Chamada

26 3 2
                                    

Já tinha anoitecido completamente quando o barulho de carro e vozes despertou Amanda, o momento de sono havia sido revigorante, levantou-se meio grogue ainda, abriu a porta e presenteou um enorme sorriso para seus pais que acabavam de entrar.
-Oi mãe. Oi pai - disse alegremente.
-Oi - os dois responderam em uníssono um tanto surpresos, pois esperavam encontrá-la brava por não terem levado-a junto com eles.
-Compramos aquele livro que você queria - disse sua mãe entregando a ela o último livro de uma coleção que estava fazendo e só faltava um. Com certeza sua mãe sabia como soborná-la.
-Obrigada! - respondeu quase saltando se felicidade, pegou o livro e foi para o quarto. Quando passou pela porta lembrou-se do que aconteceu mais cedo, mas não tinha nem sinal do ocorrido, não tinha letras na porta, não tinha sangue no chão, não tinha papéis esparramados, estava tudo em mais perfeita ordem, isso é, para ela, já que Amanda tinha um jeito meio único de "organização". Não deixava ninguém entrar lá para "arrumar", dizia que se alguém mexia em suas coisas, depois quando precisasse de algo não conseguiria encontrar
Deitou-se e começou a ler o exemplar que tinha em mãos, não deixava escapar a oportunidade,  quando adquiria um novo livro enquanto não terminava de ler, não o largava.
Mas dessa vez algo estava diferente, por mais que tentava não conseguia se concentrar no livro, o que aconteceu antes deixou de alguma forma uma marca nela, sua cabeça não parava, estava tentando entender, apesar de que cada vez ficava mais complicado.
Colocou o livro no bidê e ficou fitando o teto com as mãos cruzadas sobre seu peito, até que a situação ficou insuportável, pegou o travesseiro, colocou no rosto e começou a gritar.
-Amanda - dona Alice chamou-a abrindo a porta de seu quarto - O que está acontecendo?
-Nada mãe - respondeu olhando por baixo do travesseiro.
-Nada? Tem certeza?
-Tenho.
-Huuuuum! Não é porque alguém está incomodando seus pensamentos? - Alice disse dando uma piscadinha e deixando-a sozinha.
A é - pensou - Até parece.
Naquele momento, quando sua enevoada mente estava perdida em pensamentos e lembranças sobre um colega em particular, o celular que estava na escrivaninha começou a tocar.
Ahhhh! Não! - disse a si mesma - Burra, porque deixou o celular longe? - Se pudesse materializar a preguiça de levantar para pegar o celular seriam enormes correntes que a prendiam à cama, mesmo assim sua curiosidade foi maior, o suficiente para romper as correntes.
Era um número estranho, o que era estranho, pois raramente recebia ligações e mais ainda de números estranhos.
-Alô? - Atendeu meio receosa - Quem é?
-Oi, não reconhece minha voz? - ele disse suavemente.
Seu coração acelerou.

O Enigmático SussurroOnde histórias criam vida. Descubra agora