Capítulo VII

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Depois do encontro com minhas amigas, fui para casa levemente embriaga.
Abri a porta esbarrando-me no abajur, joguei os sapatos no ar. Cantando uma música que nem sei de onde tirei.
" Meu mundo caiu, e me fez ficar assim" ( Maysa).
Enquanto cantava a estrofe chorando, fui andando e despindo-me por toda a sala. Liguei a TV, deparando-me com um filme começando.
Sentei e foquei no filme. Maldita hora! O filme deixou-me pior ainda. Fico pensando, porque alguém escreve um filme assim. Não é possível tanto amor e tanta tristeza junto.
Como alguém descobre que ama assim? Sinceramente, nunca mais assisto esse PS Te Amo.
Vou pra cama chorando. Pareço até uma atriz mexicana que chora colocando a mão no peito e se preocupa em ficar feia chorando.
Adormeço rapidamente.
Alguém bate freneticamente na porta, ainda tonta vou me debatendo até a sala. Abro a porta bocejando.
- Você está com alguém ai? - Pergunta ele entrando para dentro e olhando por todo lado.
- Alguém aqui? O que você está fazendo aqui Otávio? - Pergunto tentando ficar de olho aberto.
- Precisei vir, ja que não atende meus telefonemas desde ontem. - Respondeu olhando ainda atrás de tudo, vasculhando literalmente minha casa.
- Otávio isso é sério? - Perguntei sem muita paciência.
- Do que está falando? Achei que estava tudo bem entre nós? - Ele falava como se nada tivesse acontecido. Bom, se pensar bem, ele não sabe que eu ja sei tudo.
- Senta ai Otávio. - Pedi sentando-me no sofá.
Ele franziu a testa, mas mesmo assim, sentou-se ao meu lado encarando-me.
- Ja vi que teremos uma DR ( discutir relação). - Falou fazendo careta.
- Otávio não vamos ter DR, até por que, não temos nada sério. E como teríamos se você já está comprometido com a filha do deputado que disse não ter envolvimento nenhum. - Disse o vendo mudar o semblante.
- Como soube? - Perguntou ficando sério.
Levantei-me e fui até a bolsa, peguei a revista e joguei em seu colo.
Ele começou a folhear, até que parou na página que estava sua foto. Baixou a cabeça e suspirou.
- Acho melhor não negar, nem dar desculpas esfarrapadas. Diga a verdade pelo menos uma vez. Eu exijo a verdade afinal, perdi meu emprego por sua causa. - Falei com raiva cruzando os braços de pé em frente a ele.
- Você perdeu o emprego? - Retrucou.
- Não mude de assunto. - Retruquei com mais raiva.
- Desculpe. Sente-se aqui, por favor.
Sentei-me tentando acalmar-me.
- É verdade. Comecei a namorar a filha do deputado ano retrasado. Estava em uma convenção e ela acompanhava o pai. Fui tomar um café e acabamos nos esbarrando. Dali em diante ficamos cada vez mais próximos. Mas, de uns tempos pra cá, caimos na rotina e acabou que conheci alguém que virou meu mundo de pernas para o ar. Parecia estar sendo sincero, meu coração pedia que eu o abraçasse, mas meu cérebro fez com que eu continuasse ali. Séria e irredutível.
- Você não acredita em nada do que estou dizendo, não é mesmo?
- A questão aqui Otávio não é acreditar ou não em algo, mas saber que estamos fazendo algo errado. Esta moça está sendo enganada. Não acho isso uma boa. Nunca quis ficar no meio de uma relação, quero alguém que me ame e não tenha que compartilhar atenção, ou viver me escondendo. - Expliquei.
- Você tem razão. Eu prometo que vou largar dela. Quero ficar com você, por favor, não deixe que isso nos afaste. Estou implorando. - Dizia segurando minha mão.
No fundo, tudo que eu queria era mandá-lo embora, mas não consegui. Acreditei nele.
- Prometo resolver tudo isso. Só me dê alguns dias. - Insistiu, beijando-me. Simplismente, acreditei, entregando-me a ele mais uma vez.
No dia seguinte, quando acordei ele já não estava. Devia ter saído logo que amanheceu.
Levantei, tomei um banho, ainda recordando de seu toque pelo meu corpo e desejando tê-lo só pra mim.
Depois de vestir um short e camiseta, fui fazer café e vi que o pó tinha acabado. Suspirei e peguei a bolsa e a chave do carro.
Dirigi até o Extra mais próximo, comprei o pó, aproveitei a viagem e acabei comprando bolo de laranja e pão de queijo.
Fui para o caixa e alguém cutucou-me. Então olhei pra trás. - João!
- Oi Andressa! Uma hora dessas na rua, não era para estar no jornal? - Perguntou sabendo minha rotina.
- Então. Não estou mais trabalhando no jornal. - Respondi sem graça. -E você não está de jaleco?
- Só vou trabalhar a tarde hoje. Tirei a manhã de folga. O que vai fazer agora?
- Vou pra casa fazer um café. Quer tomar café comigo? - Perguntei querendo uma companhia para conversar.
- Claro. Adoraria. - Respondeu sorrindo.
Eu sorri de volta e arrumei a franja atrás da orelha. Mesmo sendo meu ex, ele ainda era um gato.
Chegamos em minha casa e ele sentou-se e conversamos enquanto eu fazia café.
Coloquei todos os itens na mesa.
- Eu te ajudo. O que precisa? - Perguntou levantando-se solicito.
- Não precisa se preocupar, deixa que eu sirvo você. É meu convidado doutor. - Falei sorrindo e pisquei.
- Tenho saudade desses momentos. Éramos tão felizes. Muitas vezes fico em casa, imaginando o que aconteceu conosco. - Disse pegando-me de surpresa.
- Ah! Você ainda pensa em nós? - Retruquei curiosa.
- Sim. Todos os dias. Ainda amo você, acho que nunca deixei de amá-la.
- Acho que o que nos afastou, foi a rotina. Você estudava muito e eu também trabalhava demais. Não tínhamos mais tempo para nossa relação. O fato é que se foram cinco anos e continuamos solteiros. - Respondi colocando café na xícara para ele.
- Agora você está desempregada? - Perguntou.
- Estou. Por pouco tempo. Enviei alguns currículos, não estou preocupada com isso. Sei que não ficarei desempregada por muito tempo.
- O que acha de darmos uma segunda chance pra nós? - Perguntou na lata. Quase me levando a derrubar o café em mim.
- Você acha realmente que daria certo? Estamos diferentes do que éramos quando namorávamos.
- Andressa, o importante é que conheço seu caráter, sei como é, independente do quanto tenhamos amadurecido, nossa essência ainda é a mesma. - Explicou olhando-me e segurando minha mão.
- Podemos tentar, mas vamos aos poucos. Vamos começar com alguns encontros e se realmente ainda quisermos, podemos voltar. Pode ser? - Perguntei sendo cautelosa. João com certeza ainda me deixava de perna bamba, mas não podia enganá-lo. Enquanto nos encontrávamos eu poderia ir afastando-me definitivamente de Otávio, que por mais que prometesse largar da outra, dentro de mim, eu sabia que não aconteceria.

Como Amar Um IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora