Capítulo 4 - Chamei Ela Para Sair

10 0 0
                                    

Após terminar de por um pedaço de carne que sobrara do jantar, em uma vasilha de plástico, para que Damon, o gato, pudesse comer o seu jantar; me deitei na cama e enterrei a cabeça no travesseiro macio. Estava uma noite fria como de costume em Ripercify, meus pés estavam muito gelados então os enfiei por de baixo do edredom. Para minha sorte, o edredom esquentou rápido meus pés, fitei o teto pensando em Samantha. Ela era linda. Eu já dissera isso umas mil vezes em minha cabeça, mas nunca me cansava.
Em meio a pensamentos e sorrisos, tive uma grande ideia sobre aquilo tudo. Eu estava mesmo afim da Sam, e precisava fazer algo a respeito disso. Então, tive a ideia de fazer isso amanhã, na escola. Mas... Será que era cedo demais para aquilo? Eu tinha que conhecer ela melhor? Não. Se eu fosse fazer aquilo, era para conhecê-la melhor. Então a decisão foi tomada. Assim que eu estivesse a sós com ela amanhã no Colégio, eu a chamaria para sair comigo. Um encontro, é isso.
Dei mais um sorriso e depois fechei os olhos, logo a imagem mais bela encheu minha mente, a imagem dela, de Samantha.

°°°
Enquanto Lucas dormia, o felino comia a carne na vasilha pequena. Ao terminar de mastigar, Damon olhou para verificar se Lucas estava mesmo dormindo. E era o que o garoto estava fazendo. O gato então saltou sobre o banco almofadado abaixo da janela e com a pata, tocou o vidro da mesma. Olhando para baixo, a rua estava sendo atingida por pequenos flocos de neve, que iam se acumulando no chão. Damon saiu correndo do quarto, passando pela porta que estava meio aberta. Logo o gato estava na janela da cozinha que estava aberta, então ele pode passar. Saiu para fora da casa e correu para um beco mergulhando na escuridão. Por trás disso, o mistério de para onde o gato ia quando atravessava a escuridão, literalmente.

°°°
O celular despertou às 6:45 da manhã, me despertando de um sono gostoso. A luz fraca pela janela atrapalha minha visão um pouco embaçada, mas logo abro meus olhos totalmente ajustando a visão. Respiro fundo e me levanto da cama, a noite foi carinhosa comigo, pois eu me sentia descansado. Ou é só o fato de eu estar animado para ir pra escola. Meu plano estava montado - chamar Samantha para sair.
Ouço minha mãe gritar meu nome lá em baixo, respondo: - Sim mãe, já acordei!
Tiro a roupa que dormi e vou me olhar no espelho. Estava só de cueca então pude me ver, meu corpo não tão gordo, nem tão magro me parecia mais forte agora. Ou talvez era mais horrível? Arrg. Eu já devia imaginar. Os efeitos de se estar apaixonado era a incerteza constante. Saber se você estava bem ou mal para a pessoa. Reviro os olhos e pego meu uniforme dobrado sobre a cômoda e o visto. Vou ao banheiro e passo algum tempo ajeitando o cabelo para ficar mais atraente. Escovo os dentes e molho o rosto. Depois de fazer minhas higienes desço e encontro minha família inteira a mesa.
- Bom dia Luquinha, você demorou lá em cima. - disse minha mãe com um leve sorriso, ela me encara e arqueia uma sobrancelha. - Você ta bonito, filho. Mais que o normal.
Nao consigo esconder, dou um sorriso de satisfação e fico um pouco corado.
- Tá todo produzido para que, Lucas? - Leo me faz a pergunta como quem quer me zoar. O ignoro e me sento.
- bom dia também, pai e mãe.
Meu pai estava concentrado no seu jornal quando ele me ouve e me olha.
- Ah. Bom dia filhão. Tá bonito hoje!
Leo da risada e eu o encaro sério. Ele continua rindo sem se incomodar com meu olhar. Bufo e começo a comer.

