Capítulo III

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P.O.V. Maya Ford

Durante algumas semanas, Justin se tornou parte da minha rotina. Quando não estava no estúdio, ou ensaiando alguma coisa, eu estava com Justin. Seja se tínhamos saído para comer ou estávamos na minha casa mesmo. Os ânimos haviam se acalmado, não havíamos mais brigado por causa da faculdade ou da turnê. Talvez uma discussão ou outra, admito, mas brigas mais sérias haviam desaparecido. A questão, é que, outra coisa havia entrado no meio disso tudo, e eu tinha medo que isso realmente acabasse nos afastando.
Em um desses dias que havíamos resolvido ficar em casa, resolvemos assistir um filme. Cismei que iríamos assistir "Valente" ou então não assistiríamos filme nenhum. Justin não ficou bravo, pelo contrário, pra falar a verdade, ele ficou rindo como se eu tivesse algum problema mental e aceitou assistir o filme comigo.
- Coloca o filme aí que eu vou fazer a pipoca. - Eu disse a Justin, enquanto levantava do sofá e ía até a cozinha. Separei o milho da pipoca e coloquei dentro da panela, junto com o óleo. Mexi por poucos minutos até a pipoca começar a estourar, e tampei a panela. Enquanto a pipoca ficava pronta, pûs refrigerante em dois copos. Em seguida, coloquei a pipoca dentro de uma vasilha grande. Justin parou na porta da cozinha, encostado no batente da porta. Entreguei a vasilha para ele, e peguei os copos, enquanto levava para a sala e Justin me seguia. Ele já havia colocado o filme no Netflix. Me joguei num sofá e ele jogou no outro. Ficamos nisso por uma hora e meia, até o filme acabar. Quando olhei para Justin, ele dormia. Acho que fiquei encarando ele por poucos segundos, apenas o observando. Parecia um anjo. Fui até meu quarto, pegando um cobertor e voltando à sala, cobrindo o garoto.
Nesse momento, meu celular havia começado a tocar. Enquanto o atendia, subi para o meu quarto, para não acabar fazer barulho e acordando Justin.
- Hey. - Eu disse, quando atendi.
- Oi. Onde está? - Era Scooter.
- Em casa, algum problema?
- Não, não. Liguei só para avisar que temos mais um show de ingressos esgotados. Parece que essa sua turnê vai ser um sucesso, hein srta. Ford?
Nós rimos.
- Assim espero. - Suspirei. - Estúdio amanhã?
- Quanto à parte musical, não. Mas se tiver alguma coisa das coreografias ainda para decorar, melhor ligar para a Daisy.
- Ok, ok. Yael?
- Está terminando de se arrumar. Vamos sair daqui a pouco. Vou deixar o Jagger com os avós.
- Eu sinto pena deles. Teu filho parece que é ligado no 220. - Brinquei, e ele gargalhou. - Mas como diria minha mãe: "Pelo menos tem saúde."
- Graças a Deus. Tenho que desligar. Yael está pronta. Se tiver algum problema...
- Eu te ligo.
Desliguei a chamada. Eu estava na varanda de meu quarto. Era final de tarde. O pôr do sol estava lindo, e eu devo me perdido nele por alguns segundos. Isso até Justin aparecer. O garoto me abraçou por trás, ele estava envolto no cobertor.
- Dormi por muito tempo? - Ele perguntou. A voz rouca e a cara de sono.
- O filme acabou tem uns 15 minutos.
Ele apontou para o telefone.
- Trabalho?
- Sim, mas notícias boas. A turnê está bombando. O problema é que tudo isso me deixa nervosa. Vai ser tanta gente. Eu não quero decepcionar ninguém.
Ele apoiou o queixo no meu ombro, e me abraçou mais forte ainda.
- Você vai me abandonar...
Minha mão direita foi para sua nuca, e fiz um carinho ali.
- Você sabe que não.
- Você sabe que sim. - Ele rebateu.
- Seria necessário que uma coisa muito grave acabasse mos afastando. Mas nada vai acontecer.
