Uma casa que era um pouco menor que a dela, porém com a mesma sofisticação. Uma sala com a televisão maior que a dela e um sofá preto de couro, sua sala era de fato um local escuro e bagunçado. Se Edward Cullen existisse nessa fanfiction, a sala seria dele. Era algo bem gótico.
-Por favor, se sente aqui, aluna.-disse Salatiel oferecendo um lugar no sofá confortável.
-Se você ficar me lembrando que sou sua aluna, ficarei mais incomodada e sairei mancando. -A garota disse sentando no sofá.
-Isso tudo é culpa sua, porquê não quer ser minha amiga. -O homem com a barba nem tão rala grita da dispensa onde fora pegar o kit de primeiros socorros.
-Céus, Sr. Jones. -Jane diz.
-Chame de Sr. Jones novamente. É tão excitante.
-Mas o quê?
-Digo... É meu primeiro ano de ensino e ser chamado por meu sobrenome por um aluno é tão novo.
-Eu tenho que ir -Jane disse tentando levantar mas falhando logo depois.
-Você não está em condições de caminhar.
Risos foram ouvidos da boca de Jane.
-Eu moro na casa da frente Salatiel.
-É melhor não arriscar. Eu fiz preparação de primeiros socorros.
-Fala sério -Jane revirou os olhos.
-Estou falando sério. E Salatiel é para os íntimos. Você não é minha amiga, por isso me chame de Sr. Jones. -O homem diz pondo um líquido no joelho dela para limpar o ferimento.
-Pra quê? Pro senhor se excitar? - A garota diz rindo e ao mesmo tempo fazendo caretas por o líquido arder um pouco.
-Ora, cale a boca e me deixe cuidar disso. E pare de fazer careta, isso nem arde.
-Diga por você.
-Ah, não vai dizer que por causa desse líquido será impossível ir para a escola amanhã. Nem gente faltar, temos dois períodos amanhã.
-Isso é uma ótima desculpa para faltar.
Tudo fica em silêncio e do nada Jane vê um pequeno sorriso no rosto de seu professor.
A pomada já está toda distribuída e o que falta é o esparadrapo.
-Tenho que subir para pegar o esparadrapo, consegue subir as escadas ou espera aqui?
-É a primeira vez que venha na sua casa e o senhor já quer me levar para o quarto. Esperava mais de você, Sr. Jones.
Ambos riram.
-Cada um interpreta o que quer.
-Pode ser aqui... Ainda está cedo para irmos para a cama.
-Trate de machucar seu pé daqui três anos.
Jane riu e Salatiel se retirou para pegar o que faltava.
Depois de enfaixar o tornozelo de Jane, o homem o prende com um band aid da menina Hello Kitty.
-Hello Kitty, sério?
-Algum problema? -Salatiel pergunta erguendo a sobrancelha.
-Nenhum, senhor Kitty -Jane queria fazer o homem rir, mas depois parou e percebeu que o que tinha dito não era engraçado e sim, constrangedor.
-Uau, não quis ir para o andar de cima e eu já sou o senhor gatinho? -Salatiel riu, mas resolveu esquecer e mudar de assunto -Quer beber algo? Cerveja, chá ou o café? -Salatiel caminhou até a cozinha e pegou uma lata de cerveja, voltando logo em seguida.
-Não tenho idade para beber.
-Como isso impedisse você.
-E impede. Eu não bebo.
-Uau, revelações em uma noite de outono. Daria um belo livro.
-Venderia mais que essa velha história de: Embebedar uma aluna e a levar para cama.
-Você acha que eu... -Salatiel começou, mas fora interrompido.
-Preciso ir, tenho aula amanhã e com um professor muito irrelevante. -Jane diz se levantando e quase caindo.
-Irrelevante? Tudo bem jovem, é mais certo que crianças da sua idade não bebam. Não quero me responsabilizar com adolescentes bêbadas na minha casa.
-Certo, irei para minha casa beber a minha cerveja. -A garota caminha até a porta.
-Mas... -Salatiel é interrompido novamente.
-Acha mesmo que eu vou confessar para um professor que eu bebo?
Jane abriu a porta, mas antes de sair pegou a pequena lata de cerveja da mão de Salatiel e deu um gole.
-Obrigada. É uma ótima escolha de marca. -Jane lançou um sorriso e saiu mancando.
Ao voltar para sua casa, Pony, o magnífico, pulou em seu colo a fazendo derrubar um pouco do líquido na roupa.
Arrumou tudo que o gato havia sujado durante o dia e fora tomar um banho. Antes de passar pela janela se vestiu com o pijama roxo que sua tia lhe dera no natal.
Pegou a lata de cerveja que havia roubado do homem e foi para a sacada mancando um pouco. Olhou para a casa da frente e viu o professor fumando com uma cerveja na mão direita e o cigarro na esquerda. Ambos se viram e sorriam. Aquilo estava longe de ser certo.
Mas não impedia os dois de continuar.
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