Bom, se minha mãe e meu pai me acharam bonito, talvez a Sam também ache. Sorrio. Eu estava no carro com meu pai, ele para em frente à escola e me olha, retribuo seu olhar, um pouco confuso.
- Que foi? - pergunto.
- Qual é a garota?
Fico constrangido.
- Qual é pai. Por que a pergunta?
- Por que o visual? - ele começa a sorrir e olhar pelo vidro do carro tentando achar alguém. - é aquela morena ali? Bonita.
- Não! Pai. Não é ela. Ela nem tá aqui.
- Então tá onde?
- Não sei, talvez ela não tenha chegado ainda. Ela vem de ônibus.
- Hm. Beleza, vai lá filhão. Depois da aula a gente se vê.
- Vê se não vai desaparecer com a mamãe hoje de novo. - digo descendo do carro.
Meu pai buzina enquanto vai deixando o acostamento e sai pela estrada. Sorria acenando para o carro e vou para a escola.
Assim que entro, vejo o garoto que esbarrou em mim ontem. Franzo o cenho e o observo. Ele era alto, tinha os cabelos escuros e os olhos também. O olhar era penetrante, não sei o que era, mas eu sentia algo com aquele olhar. Era medo, ele me parecia um valentão. Eu tive medo de sofrer bullying nessa hora. Mas os olhos se desviaram, voltando a atenção para o seu grupinho. Todos ali eram rapazes, talvez do terceiro ano.
Chego no meu armário e o abro, olho o horário que eu colei na porta do armário e pego o livro referente a primeira aula que eu teria, Química.
Vou andando na direção da sala de Química e passando perto dos garotos, consigo escutar um pouco de suas conversas. O garoto misterioso falava algo que me causou arrepios: "ele parece um Zé mané, todo mitidinho só porque veio daquele país onde as gatas são muito gostosas". Então ele sabia que eu vim do Brasil. Como? Mas ouço outra coisa de outra pessoa ali: "relaxa cara, a Sam só tá mostrando o colégio pra ele. É o que ela faz. Eu não me importo". Fico confuso com o que ele disse. Por que ele se importaria com algo sobre a Samantha? Mas agora eu estava longe demais pra ouvir o restante da conversa. Fico grilado com o que ouvi dos garotos. Estranho.

Samantha me encontra no meio do caminho para a sala de aula, por coincidência ela teria a primeira aula de Química também. Fomos juntos, e nesse meio tempo eu ensaiei na minha cabeça em como chamá-la para sair.
- Err... Samantha, digo, Sam... - ela para de andar e me olha com um meio sorriso. Talvez ela estivesse me achando um bobo. - eu tava pensando, sei lá, se, por um acaso... Ah... Você quer comer alguma coisa hoje mais tarde? Comigo. É. Comigo?
Ela ri e me olha com uma cara de anjo que caiu do céu. Meu coração acelera.
- Claro, por que não? Já que você é novo aqui, eu podia te mostrar um ótimo lugar onde fazem um cachorro-quente delicioso.
- Beleza, então as cinco da tarde?
- Uhum. - ela sorri e me faz perder o ar. Mas ela logo se adianta e entra na sala de aula, consigo recuperar o fôlego e vou logo atrás.

Depois do primeiro tempo, eu estava no refeitório sentado à uma mesa sozinho. Eu comia o lanche do dia, que não era muito agradável. Fito a caixinha de suco sobre a mesa e meu pensamento vai até hoje cedo, com os garotos falando sobre Samantha e eu, era óbvio que falavam de mim. Acho que até vi uns olhares tortos na minha direção. Mas o que mais me intrigava, era o fato daquele garoto ter alguma coisa a ver com a Sam. Provavelmente eu estava com ciúmes.
De repente um alvoroço na porta do refeitório, algumas pessoas comentavam algo em cochichos enquanto um garoto, o mesmo que eu acabei de pensar, vinha em minha direção. Não deixo de notar que Samantha vinha atrás dele.
- Não, por favor Jack, eu já disse pra deixar pra lá. - ela parecia preocupada e logo seu olhar aflito encontra o meu.
- Ei, você! - dizia o tal Jack quando já chegava até mim. - Quem você pensa que é pra chamar a minha namorada pra sair? Tá querendo apanhar é novato?

A minha feição era de confuso, o que eu acabei de ouvir? Esse cara era o namorado dela? A Samantha tinha um namorado, pelo que ele disse.

Gato RajadoOnde histórias criam vida. Descubra agora