Capítulo 41 / Paula

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Éramos tão diferentes!

Caramba... Eu me olhava no espelho pensativa. Eu havia mudado muito nos últimos meses, nem eu me reconhecia mais.
Quem diria que eu com minha cabeça fechada e com todos os meus preconceitos me apaixonaria justamente por uma garota.
É, o destino nos supreende.

— Baby ? —  A Bia me chamava da cozinha.

Fui andando na ponta dos pés até lá. A Bia morava sozinha, hoje ela estava de folga e me chamou para ficar na casa dela. Ali longe de todos eu conseguia me sentir bem, sem aquele negócio de ligar para a opinião dos outros, agora eu conseguia entender a Hellen.

A olhei ali escondidinha, ela estava preparando algo para comer, ela estava tão concentrada que nem me viu ali.
Fui me aproximando lentamente dela. Quando eu estava atrás dela, falei baixinho:

— Me chamou? 

Ela deu um pulo de susto e se virou me dando uns tapinhas.

— Ai Paula, sua filha da mãe!

Sorri e a beijei.

—  O que tá aprontando pra gente comer, amorzão?

— Hummm, eu estava tentando fazer uma lasanha, mas não sei... acho melhor deixar pro almoço de amanhã. Vamos pedir uma pizza?

— Você tá tentando me engordar ou é impressão minha?

—  Já que você perguntou, não posso mais negar, rs Você está realmente muito, mais muitooo magrinha.

— Para de graça, Bianca!

— Bianca não. É Bia.

— Eu chamo como eu quiser, rs — A cutuco com o dedo à provocando e saio correndo pelo pequeno apartamento e ela vem atrás de mim.

Corremos pela pequena sala como duas bobas, até que ela consegue enfim me alcançar e me joga no sofá subindo em cima de mim, segurando meus braços acima da minha cabeça me fazendo ficar completamente imóvel.

— Assim não vale. — Risos

— Haha, eu ganhei.

Mostro a língua e ela me beija me calando completamente.

— Eu jamais, jamais mesmo me imaginaria assim, sabe?

— Assim como?

— Assim: namorando com uma garota, uma garota mais velha ainda por cima, rs

— São só 4 anos de diferença, gata. Não é muita coisa.

—  Enfim... mas eu nunca imaginaria isso. E ainda por cima estou feliz, sei lá, é algo que nunca pensei que aconteceria comigo.

— Sabe qual o problema, Paula?

— Humm, qual?

— Que você nunca se viu perfeitamente. Ninguém nunca foi capaz de ver o seu melhor.
Eu vi o seu lado bom e o seu lado ruim e estou apaixonada por ambo.— Ela solta meus braços e continua. — Eu costumava ser diferente também, mas depois que eu te conheci tudo mudou. Você me mudou! Você despertou o meu melhor.

— Bia?

— Oi...?

— Eu... eu contei pra Hellen de você... da gente.

— E aí?

— Não sei, ela ainda não contou nada pra Cláudia... mais...

— Mais o que?

— Eu tava pensando... se a Cláudia souber e ficar com raiva de mim e tudo voltar à ser como era antes? — Falei triste.

— Não. Duvido que isso vá acontecer.

— Como você pode ter tanta certeza?

Silêncio. Ela estava pensativa.

— Tenho um plano, no próximo fim de semana eu faço um jantar aqui em casa.
De casal, nós duas e elas duas. E acertamos tudo. Pronto. Todo mundo feliz.

— Você acha que vai ser tão simples assim?

— Paula, eu vi a Cláudia naquela noite  ela parecia bem e feliz, algo que ela nunca foi comigo.
Você acha mesmo que ela vai se importar com a minha volta?

Não consegui responder. A Cláudia era uma boa pessoa, e minha amiga agora, mas ela era uma pessoa explosiva. A gente nunca sabia qual seria a reação dela diante de certas situações.

— Agora... — Ela se levanta do sofá e me dá a mão para que eu levante também. — ... vem, vou te levar pra comer fora.

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