Capítulo 2

111 12 2
                                    

Entro no estacionamento e deixo o carro em uma vaga, olho para o celular, nenhuma mensagem, pego minha bolsa e saio. Subo as escadas e entro no prédio, dando de cara com um gigante corredor, minha sala era a 311. Ando por algum tempo e, sem resultados, resolvo perguntar a alguém. Vejo um garoto loiro e alto que usava uma jaqueta de couro e estava sozinho.

- Com licença! - Falo cutucando o seu braço, fazendo com que ele volte a sua atenção a mim.

- Oi! - Ele fala olhando para mim, simpático.

- Você sabe onde fica a sala 311? - pergunto.

- Não! Mas você pode me ajudar a procurar, também preciso estar dentro dela até as 19h30. Prazer, Gustavo! - Ele fala, ainda sorrindo, e estende a mão.

- Clara! - Falo apertando a sua mão e retribuindo o sorriso.

Caminhamos mais um pouco e finalmente conseguimos encontrar. Quando abrimos a porta, alguns olhares vieram na nossa direção, entrarmos e fechamos a porta. Gustavo, que estava caminhando na minha frente, senta-se em uma cadeira e bate na classe de trás, indicando para que eu me sente ali, larguei minha bolsa em cima da classe e sentei. O professor não demorou a chegar, um senhorzinho baixinho e simpático. A sala era grande, estava distraída olhando para os rostos daquelas pessoas tentando me acostumar a eles, quando Gustavo me chama a atenção.

- E então, você é daqui? - perguntou.

- Sim, e você? - Respondi, tentando puxar assunto, afinal, o professor não havia começado a aula ainda.

- Me mudei para cá a alguns meses, na verdade não queria mudar, deixei muita coisa para trás, mas estou me adaptando a tudo e até que estou gostando. - Ele fala e completa sorrindo.

- Sei como é... Quero dizer, nunca tive que mudar, mas passei por uma situação parecida. - Falo lembrando-me de Vicente.

Ele apenas sorri, e eu retribuo. O professor logo iniciou a aula, se apresentou a turma e pediu para que cada um de nós se apresentasse também. A aula foi super legal, nessa primeira noite, para descontrair, ele decidiu fazer uma aula mais interativa, por mais sério que fosse o curso.
Fazer faculdade de direito, sem sombra de dúvida, sempre foi meu sonho. No pequeno intervalo eu e Gustavo andamos pelo corredor, onde posso ver, pelas janelas, como o lugar é bonito. No pátio, várias árvores que, mesmo com a cor alaranjada da estação, tem sua beleza. Voltamos para a sala onde a aula continuou, até que chega a hora de ir embora.

Chego em casa e dou de cara com a minha mãe, ela vem até mim, com um sorriso calmo em seus lábios.

- Oi mãe! - Falo dando um beijo na sua bochecha mas, antes que eu possa me afastar, ela me puxa para um abraço.

- Como foi? - Pergunta-me, empolgada.

- Foi ótimo, a aula foi super Light, mas interessante, conheci gente nova e o lugar é incrível! - Falo animada.

- Que bom que gostou, meu amor! - Ela fala sorrindo. - Tem uma surpresa pra você, está no seu quarto, sobe lá! - Ela completa.

Olho para ela desconfiada e a mesma indica para que eu suba logo, então eu vou. Subo as escadas e, ao abrir a porta do meu quarto, quase desmaio ao ver a minha "surpresa".

Aquele par de olhos castanhos que imediatamente olham na minha direção e que estavam chegando cada vez mais perto, aquele par de olhos castanhos que conseguem me deixar sem fôlego e que eu estava louca para ver. Eu continuava parada na porta até que uma voz grave e ao mesmo tempo calma me tira do transe, me fazendo olhar na sua direção.

- Você por aqui, senhorita? - Ele pergunta, brincando.

Um turbilhão de sentimentos passa pela minha cabeça e uma corrente elétrica passa pelo meu corpo, fazendo com que eu me arrepiasse toda, logo o seu perfume me invade, me deixando incapaz de fazer, falar ou pensar qualquer coisa.

- Como assim? O que você está fazendo aqui? Quando chegou? Por que não me falou nada? - Falo tremendo, já com os olhos marejados mas, dessa vez, de felicidade.

- Calma! - Ele fala sorrindo e pega em minhas mãos tremulas. - Quis te fazer uma surpresa! - Completa e me puxa para um abraço, onde posso sentir que os seus batimentos também não estão controlados.

- Eu não acredito que você está aqui! - Falo o abraçando também.

- Eu estou aqui Clara, e não vou mais ir embora, eu prometo! - Ele fala me afastando para que possa olhar em meus olhos.

- Eu senti tanto a sua falta! - Falo.

- Você não tem ideia de como eu senti a sua também, isso me matava um pouco a cada dia. - Ele completa.

- Você está tão mudado, gostei desse corte de cabelo! - Falo me recompondo e mechendo em seu cabelo, ele coloca as mãos nas minhas bochechas, segurando meu rosto com delicadeza.

- Você está tão linda, mais do que eu lembrava! - Ele fala sorrindo, ainda segurando meu rosto.

Fechamos a porta e deitamos na minha cama, tínhamos tanta coisa pra falar, mas apenas ficamos em silêncio.

- Essa casa me trás tantas lembranças, lembranças boas! - Ele fala correndo os olhos pelo cômodo, até que para o seu olhar em um mural de fotos, onde a maior parte delas, são fotos nossas.

Posso ver seu sorriso, tão sincero e calmo, o mesmo de sempre, o mesmo que faz com que suas covinhas apareçam.

- Eu senti tanta falta disso tudo, tanta falta de você. - Ele fala. - Me perdoe por ter ido embora... - Ele completa e olha nos meus olhos.

- Não foi culpa sua, não tem por quê te perdoar. - Falo, também olhando em seus olhos.

Ele beija minha testa, me tirando um sorriso, e me abraça forte, tão forte como se aquele abraço tivesse o poder de recuperar todos esses anos. Esse abraço apertado do qual senti tanta falta.
Somos interrompidos por batidas na porta.

- Todos estão vestidos? - Ouço a voz da minha mãe e em seguida sinto minhas bochechas queimarem.

- Mãe!!! - Falo um tanto indignada e posso ouvir a gargalhada de Vicente.

- Desculpe interromper, mas a sua mãe ligou, ela está te chamando Vicente... - Ela fala colocando apenas a cabeça para dentro do quarto e contendo o riso.

- Seus pais também vieram? - Pergunto animada, virando-me para ele, mas o seu silêncio corta a minha empolgação.

Minha mãe percebe que não é o melhor momento para estar ali, então sai e fecha a porta.

- Posso dizer que meu pai não volta mais de lugar algum... - Ele fala, baixando o seu olhar e me fazendo levar as mãos a boca, espantada.

- Por que não me disse nada? - Pergunto, já com os olhos cheios de lágrimas, colocando uma mão em seu rosto.

- Não queria te entristecer, principalmente estando longe... - Ele responde voltando o seu olhar para mim.

- Eu... sinto muito! - Completo o abraçando, deixando algumas lágrimas escapar.

- Eu também sinto mas, olha, está tudo bem, viu? Não quero te ver triste, quero te ver sorrindo. - Ele fala me afastando um pouco e secando minhas lágrimas com seu polegar.

Olho para ele com um sorriso meigo em meus lábios e beijo o seu rosto, depois, viro-me e me aconchego em seu abraço, encaixando meu corpo ao seu e sendo envolvida por seus braços.

E Se For Amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora