06/05

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FELPS

Acordei no meio da noite sentindo falta de alguém ao meu lado, Rafael.

Havia um caderno ao me lado, estava velho, eu abri e quando vi sua caligrafia e o que estava escrito ali doeu. Pulei para as últimas páginas, ele havia escrito aqui agora a pouco. Ele foi embora? Mas ele não pode me deixa.

Pelo o que estava escrito ali, ele queria ir embora pra bem longe. Fiquei um tempo pensando pra onde ele poderia ir quando me toquei que o seu longe era bem longe mesmo, em um lugar onde eu nunca iria alcança-lo, eu não podia deixar ele fazer isso.

Levantei da minha cama a procura de Rafael. Ele ainda estava em casa, eu sentia isso.

Eu já tinha procurado em quase todos os cômodos da casa, faltava apenas um. Eu torcia para que ele não estivesse lá, eu não havia ouvido nenhum choro nem nada, eu não queria ver o que estava passando por minha cabeça.

Respirei fundo e segurei a maçaneta da porta, eu não queria vê-lo daquele jeito mas quando eu abri a porta meu mundo desmoronou. Ele estava alí. Eu queria chorar mas a única coisa que conseguir fazer foi gritar, gritar bem alto para tirar esse sentimento ruim de dentro de mim.

Sua pele estava mais pálida que poderia até se camuflar no chão do banheiro, seus olhos fechados e sua boca entre aberta. Seu sangue era a única coisa com cor no meio daquilo tudo. Eu queria mudar isso mas percebi que cheguei tarde de mais.

- Você não podia ter feito isso. - Digo para o corpo em minha frente.

Ao lembrar de tudo o que passamos. Eu o amava demais e eu só pude ver isso agora, e me arrependo de nunca ter falado um "Eu te amo."

Sentei naquele chão frio ao lado de Rafael, que descansava tranqüilamente ao meu lado.

Eu chorei. Chorei até achar que não tinha mais nenhum pingo de líquido para escorrer de meu olhos, vê-lo daquele jeito doía demais. Por que? Essa pergunta vai me assombrar pelo resto da vida.

Toquei no corpo frio de Rafael sentido as lágrimas voltarem a cair, o sangue sujava minha roupa e também o piso do banheiro, aquela marca não iria sair tão facilmente dali.

Meu coração parece que foi esmagado em biliões de pedaços, eu só queria correr dali, fugir, peguei o celular que estava em meu bolço e liguei para a ambulância, eu ainda tinha esperança. Depois de conversar com a mulher fiquei ao lado dele esperando a ambulância chegar. Lembraças de dias felizes com ele vieram a minha cabeça, machucando ainda mais meu pobre e sofrido coração. Essa cena nunca irá sair de minha cabeça.

O dia em que nos conhecemos na sala de aula, o dia em que nos beijamos pela primeira vez na festa e o nosso momento íntimos horas atrás. Aquilo tudo ficaria gravado em minha cabeça.

O barulho a ambulância se fazia presente e logo pessoas invadiram minha casa vindo diretamente para o banheiro, um homem examinou Rafael e fez um gesto negativo para mim, fazendo com que meu fio de esperança desaparecer num piscar de olhos.

Deixo eles levarem Rafael embora e vou em direção aquele pequeno livro deixado ao meu lado da cama, o livro onde estava armazenado todas as lembraças de Rafael e os momentos felizes. Comecei a ler e só de imaginar ele escrevendo aquilo me dava uma dor enorme no coração, fechei os olhos deixando as lágrimas cair por cima do livro em meu colo.

- Me desculpe por não ter feito nada. - Sussurrei na intenção de que ele ouvisse em algum lugar. - Eu te amo Rafael.

Querido Diário//CellpsOnde histórias criam vida. Descubra agora