Fiquei durante uma semana em casa, só saia para comprar pão, nem mesmo o telefone, eu atendia.
Fiquei elaborando currículos para enviar a algumas revistas e jornais.
Na sexta levantei cedo, abri o jornal e vi um anúncio que chamou-me atenção.
"Precisa-se de Relações Publicas. Enviar currículo com foto para o email : rh@gruposincler.com.br"
Não era necessariamente o que eu procurava, mas o grupo Sincler era multinacional com mais de sessenta filiais no Brasil e Estados Unidos.
Resolvi enviar meu currículo, estava cansada de jornalismo investigativo, vivia na mira de políticos, a quem normalmente eu investigava.
Assim que desliguei o notebook meu celular vibrou, olhei o visor e vi uma mensagem SMS.
1132237894 - Favor comparecer no jornal para assinar exame demissional.
Liguei no RH do jornal e a Elisangela atendeu.
- Lisa, sou eu Andressa. Recebi um SMS, que horas posso assinar a demissão? - Perguntei.
- Oi Dessa, pode vir agora, ja dei baixa na sua carteira - respondeu gentilmente.
- Está bem. Vou me trocar e daqui uns quarenta minutos estarei ai, por favor não deixe ninguém saber que estou indo ai. - Pedi.
- Por mim não saberão, venha tranquila.
Desliguei o telefone, coloquei um jeans e uma blusinha e fui para o jornal.
Assim que entrei no elevador, dei de cara com Vinicius, que me olhou surpreso.
- Resolveu aparecer? - Perguntou sarcástico.
- Vim assinar a demissão e pegar minha carteira - respondi secamente.
- Não faça isso Andressa. Quer que eu implore? Não quero perder você.
- Ja me decidi Vinicius.
- Está sendo infantil, birrenta. Você sabe que está errada - retrucou com raiva.
- Ache o que quiser. Não mudarei de idéia - falei indiferente.
O elevador se abriu, o olhei pela última vez e sai rumo ao RH.
Assinei a demissão, passei pelo médico do jornal, peguei minha carteira e fui embora.
Decidi andar um pouco no parque Ibirapuera, precisa respirar ar puro. Sentia-me triste em sair do emprego. Mesmo que tivesse cinco meses de seguro para receber, não gostava de ficar sem nada para fazer. Enquanto andava, pensava em Otávio que não me visitava a três dias.
Parei em uma banca e vi uma revista.
Comprei para ler, adorava ler sobre a vida social da nata paulistana.
Fui para casa, fiz um café e sentei no sofá, cruzando as pernas.
Abri a revista e fiquei rindo das fofocas. De repente, vi uma foto que chamou minha atenção.
Era Otávio ao lado de uma moça linda, pareciam bem íntimos, a forma como ela o olhava me irritou, então resolvi ler a legenda.
"O defensor público doutor Otávio e sua namorada Luana Ferraz, filha única do deputado Ferraz, comemoram hoje, dois anos de namoro".
Quase desmaiei. Como assim ele namora a dois anos?
Como sou burra, este deputado foi o o mesmo que o indicou ao cargo.
Vinicius tinha razão, minha paixão estava me cegando. O ódio tomou conta de mim, eu estava apaixonada por um idiota mesquinho e cafajeste.
Não conseguia conter o choro. Disquei o número do celular de Otávio, mas desisti. O que eu diria? Não poderia cobrá-lo de nada, não estávamos namorando. Cobraria o que?
A raiva só crescia dentro de mim.
Enviei mensagens para minhas amigas, marcando um barzinho urgente.
Todas responderam rapidamente, pelo jeito eu não era a única que precisava distrair.
Só minhas amigas conseguirião levantar minha moral, depois disso tudo que li.♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥
Duas horas e meia depois, estavamos todas nós nos cumprimentando e sentando numa mesa de bar. Rapidamente chamei o garçom, precisava beber algo.