- Como você pode saber disso?
- Porque? Está escondendo alguma coisa de mim? Você faz parte de alguma máfia? Gangue? Trafica drogas pelo mundo inteiro?
Ele riu. Os olhos castanhos do garoto pareciam bem mais claros, mesmo com a baixa claridade do pôr-do-sol.
- É claro que não, May. Mas a gente nunca tem certeza de nada.
Ficamos em silêncio por minutos. Minutos que pareciam dias, semanas, meses e anos. Até Justin se manifestar e eu sentir meu coração acelerar.
- Eu amo você.
Ele havia afastado o meu cabelo da nuca, e meio que "escondia" o rosto ali.
Passei minhas mãos sobre seus braços, cobertos de tatuagens, que envolviam minha cintura.
- Eu também te amo, Biebs.
Ele suspirou.
A sensação quente de sua respiração em minha nuca me fez arrepiar.
- Não. Eu não amo você do jeito que você me ama. Eu realmente amo você. Como mais que amigos. Como homem e mulher.
Eu não sabia o que dizer. Eu sentia como se meu estômago fosse criar vida própria e sair pulando por aí.
Continuei fazendo carinho em seus braços, observando cada traço de suas tatuagens.
- É por isso? É por isso que cisma tanto com a minha turnê? Porque não quer me ver longe? Porque me ama?
Ele murmurou um "uhum".
Me virei para ele, encarando-o. Ele ainda havia seus braços em volta da minha cintura, e mantia o olhar baixo.
Passei meus braços em volta de seu pescoço, abraçando-o.
- Sabe que não amo você desse jeito... - Eu disse, baixinho. - Mas isso não significa que irei me afastar de você. Vou continuar do seu lado, ok? Estarei sempre aqui.
- Achei que iria se afastar de mim. - Ele murmurou. - Foi por isso que eu não disse antes.
- Isso é estupidez. As pessoas vivem desejando serem amadas, e quando encontram alguém que a amam, elas fogem. Isso realmente é estupidez. - Fiz uma pausa. - Estarei sempre aqui, Bieber.
Ele meio que desfez nosso abraço, e me encarou. Ficamos nisso por poucos segundos.
- Acho... acho melhor eu ir embora. - Ele disse, se soltando de mim.
Eu realmente não estava o entendendo. Primeiro ele diz que me ama, e depois que vai embora?
- Como assim? Você ia dormir aqui. E eu disse que vou continuar do seu lado, que não vou mudar. Não há motivos para querer ir embora.
- May. Talvez... talvez eu não devesse ter te contado.
- Mas Justin...
- Você mesma acabou de me dizer que não me ama desse jeito. Que não me ama como eu te amo. Acho que eu ficar aqui, como você me tratando toda fofinha, sendo que vai entrar em uma turnê em poucas semanas não vai ser uma coisa muito boa.
- Mas Justin... Olha o que você acabou de me dizer!
- Eu sei, eu sei. E sei também que me apeguei muito a você. E que vou acabar sofrendo por ter você longe de mim. Mas vai ser o melhor para nós.
- Eu realmente não to te entendendo... - Eu rebati, me aproximando dele. - Você, que lutou tanto para que não nos afastássemos, está fazendo isso agora! Você... você não pode, simplesmente, jogar uma bomba no meu colo e sair correndo!
- Estou fazendo isso agora porque eu não havia percebido que eu iria acabar sofrendo por ter você longe, de uma maneira ou de outra.
- Justin, faltam poucos dias para o início da turnê. Não faz isso agora.
Ele me encarou, e abriu a boca como se estivesse prestes a dizer algo, mas acabou desistindo.
- Justin. Eu não quero que você vá.
- Eu também não quero que você vá, May. Mas é a sua vida, e às vezes, temos que abrir mão de algumas coisas.
- Está abrindo mão de mim? - Perguntei.
- Não. Estou abrindo mão do meu amor por você para que consiga realizar seus sonhos.

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