A casa onde Amanda morava fora construída há cinquenta anos, e por causa disso surgiram muitas histórias sobre ela, histórias de como naquele lugar pessoas foram assassinadas e ali mesmo enterradas, que durante a noite apareciam assombrações e coisas do tipo. As pessoas mais velhas sempre achavam uma ou duas coisas para contar sobre a casa nas reuniões de vizinhos. Mas tudo isso era comum para Amanda, pois já havia algum tempo que ela começara a ver vultos pela casa ou sentir arrepios vindos do nada que faziam seu coração gelar.
No entanto...
Aquela noite começou normalmente como sempre, a família tinha acabado de ter uma noite agradável, pelo menos dona Alice, seu Carlos e Amanda, pois o irmão havia ido à faculdade e a irmã estava no quarto conversando com o namorado pelo celular fazia algumas horas. Viram alguns filmes, conversaram e riram. O relógio já marcava onze horas, os pais dela resolveram ir dormir, e ela lembrou que se esquecera de tomar banho – Parabéns, Amanda – disse a si mesmo.
O banheiro ficava na lavanderia, que estava separada do restante da casa por um corredor de uns três metros de distância, ela saiu cantarolando por ele, totalmente distraída e dessa maneira iniciou o banho, mas quando estava quase terminando Amanda olhou pela janela e viu a lua cheia que brilhava por trás dos galhos e folhas de uma árvore bem próxima ao banheiro, o vento soprava calmamente fazendo com que os galhos raspassem no telhado provocando sons bizarros e isso começou a deixá-la assustada, lembrou que o pessoal já tinha ido dormir e que seu irmão ainda não chegara. A sensação de que alguma coisa estava errada pairava no ar. Vestiu suas roupas com muita dificuldade, pois suas mãos tremiam, e apesar de ter demorado, terminou e teve que empreender a inevitável caminhada para dentro de casa.
Tirou sua cabeça para fora e examinou o local antes de ter coragem o suficiente para pisar no corredor, andou devagar e tremendo. Outras pessoas teriam saído correndo para se livrar logo do medo, mas o corpo dela estava meio travado ou não tinha forças o suficiente para sair correndo. Quando estava no meio do corredor, Amanda percebeu que o carro de seu irmão já estava na garagem, ela parou e ficou olhando o carro, então murmurou para si mesma em pensamentos - Larga de ser boba, não tem nada ali.
Ao virar-se para continuar caminhando, escutou algo. Era baixo como um sussurro, mas podia-se ouvir a voz rouca e grave que fez seu corpo gelar, sentia que seu coração pararia a qualquer momento e o mais estranho era que ela não podia entender o que significava as palavras, era como se fosse outro idioma, mas antes que sua mente se entregasse ao medo voltou subitamente a si – Deve ser a besta do meu irmão tentando me assustar – pensou.
- Vinicius, sua praga, pode parar de tentar me assustar, sei que é você – ela disse bem alto. E seu irmão respondeu do quarto dele – Endoidou menina? Eu não fiz nada.
Foi então que Amanda percebeu estar acontecendo o que temia. Seus olhos se dilataram e seu corpo se colocou em alerta total, a adrenalina jorrou em quantidade suficiente para permitir que tivesse a força necessária para sair correndo igual uma louca e trancar a porta o mais rápido que pudesse. Ficou parada por alguns minutos em frente à porta trancada, respirando descompassadamente, com o coração tão acelerado que qualquer um diria estar a ponto de saltar de seu peito, ela desabou no chão, pois suas pernas ficaram bambas de mais e então repetiu várias vezes para si tentando se convencer – Isso foi só sua imaginação Amy, só imaginação.
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O Enigmático Sussurro
LosoweApesar de Amanda ser diferente desde que nasceu, ela procurou uma vida o mais normal que pôde, mas um dia ocorreu algo que mudou sua vida para sempre.