Sabrina olhava com tristeza, cheguei a esquecer minha dor e me preocupei com ela, nunca a vi tão entristecida. Olhei para Vitória e apontei Sabrina com os olhos, fazendo com que todas a encarassem.
- O que foi? - Pergunta Sabrina.
- Nós queremos saber exatamente isso, dona Sabrina. O que está acontecendo? - Retruquei.
- Gente que isso! Viemos aqui por causa da Andressa - ela tentava sair pela tangente.
- Viemos aqui por causa da Andressa, mas você não está bem e somos amigas, não somos? Então fale logo. - Ordenou Vitória de uma maneira nada amigável. Fazendo careta.
Sabrina baixou a cabeça e suspirou - Peguei uma mancha de batom na cueca do meu marido. - Confidenciou ela nos deixando de cara. Todas nós acreditávamos que eram o casal perfeito.
- Tem certeza disso Sa? - Perguntei embasbacada.
- Sim. Ainda não tive coragem de dizer que sei. Guardei a cueca ainda suja e não consigo tirar isso da cabeça. Vocês acham que devo jogar tudo na cara dele? - Perguntou confusa.
- Não joga na cara dele não. Comece a jogar indiretas e a ser indiferente, saía sem dar satisfação e não o atenda. Deixe ele ficar imaginando e sofrer com isso. Depois quando ele te pressionar, você expõe tudo. - Aconselhou Vitória maléfica. Normalmente eu aconselharia isso, mas estou tão destruída por Otávio, que prefiro me calar.
- Farei isso Vitória. Agora o que acham de ouvirmos a Andressa, afinal, viemos aqui por ela.
- Você estava tão feliz com seu bonitão. O que pode ter acontecido? - Questionou Vitória, enquanto o garçom servia nossos copos com cerveja. Assim que ele se afastou, nos olhamos e brindamos sorrindo.
- Bora afogar as mágoas. É exatamente esse o problema, o bonitão tem namorada e pelo que vi, linda, loira e rica. - Disse virando o copo de uma só vez.
- What? - Perguntou Sabrina em Inglês. Algo que eu costumo fazer quando estou bestificada com algo que ouço. Cheguei a rir, ao ouvi-la imitando-me.
- Olhem isso! - Disse mostrando a revista que tirei da bolsa.
Elas olharam atentamente e fizeram careta como se pensassem "puts, fudeu".
- Amiga! Ela é desgraçadamente linda. Que vaca! - Disse Sabrina, nos fazendo gargalhar.
Ali toda nossa raiva se esvaiu, ficamos rindo loucamente, para não chorar.
De repente meu celular tocou, todas olharam-me. Quando olhei no visor coloquei a mão na boca e apontei para que elas vissem quem estava me ligando.
Todas elas sorriram e sussurrando pediam que eu atendesse, assim o fiz.
- Alô! - Atendi friamente.
- Oi minha gostosa. Saudade de você. Onde você está? - Perguntou Otávio me deixando mole.
- Estou com as garotas, tomando um porre - respondi.
- Hum! Pelo jeito alguém precisa buscar você. Quando for embora me envia o endereço. Não dirija bêbada, por favor - Pediu Otávio, cuidadoso.
- Eu prometo que ligo, beijos - disse despedindo-me, sem que ele percebesse minha raiva.
Desliguei o telefone e as meninas me olharam com caras de apaixonadas, como se estivessem me zuando.
- Pode parar - falei levantando a mão.
- Ah! Que amor!Que preocupado! - Brincou Vitória sorrindo.
- Meninas, deixa isso pra lá, hoje vou curtir vocês e quando eu for embora eu ligo para ele me buscar. Ele vai se arrepender de me fazer de boba. Me aguardem - disse levantando o copo assim que o completei de cerveja novamente. - Saúde amigas.P��|� G
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Como Amar Um Idiota
ChickLitAndressa é uma jovem e competente jornalista, que depois largar de seu ultimo namorado, nunca mias conseguiu se apaixonar por alguém que a fizesse perder o controle, até conhecer Otávio, um defensor público que a deixa confusa. Entre eles não faltar...