Capítulo 35 / Paula

3.5K 276 13
                                    

O sol batia na minha pele, eu estava quase dormindo com aquele calor aconchegante até que alguém me dissipou daquele estado relaxante que eu me encontrava.

— Paula?

Tirei o óculos de sol do rosto, e a encarei cética.


— Cláudia?

— Olha, eu queria conversar um pouco com você.

— Sobre o que exatamente?

— Sobre você e a Hellen, olha já fazem meses que vocês não se falam. Mau olham uma na cara da outra.

— Por sua causa.

— Por minha causa? Para né!! Eu não vim até você pra discutir com você sobre quem tem mais culpa nessa história toda.

Ela se sentou ao meu lado.

Vocês são amigas à tantos anos. Não deixa esse seu preconceito acabar com isso. Quando a Hellen te contou sobre o nosso namoro, você agiu da pior forma possível, ela confiou em você pra compartilhar esse segredo... Eu não vou ser cínica e dizer que te entendo, porque se fosse com qualquer pessoa próximo à mim, eu agiria diferente, aceitaria a escolha da pessoa independente de qualquer coisa, até porque não muda em nada o caráter. Ela continua ali. Sendo a mesma pessoa. O amor e a amizade que ela sente por você também.
E esse mundo é tão cheio de moral, todo mundo quer dizer o que é certo e errado. Mas o que tem de errado em amar?

— A Hellen sabe que você tá aqui comigo?

— Não. Ela ficaria p. da vida se soubesse. Eu só vim falar com você porque sei que ela tá triste pelo fato de você não ser mais amiga dela, e ainda agir assim, com tanto preconceito e raiva.

— Mas da outra vez ela cuspiu na minha cara, Cláudia! — Era a primeira vez que eu a chamava pelo seu nome sem demonstrar raiva ou repulsa.

— Eu sei, mas você também errou ao bater nela, não se esqueça! Eu duvido que voce não se sinta mau todos os dias por estar longe dela.
Tenta esquecer tudo de errado que uma fez pra magoar a outra. Por favor!

— Eu sinto a falta dela...às vezes... mas acredito que ela não quer nem olhar na minha cara e...

— Para de desculpinhas tolas, Paula! Eu tô deixando de lado todo o meu orgulho e rancor que tenho de você desde o dia que nos conhecemos e tô aqui na sua frente. Deixa o seu preconceito de lado e vai falar com ela?!
"As pessoa cometem erros, até as pessoas que amamos."
Tenho certeza que ela também sente sua falta e tenho mais certeza ainda de que vocês duas vão se acertar.

— Onde ela tá?

— Ela estava no quarto, dormindo. Provavelmente já deve ter acordado. As coisas não estão sendo muito fáceis pra ela...


Coloquei meu chinelo no pé e me levantei determinada.

Então eu vou lá no nosso quarto agora vê se consigo achar ela.

—Ótimo. Boa sorte!

Suspirei e a abracei.
Depois da briga com a Hellen à meses atrás, eu me senti muito mau. Eu fui toda arrogante e preconceituosa. Uma amiga de verdade não agiria como eu agi.
Abracei a Cláudia de verdade, tentantando me livrar e libertar de todas as coisas horríveis que fiz e disse. Ela retribui o abraço e me senti melhor .
Falei alto para que ela pudesse ouvir:

Me perdoa Cláudia? Por tudo?!

— Relaxa, Paula. Eu nunca levei muito à sério as besteiras que você falou. Eu sei que independente de qualquer coisa você é uma boa pessoa!


A soltei daquele abraço longo e inesperado e comecei a caminhar lentamente em direção aos dormitórios. Olhei disfarçadamente para trás, a Cláudia me olhava sorrindo.
A olhei de verdade pela primeira vez, com carinho, diferente das outras vezes... Ela sustentou meu olhar sorrindo e abaixou a cabeça timidamente.
Será que ali era o início de uma amizade?

Entre Elas Onde histórias criam vida. Descubra agora