Capítulo IV

145 9 2
                                    

P.O.V. Maya Ford

Depois do acontecido, eu raramente conversei com Justin. Eu até tentei, mas ele ficou se esquivando e fugindo da situação, algo que me matava internamente, mas mesmo assim, não consegui fazer nada.
O problema é que tudo isso estava realmente me preocupando, muito mesmo. Daqui algumas horas, eu teria que viajar de Los Angeles, onde estou agora, para Seattle, em Washington, para o primeiro show da Love Myself World Tour. E eu realmente não queria viajar sem falar com ele.
- Está ansiosa? - Scooter me perguntou.
- Oi? - Me virei para ele. Eu encarava a janela do estúdio. Era bem cedo, manhã de sábado (que maravilha). Eu daria tudo para ter ficado mais umas horinhas na cama.
- O show. É daqui 2 dias. Está ansiosa?
- Ahn... Sim. Bastante. Por mais que nós tenhamos ensaiado muito, eu não faço ideia de como será.
- Vai ser incrível, tenha certeza. Seus fãs estão super ansiosos, a ponto de irem à loucura. Tem sido um dos principais assuntos da mídia. Está todo mundo esperando por isto.
- Isso só me deixa mais nervosa.
- Você vai se sair bem. - Ele deu um sorriso amigável, que retribui.
Fiquei mais algumas horas terminado algumas coisas no estúdio, apenas para não deixar nada pendente, até porque estava entrando em turnê. Alfredo se virou para mim.
- Parece que já terminamos a maioria das coisas aqui. Nós vamos sair para comer alguma coisa. Vem com a gente?
Dei um sorriso tímido.
- Não. Vou dar uma passada em casa para terminar de organizar umas coisas. - Me virei para Scooter. - Vejo vocês mais tarde?
Ele assentiu.
- Claro. O vôo é às 16:30. Sem atrasos, srta. Ford.
Peguei minha bolsa e saí do estúdio, passando no Starbucks e comprando um frappuccino e indo direto para casa.
- Mãe, cheguei! - Eu disse, batendo a porta de casa. Encontrei minha mãe na cozinha, conversando com a nossa empregada, Rose.
- Ah, oi querida. Estava justamente falando de você.
- Oi, mãe. Oi, Rose.
- Bom dia, srta. Maya.
- Foi para o estúdio cedo, hoje. - Minha mãe comentou.
- Estava apenas terminando algumas coisas. - Eu disse, abrindo a geladeira e não encontrando nada que realmente me agradasse. - Scooter me pediu. Meu vôo sai às 16:30, hoje.
- Mal acredito que vai passar tanto tempo fora.
- É apenas um pouco mais de 1 ano, mãe.
- Mesmo assim. Sinto que quando voltar, já vai estar uma mulher criada. Me sinto velha.
- Besteira. - Dei de ombros.
- Justin passou aqui. - A encarei. - Estão brigados?
- Mais ou menos.
- Ele deixou algo pra você no seu quarto. - Assenti, terminando de tomar o frapuccino e jogando o copo no lixo.
- Vou terminar de arrumar umas coisas antes de sair. Qualquer coisa é só gritar. - Eu disse, dando um beijo na bochecha dela e saindo da cozinha.
Abri a porta do quarto, enquanto desbloqueava o celular e via as notificações. Twitter, Instagram, Facebook. Levantei o olhar da tela do celular para a minha cama. Um ursinho de pelúcia. Então era isso que o Bieber havia trazido para mim? Ele não era tão grande, e era bege. Um ursinho "tradicional", vamos dizer assim. Mesmo assim, eu havia amado o presente. Junto com a pelúcia, um bilhete.
"Sei que fui um babaca e não devia ter te contado porque os riscos de acabar estragando a nossa amizade eram bem grandes. E eu ainda não sei se acabei estragando tudo ou não. Porém, por via das dúvidas, você ainda é minha melhor amiga. Não poderia deixar você ir embora assim. Boa sorte com a turnê. Você sabe que eu te amo. E por via das duvidas part. 2:
Com amor,
Justin."
Era a cara do Justin fazer isso. Pûs o bilhete em cima do criado-mudo e tirei as botas que usava, me jogando na cama e abraçando o ursinho. Tirei o celular do bolso e olhei a hora. 10:37. Acho que dá tempo de tirar um cochilo até o horário do vôo. Programei um alarme para 14:30. Em seguida, coloquei o celular no criado-mudo, enquanto encaixava o ursinho de pelúcia nos meus braços e caía no sono.

- Oh, May. - Disse minha mãe, enquanto eu terminava de arrumar minha mala. Ela estava quase chorando.
- Mãe, você sabe que poderia muito bem ir comigo. Há espaço para você nessa turnê.
- Não, é tão simples assim, querida. - Peguei o ursinho que Justin havia me dado. Não queria que fosse na mala. Ele chegaria em Washington todo amassado. - É a sua primeira turnê. Quero que seja um momento seu. Não quero que tenha nenhum "compromisso" comigo. Você já está bem grandinha pra eu ficar em cima de você.
- Você pode ir se quiser, mãe.
- Eu iria se você fosse mais nova, May. Mas quero que esteja relaxada. É um momento seu. Não devendo nada a ninguém.
- Eu já sou assim, mãe. Faço o que gosto e recebo muito bem por isso. Sem falar no amor dos meus fãs, que acho que nunca vou conseguir retribuir.
- Você foi um amor de pessoa baixando os preços do Meet&Great.
- Porquê não posso deixar de graça, né? Mas ao mesmo tempo acho um absurdo ter que receber para abraçar uma pessoa que sempre faz tudo por mim.
- Você os ama, não é? - Minha mãe disse. Sorri.
- Sem eles, nada disso seria possível.
Fechei a mala, colocando-a no chão. Olhei a hora no relógio de pulso. 15:45.
- Não vai comer nada antes de ir? - Minha mãe perguntou, passando a mão em meus cabelos castanhos.
- Não estou com fome agora. Talvez eu coma alguma besteira no aeroporto.
- Você tem que parar com essa mania de ficar comendo porcaria, May.
- Mãe, você sabe que isso não vai acontecer.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto eu terminava de arrumar algumas coisas no quarto.
- E o Justin? Sabe que você está indo?
- Sim, sabe.
- Você ligou para ele?
- Não. Vou tentar ligar para ele quando chegar no aeroporto. Mas também não quero atrapalhar. Acho que as aulas da faculdade dele começaram ontem.
- Eu conversei com ele, quando esteve aqui mais cedo. Eu me surpreendi. Nunca vi aquele garoto acordar tão cedo.
- Justin está se tornando um homem responsável. Ele tem ido direto pra empresa do pai dele. E agora com a faculdade, mais ainda. - Me virei para ela, sentando na ponta da cama. - Me sinto como uma menininha com medo de perder o melhor amigo.
Minha mãe sorriu.
- Não é nada disso, Maya. Estão tomando caminhos diferentes. E o caminho do Justin requer responsabilidade. O seu requer esforço. E responsabilidade. É normal.
Suspirei.
- O que conversou com ele? - Perguntei.
- Ele disse que vocês estão afastados um pouco. Mas que tem feito tudo pra estar presente. Por mais que ele não tem facilitado muito.
- Hum...
- O que ele quis dizer com isso?
Passei a mão pelo cabelo escuro.
- Nada, mãe.
Apertei o ursinho entre as minhas mãos, e voltei a colocá-lo sobre a mala.
- Tenho que ir, mãe. Você sabe que o trânsito perto do LAX não é a melhor coisa do mundo.

Rock Bottom // j.b · short-fic Onde histórias criam vida. Descubra agora