P.O.V. Maya Ford
- E cinco, seis, sete, oito... - Ouvi Daisy, minha amiga e coreógrafa falar pela milionésima vez no dia. Repetindo os passos da coreografia que abriria os shows da turnê. Tinha que sair perfeita, já que o início eram apenas algumas batidas e a coreografia. Eu não cantava nessa parte, então os olhares de todo mundo estavam em mim e nas minhas dançarinas. - Maya. - Continuei tentando colocar todos os passos no ritmo, mas Daisy continuava me chamando. - Maya. Maya. - Ela se virou para os outros dançarinos. - Ok, pessoal. Uma pausa de 5 minutinhos, que tal?
Deitei no chão da sala, enquanto tentava fazer com que a minha respiração voltasse ao normal, e Daisy sentou do meu lado. - O que aconteceu? - Ela disse, enquanto me dava uma garrafinha de água.
Não respondi.
- Brigou com o Justin. De novo. É sempre assim. Você briga com esse garoto e os dias seguintes de ensaios e estúdio nunca dão certo. O mesmo motivo de todas as brigas anteriores?
Assenti, enquanto me sentava e abria a garrafinha d'água.
- Sim. - Nós ficamos em silêncio por poucos segundos, e achei que seria melhor falar. - Ele ainda cisma com toda essa história de turnê. E eu meio que fico com um pé atrás por causa de toda essa coisa de faculdade de Engenharia que ele tanto fala que vai fazer. - Virei metade da garrafa.
- Ai, Maya. - Daisy disse, arrumando o boné sobre os cabelos castanhos. - Eu não sei o que te dizer.
Suspirei.
- Olha... Eu meio que entendo o quanto tudo isso de Engenharia é importante para ele e para a família dele. Mas ele não consegue entender que eu tenho os meus fãs, que há pessoas lá fora e que eu não posso decepcioná-las de jeito nenhum. Ele não consegue entender que, se ele errar, as pessoas vão compreender e ele vai poder contornar a situação. Mas se eu errar, vai todo mundo apontar para mim, falar uma meia dúzia de coisas e no dia seguinte eu vou estar em sites de fofoca do mundo inteiro.
Daisy comprimiu os lábios.
- Você já tentou falar com ele?
- Até levar ele pra turnê comigo eu já tentei. Mas me ouvir que é bom nada.
Ela pareceu pensar no que dizer.
- Quando foi isso?
- Ontem à noite.
- Você vai atrás dele?
- Eu não. Eu tentei. Ontem ele disse que nós vamos ter destinos diferentes. Se ele estava com tanto medo assim de nós acabarmos nos afastando, ele que venha atrás de mim.
- Isso se chama orgulho. - Daisy disse, levantando do chão e dando a mão para eu levantar também.
- Não se chama, não. - Peguei na mão dela, e ela me puxou. - Mas estorei o limite do plano de dados da trouxisse.Eu não achei que ele fosse correr atrás, mas ele correu. Umas três horas depois, quando estava todo mundo prestes a ir embora, Justin apareceu. Com uma caixa de bombons na mão e uma carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança, ele estava parado na frente do estúdio, encostado no carro.
Saí junto com Daisy, as meninas Emily, Louise, e Danielle, que eram as minhas dançarinas, vinham logo atrás.
Quando parei na frente dele, ele só disse:
- Eu ia te trazer um buquê de flores, mas lembrei que você não gosta desse "mimimi" todo e que é minha melhor amiga, e não minha namorada. Então eu passei na sua doceria preferida trouxe isso daqui. - Era o meu tipo de chocolate preferido. Meio amargo e orgânico. O que? É o melhor chocolate existente na face da Terra.
Eu ri. Ele havia acertado. Ele sempre acertava.
- Justin... - Eu realmente não sabia o que dizer, então ele facilitou o processo.
- Eu pensei da gente dar uma volta, conversar, essas coisas...
Me virei para Daisy. Nós e as meninas havíamos combinado de sair daqui direto para o Mc Donald's.
- Relaxa. - Daisy disse. - A gente perdoa.
Ela destravou o carro dela. Dei tchau para as garotas e Justin abriu a porta do passageiro do carro dele. Ele tinha essas manias de ficar fazendo cavalheirismo quando fazia merda e queria que eu perdoasse ele. Quando tava tudo bem eu mesma abria a porta e a gente passava o resto do caminho cantando uma música qualquer. E quando não estava, eu batia o pé e ia pra casa de táxi.
Vi a luz de um flash, vindo do outro lado da rua. Joguei a bolsa de qualquer jeito no banco de trás e peguei a caixa de bombons da mão dele, enquanto sentava no banco.
Ele fechou a porta e deu a volta no carro. Enquanto isso, eu abria a caixa de bombons.
