A Secretária

Capítulo 4/ Amanda

Depois do desastre que foi a minha última conversa com a Adriana, decidi ficar mais na minha.
Até que, começou a surgir uma fofoca no escritório de que o marido dela estava viajando a trabalho.
Eles tinham se conhecido na faculdade, mas ele nunca havia se formado em advocacia. Aparentemente ele trabalhava como modelo, então estava sempre viajando.
Claro que aproveitei pra dar uma de stalkear, e realmente, o marido dela era gato. Ele não postava muito coisa deles juntos, mas o pouco de foto que tinha, já dava pra ver que eles eram bem apaixonados um pelo outro, a troca de olhar, como ele segurava na cintura dela...

Todo mundo falava que a Adriana já era estressada por natureza e quando o marido dela viajava, ela ficava muito pior.
Aquilo parecia uma ótima oportunidade para mim.

Já era tarde, e como de costume fiquei fazendo um pouquinho de hora no escritório, ainda na tentativa de tentar me aproximar dela.

Assim que entramos no elevador, as luzes piscam por um momento e o elevador para.
A energia havia acabado bem na hora que íamos descendo pra garagem.

— Isso só pode ser brincadeira. — Adriana diz em voz alta.

Ela olha no celular e continua reclamando. — Sem bateria. Que ótimo.

— Acho que você deveria relaxar. Só um pouco, pra variar. — Falo da forma mais divertida possível. — Pelo menos uma vez na vida.

Ela me olho de canto de olho.
5 minutos trancada ali dentro e eu já estava me sentindo sufocada, mas não adiantaria de nada reclamar.
Como de costume, minha blusa social já estava desabotada.
Meu coque, ainda estava bem no topo da cabeça, só que não tão alinhado como sempre. O solto num movimento rápido. 

Sem me preocupar, tiro meus saltos e fico com os pés a mostra. As unhas vermelhas ficavam em contraste com minha pele clara. Eu sempre deixava as unhas pintadas de vermelho, achava que combinava muito comigo.

— Sabe, as vezes eu te invejo.

— Ah, então só porque estamos presas no elevador  voltamos a ser amigas novamente?

— No fundo, eu sinto falta de ser livre assim. Nem parece que eu só tenho alguns anos a mais do que você. Você é  toda livre e eu parecendo uma velha, bem sucedida e infeliz.

— Sabe, você não deveria falar assim de si mesma. Eu te acho incrível.

— Você está certa. — Ela concorda comigo.

Adriana tira o blazer e o joga no chão do elevador.

— Talvez demore um tempo até que alguem nos ache aqui. — Ela diz.
E então ela me imita e tiro seus saltos também. Suas unhas também bem feitas, com um esmalte combinando com as unhas das mãos.
Ela sorri satisfeita.

— Sabe doutora Adriana, é bom te ver relaxada assim.

Posso ver seu rosto ruborizar por um momento.

Ela se aproxima de mim, tão perto que posso sentir seu hálito refrescante. E se senta ao meu lado.

Me aproximo mais.

— Sabia que a doutora fica bem mais atraente assim.

Solta seu cabelo que até então estava preso num rabo de cavalo perfeito.
As mechas caem soltas por seus ombros.