juventude). O bar ficava próximo a um lago e Edgard sugeriu que fôssemos nadar.
De início relutei, mas quando Mary (por quem sempre fui perdidamente apaixonado) pediu com aquelas duas enormes bolotas cor avelã que brilhavam suavemente com a luz vinda de fora, nem sequer pensei em relutar.
Porém, Eliza não queria ir. Disse que não estava afim de nadar. Mas eu sabia que, na realidade, ela estava morta de bêbada. Além, é claro, de que ela não sabia nadar.
Após muito insistir, lá se foram os 4 melhores amigos em direção ao lago.
Durante o trajeto, eu servi basicamente de muleta para Eliza. Um de seus braços estava envolta do meu pescoço enquanto meu braço esquerdo a segurava pela cintura. Fazendo as vezes cócegas nela.
Foi quando percebi que Mary me fitava com um olhar penetrante, quase perfurante.
Naquela época nunca havia passado pela minha cabeça que meus sentimentos por ela eram recíprocos.
Enquanto eu estava encarregado de transportar Eliza, Edgard, que sempre teve uma queda por Mary desde que se conheceram no ginásio, aproveitou a situação e a puxou pelo braço para dentro do lago.
Quando os vi saltar dentro das aguas cristalinas do lago, senti algo em mim brotar. Um sentimento estranho, como se após aquele dia eu nunca mais os veria novamente.
Deitei Eliza no chão, ela dormia feito uma pedra (isso devia explicar o fato de ela pesar tanto).
Ao longe, eu via Edgard e Mary mergulharem e emergirem das águas diversas e diversas vezes. Ela ainda me chamou para a água.
Eu recusei.
Ela apenas me encarou, voltou seu olhar para Edgard e mergulhou novamente. Voltando a aparecer já no meio do lago.
Ficamos no lago até o entardecer.
Eliza já havia acordado da soneca e estavamos conversando sobre coisas aleatórias.
Até que ela tocou em certo assunto."Ela gosta de você!" disse Eliza olhando para o lago.
"Quem?" indaguei.
"Minha avó! É claro que eu tô falando da Mary idiota!" falou ela pegando uma pedra e arremessando na água. "Dá pra sentir isso!"Eu apenas a encarei.
"Você devia se declarar para ela!" completou.
"Não sei se consigo."
"Nunca vai saber, se não tentar!"Sentindo-me encorajado, fui em direção ao lago. Saltei com roupa e tudo dentro daquela água fria e fui em direção ao centro. No meio do caminho, ouvi a voz de Eliza gritando. Ela pedia para que eu voltasse. Mas eu estava firme por demais em minha decisão. Eu me declararia para ela nem que fosse a última coisa que eu faria em vida.
Então eu vi.
Com a luz do por do sol passando por cima das árvores frondosas do parque, o céu numa aquarela única e com o lago a refletir tudo aquilo, vi Edgard beijando Mary logo após confessar seu amor a ela.
Eu, vendo a tudo aquilo, fiz a única coisa que fui capaz de imaginar naquele momento: AFUNDAR.
Desci até as profundezas daquele lago para nunca mais voltar de lá.
No meio daquela escuridão, daquela pressão quase insuportável e de um silêncio soberano, afoguei aquela paixão que senti por Mary.
Quando retornei a superfície o lago refletia um céu azul escuro repleto de estrelas. Voltei meus olhos para a margem e lá estava uma silhueta familiar. Sentada. Me esperando.
Mary e Edgard já haviam ido embora.
"Desculpa... Eu..."
"Eu toquei o fundo do lago!" falei tentando mudar o assunto.
"Mentira! Isso é impossível."
"Quando você aprender a nadar, vai lá e procura pela marca dos meus pés na lama."Eliza apenas soltou um riso forçado. Depois disso seguimos em silêncio, apenas ouvindo a sinfônica canção dos grilos.
Naquela noite, recebi uma bolsa para estudar numa universidade de Roma. Sem pensar duas vezes aceitei a bolsa.
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Diário de um Exorcista (revisão REMAKE)
Paranormal"Ao vasculhar a casa dele encontrei um diário. Ele estava coberto com manchas de sangue na capa e um pentagrama havia sido desenhado no verso. Tal desenho profano estava coberto com sangue. Me pergunto o que ocorreu a ele." Padre Alexander Norton...