- Eu não sei como você gosta disso. - Ele disse, enquanto colocava o cinto de segurança.
- Diz isso, mas se eu deixar, come a caixa de bombons inteira. - Ofereci a ele, que pegou um.
- Starbucks?
- O mais afastado do centro da cidade possível.Nós não conseguimos achar um Starbucks que estivesse vazio e que eu pudesse entrar e ter uma conversa com Justin como se fosse uma coisa normal. O que, realmente, não era. Nós nunca saíamos, pra falar a verdade. Tudo para evitar clicks indesejados e paparazzis com perguntas desnecessárias. Nós sempre fazíamos nossos pedidos para viagem.
Então paramos em uma cafeteria simples mesmo e pegamos uma mesa de canto.
- O que vão querer? - Disse a garçonete. O bordado no uniforme dizia "Sandy".
- Dois capuccinos, por favor. - Justin disse.
Ela saiu para fazer nossos pedidos e Justin se virou para mim.
- É estranho sair em público com você. Eu tenho a impressão de que a qualquer momento nós vamos ser atacados por meia dúzia de fãs ou uma avalanche de paparazzis vai estar nos esperando do lado de fora.
Eu ri.
- Acho que por aqui vai ficar tudo bem.
Ele suspirou.
- Quero te pedir desculpas. - Ele fez uma pausa. - Por... ontem à noite.
Observei o lado de fora da cafeteria.
Nós estavamos no verão, mas hoje particularmente, o dia estava frio. O céu nublado e com cara de que ia chover.
- Eu só... - Comecei. - Estou cansada de brigar com você por algo que não tem volta. Não vou cancelar minha primeira turnê. Ela é tão importante para mim. Eu estou ansiosa, meus fãs estão ansiosos. Vai ser a minha primeira experiência em viajar pelo mundo, para subir em um palco e fazer a alegria de centenas de pessoas. Eu só queria que você entendesse o quanto que ela é importante para mim. Eu sei o quanto a faculdade é importante pra você a sua família, Justin.
- Eu sei o quanto isso é importante para você, May. Mas continuo achando que isso vai nos afastar.
- É óbvio que isso vai acontecer, Justin. Você vai estar preso à uma faculdade e eu à uma turnê. Nós vamos ter que nos afastar para que os dois dêem certo. Vou passar 2 anos fora. E quando voltar, sua faculdade ainda vai estar pela metade. E aí vai ser um meio tempo para eu descansar e trabalhar em outro album, para depois sair em outra turnê. É um ciclo. E eu não vejo nada de ruim nele.
- Mas eu vejo, May. E nossa amizade?
- Eu vou ter alguns dias ou semanas de folga, não sei direito. Nós vamos conseguir nos ver. Só falta você querer, Bieber.
Sandy voltou com nossos pedidos, e pûs a mão em volta do copo, para esquentar.
- Como ela vai funcionar? - Justin perguntou.
- O quê?
- A turnê. Como que ela vai ser?
- Incrível. - Sorri.Depois de explicar tudo, nos mínimos detalhes, para Justin como a turnê funcionaria, para ver se ela conseguia enxergar o lado mágico de tudo aquilo, Justin pagou a conta e fomos pra casa.
Enquanto esperávamos o portão do meu condomínio abrir, me virei para ele.
- E você? Não vai continuar morando com os seus pais agora que entrou na faculdade, vai?
Ele riu.
- Não, não. Pra falar a verdade, vou morar no campus pelo primeiro ano. É obrigatório. Pra depois, to pensando em dar entrada num apartamento perto da faculdade, mesmo. - Ele entrou com o carro no condomínio e dirigiu até a frente da minha casa, estacionando.
- E a sua mãe?
- Dona Patrícia quer me matar, né? Quer ver o filho embaixo da asa dela. Perguntou de você outro dia.
- Prometo que vou ver ela essa semana.
Meu telefone começou a tocar. Olhei a tela do celular. Scooter.
- Quem é? - Justin perguntou.
- Trabalho.
- Precisa atender?
- Você conhece o Scooter.
- Nos falamos amanhã?
Assenti, e ele me deu um beijo na bochecha.
Desci do carro e parei na calçada, em frente de casa.
- Oi, Scooter. - Atendi o celular enquanto observava o Justin manobrar o carro. - É, acabei de chegar.
Observei o carro de Justin parar no portão do condomínio, enquanto o mesmo abria. Fiquei no mesmo lugar por mais alguns segundos, até o carro de Justin sumir da minha visão.
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Rock Bottom // j.b · short-fic
FanfictionNós éramos melhores amigos. Todo mundo sabia disso. Mas todo mundo passa por aquela fase na vida em que temos que fazer escolhas difíceis. Eu estava numa fase tão boa em minha vida, e Justin estava prestes a entrar para a empresa de seu pai, algo q...