Tomas 07

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Inglaterra, Devon, 14 de Maio de 1818...

Minha querida Sophia, eu entendo o seu medo, mas ainda não posso compreender porque não me contou nada. Se houvesse conversado comigo teríamos resolvido esse pequeno problema.
Mas admito também que estive errado, só pensei no meu infortúnio e nunca em seus motivos... Ou nos seus sentimentos.
Na sua carta anterior você mencionou a minha frieza. Não me surpreende que tenha pensado tal coisa de mim, pois desde que me conheço por gente sou assim... Frio.
Mas tenho que confessar que quando a vi pela primeira vez... Desconheci o significado dessa palavra.
Lembro-me como se fosse ontem...
Eu havia acabado de chegar no baile na casa do seu velho pai quando a vi.
A senhorita estava rindo enquanto conversava com um cavalheiro qualquer e sua beleza fez com que eu me detesse imediatamente, então eu fiquei ali... Estático, apenas olhando-a. Foi quando, de repente, me olhou.
Quando seus grandes olhos verdes finalmente me notaram, a senhorita me presenteou com um lindo sorriso, foi então que algo dentro de mim pareceu derreter.
Uma semana se passou e eu já estava decidido a fazê -la minha esposa.
Falei com seu pai e quando ele me comunicou sua resposta, dentro de mim se fez presente uma sensação que eu nunca havia sentido... Era felicidade.
Nos dias que se seguiram, eu imaginei como seria a minha vida... A nossa vida juntos.
Confesso que durante muitas noites eu imaginava nossa noite de núpcias.
Me imaginava fazendo-a minha.
Seus cabelos dourados espalhados sobre o meu travesseiro. Seu rosto corado. Sua respiração ofegante. Seu corpo se retorcendo sob o meu.
Mas seus olhos...
Seus olhos verdes estariam como na noite em que a conheci: ansiosos.
Ansiosos de paixão, de vida... De algo que só eu posso lhe dar.
A senhorita mensionou em uma de suas cartas que quando me abandonou feriu meu orgulho masculino, mas quero que saiba que o que se feriu realmente foi meu coração.
Entendo seus motivos para crer que não desejo sua felicidade, mas não é a verdade; Quero que encontre toda a felicidade do mundo, mas que seja ao meu lado.
Eu estive esperando por horas naquele maldito altar, até me dar conta de que você não apareceria, então desde aquele dia fui tomado pela amargura.
Passei meus dias desejando que fosse tão infeliz quanto eu estava porque não podia suportar que logo você fosse feliz.
Estive me corroendo por dentro durante todos esses anos, até receber a notícia do seu casamento.
Eu só pensava que não podia permitir que fosse feliz, não enquanto eu permanecia em pleno inferno.
Pensei em impedi-la com ameaças, mas só agora percebo que foi um erro. E que por estarmos quase na véspera do seu casamento o que estou a escrever é ainda mais errado, mas a mim não importa.
O que importa é somente que depois que foi embora eu nunca mais me senti como antes.
Então, eu te peço que me devolva aquela sensação e me deixe dar-te o que eu sei que seus olhos anseiam.
Estou disposto a perdoá-la por todo o mal que me causou, basta que aceite ser minha.
Quero fazê -la minha esposa.

Ass: Sir Tomas Trent.

Para o meu ex-noivo, com amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora