CAPÍTULO 8: A VERDADE LIZ, SÓ A VERDADE

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20/04/1980

Quando acordei, senti minhas tripas rodopiando em minha barriga.

Meu corpo doía. Meus músculos pareciam estar dilacerados, mas aquele sentimento de inutilidade amargava mais que a dor em meus membros. Ao meu lado estava Eliza, dormindo como uma rocha na poltrona.

Ainda cambaleante, fui em direção ao banheiro.

Vomitei.

   "Você está bem?" indagou Eliza da porta do banheiro.
   "Nenhum pouco!" respondi. "Poderia fechar a porta? Eu queria tomar uma ducha."
   "Claro, claro! Quer que eu prepare algo para o café?"
   "Fique a vontade!"

A porta se fechou atrás de mim e eu entrei debaixo do chuveiro. De roupa e tudo.

Enquanto aquela água gelada caía em minha cabeça, meus pensamentos só me levavam para aquele instante em que desmaiei.

Eu não conseguia entender nada.
Tá certo que as vezes os demônios podem utilizar habilidades de pirotécnia, telesinese e outras coisas indescritíveis. Mas, como foi que Eliza conseguiu fazer tudo aquilo?

Com duvidas a devorar os meus neurônios, saí do banheiro ainda encharcado.

Ao passar pela cozinha, encontrei Eliza passando o café.

   "Não tinha toalha lá? Quer que eu pegue uma?"
   "Não, não! Eu só queria saber... Eu só..." respirando fundo e procurei coragem e palavras para perguntar a ela sobre tudo o que havia se passado naquele quarto. "Como foi que..."
   "Eu estou feliz com o nosso reencontro!" disse ela sorrindo. "Desde o dia em que você foi para Roma, eu buscava algum motivo para ir te visitar. Sabe, eu... Eu sempre... Ah, isso é difícil! Eu...!"

O telefone toca.

   "Espera!" falei.

Era o pai da Mary.
Ele pedia para que eu fosse com urgência. Mary piorou.

Corri em direção ao quarto e troquei de roupa. Expliquei para Eliza sobre o o ocorrido e fomos em direção a casa.

   "Eliza!"
   "Sim."
   "Como você fez aquilo ontem?"
   "Foi Deus! É a única explicação."

Eu a encarei logo após a sua resposta. Seus olhos estavam distantes e frios.

  "Ei! Eu gosto de você. Sempre gostei!" disse ela.
  "O quê? Como...?"
  "Fica quieto e dirige aí!"

Ficamos em silêncio por todo o trajeto.

Diário de um Exorcista (revisão REMAKE)Onde histórias criam vida. Descubra agora