Gato Rajado

Capítulo 7 - Starchute

Então Jase me estendeu a mão para que eu pudesse me levantar. Puxo sua mão e me levanto.

- Por um momento pensei que fosse me bater... - falo repentinamente. Ele ri.

- Eu não sou um valentão. - ele se defende. - Eu pareço um valentão, Luke?

Luke? Essa era nova. Desde quando esse projeto de músculos tem intimidade comigo? Ajeito minhas roupas e o olho, por um instante, me perco em seus olhos escuros, com seu ar de misteriosos. Ele percebeu que eu o fitei e então abriu um leve sorriso de canto.

- Soube que o Jack te pediu desculpas e te chamou pra sair com a gente... - disse ele me olhando. - Você vai?

O encarei por um tempo com a cara de quem diz "sério?" e logo falei:

- Eu já tenho compromisso... Vou sair com meu irmão mais velho.

- Poxa, que pena. Seria legal. - falou com uma cara de meio tristeza que me fez duvidar de certas coisas. - Bom, a gente se vê, brasileiro.

Logo ele saiu andando, e as pessoas já não me olhavam mais. Suspiro e vou até meu armário novamente, mas o sinal logo toca. Então para não me atrasar muito, pego o livro e corro pra próxima aula.

Naquela noite tudo mudaria, minha vida estava prestes a sofrer uma grave mutação quase genética. Encontrei Damon dormindo no parapeito da janela do meu quarto, o felino era tão fofo dormindo que tive pena de acordá-lo. Passei a mão em seu pelo macio e alguns fios ficaram na minha palma, me desfaço dos pelos e quando olho para o gato, ele já estava desperto.

- Ei, Damon, tá com fome amigão? - perguntei ao gato e me levantei indo até a cozinha, pegando no armário um pacote de ração que meu pai havia comprado.

- Pronto para uma noite louca, maninho?

Me assustei com aquilo, e ao me virar vejo que era Leo. O mesmo trajava uma camisa social, calças jeans e calçava tênis da moda.

- Mas você não disse que era agora... - falei em minha defesa, afinal eu não estava nada pronto para sair.

- Ah, vai lá se arrumar logo antes que eu mude de ideia. - disse Leo nada amigável dessa vez.

Era estranho que repentinamente o Leonardo estava sendo legal comigo, tinha algo nisso.
Subi para meu quarto e me troquei rapidamente, para não atiçar a fúria do irmão chato. Vesti uma camiseta com estampa aleatória, uma calça jeans escura e tênis esportivo. Ajeito o cabelo curto na cabeça e passo umas lufadas de perfume amadeirado. Desço imediatamente, vendo Leo mexendo no celular com um sorriso no rosto. Quando ele me percebe seu sorriso some, mas então volta ao seu rosto de um jeito mais brincalhão quando ele fala:

- Olha, tá garanhão, hein.

Pela primeira vez em anos, dou risada de algo que ele diz. Certamente ele estava diferente. Após avisarmos meus pais e Leo pegar a chaves com meu pai, vamos para o carro.

- Para onde a gente vai, Leo? - pergunto já entrando no carro e olhando para ele do outro lado.

- Numa lanchonete bacana. Não se preocupa, não vou te levar pra uma night muito louca. - diz ele rindo e entrando também.

Já chegávamos no local quando consigo ver o nome da lanchonete brilhando com luzes azuis e vermelhas STARCHUTE, um belo letreiro. E o pior lugar. Tinha que ser ali? A lanchonete em que Samantha, Jack e Jase iriam e que eu disse não a eles. Pelo menos eu não menti, eu sai com Leo.

Após ele deixar o carro no estacionamento, nos direcionávamos para dentro da lanchonete, e logo da entrada já consigo ver eles três sentados em uma mesa. Samantha estava linda, diga-se de passagem. Usava um colete magenta sobre uma blusinha branca. Seu cabelo solto me chamava bastante atenção. Mas não tanto quanto o cara ao seu lado. Jack me encarava com um olhar penetrante, após olhar a beleza de Sam, pude fitá-lo também. Então ele levantou a mão e acenou, e nesse momento os olhos de Samantha encontraram os meus, ela sorriu, eu não retribuí.