O QUE É UM MILAGRE?

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NO PRIMEIRO capítulo deste livro falei sobre magia e mostrei a distinção entre a magia

sobrenatural (um feitiço para transformar um sapo num príncipe ou esfregar uma lâmpada e

conjurar um gênio) e os truques de mágica (o ilusionismo que transforma lenços num coelho ou

serra uma mulher ao meio). Hoje, ninguém acredita na magia dos contos de fadas. Todo mundo

sabe que só em Cinderela uma abóbora se transforma em carruagem e que tirar um coelho de

uma cartola que parece vazia é um truque. Mas existem histórias sobrenaturais que ainda são

levadas a sério, e muitos chamam de milagre os "eventos" que relatam. Diferentemente dos

contos de fadas, nos quais ninguém acredita, e dos truques de mágica, que sabemos ser ilusão,

este capítulo tem como tema os milagres, aquelas histórias de acontecimentos sobrenaturais

em que muita gente ainda crê.

Algumas dessas histórias são fantasmagóricas, outras são lendas urbanas ou

impressionantes coincidências. Por exemplo: "Sonhei com uma celebridade em quem não

pensava havia muitos anos, e na manhã seguinte fiquei sabendo que ela morrera durante a

noite". Há numerosos relatos de centenas de religiões do mundo que são considerados

milagre. Por exemplo, uma lenda conta que, há cerca de 2 mil anos, um pregador judeu

itinerante chamado Jesus estava em uma festa de casamento quando o vinho acabou. Ele pediu

água e usou seus poderes milagrosos para transformá-la em vinho — um vinho excelente, diz a

história. Pessoas que ririam da ideia de que uma abóbora pode se transformar em carruagem e

que sabem perfeitamente que lenços não viram coelhos, acreditam que um profeta transformou

água em vinho ou, como creem devotos de outra religião, voou para o céu em um cavalo

alado.

Boato, coincidência e histórias que vão sendo aumentadas

Em geral, quando ouvimos um relato sobre milagre, ele não vem de uma testemunha

ocular, mas de alguém que ouviu outra pessoa contar, que ouviu de outro alguém, que por sua

vez ouviu do primo da sogra da irmã... E qualquer história que passe de boca em boca acaba

sendo deturpada. Muitas vezes, a fonte original é um boato que começou a se espalhar tempos

atrás e foi sendo recontado até ficar tão distorcido que é quase impossível adivinhar que

evento real lhe deu origem — se é que houve um evento real original.

Após a morte de alguém famoso, seja herói ou vilão, quase sempre histórias de que essa

pessoa foi vista viva começam a correr o mundo. Foi assim com Elvis Presley, Marilyn

Monroe e até Adolf Hitler. É difícil saber por que as pessoas gostam de passar adiante tais

boatos quando os ouvem, mas o fato é que gostam, e essa é boa parte da razão porque os

boatos se espalham. Vejamos um exemplo recente de como um boato assim começa a se

A Magia da RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora