Livro 3- Amor de Lobo

Capitulo 20

Sara entrou no quarto triste e irritada. Rafael não confiava nela,a noite anterior tinha sido simplesmente fisico para ele, estava claro! Mesmo antes de fechar a porta, ele apareceu lhe á frente. Ela congelou por um momento, ele era rápido demais.

__ Nunca... mas nunca... fujas de mim, Sara. - Rafael tinha no rosto uma expressão dura, dominante com uma pouco de satisfação estampada . Lembrava um predador quando alcançava a sua presa. Empurrou-a suavemente para dentro e trancou a porta. __ Acho que chegou a hora de termos uma conversa... séria.

Sara engoliu em seco. Tinha a ligeira impressão que não iria gostar da conversa, mas ela é que tinha insistido em saber, então sentou-se na beirada da cama, tentando controlar o nervosismo que a queria invadir no momento. Rafael seguiu-a e sentou-se ao seu lado . Segurou seu olhar por uns momentos em silêncio como se estivesse apanhar coragem para falar.

__ Quero que saibas que o que aconteceu entre nós ontem á noite foi muito importante para mim. - Agarrou-lhe as mãos e levou-as aos lábios. __ Mais do que tu possas julgar.

__ Para mim também. - Ela sussurrou.

__ E farei qualquer coisa para te proteger, porque tu agora és a razão do meu viver.

Sara ofegou e engoliu em seco com a declaração de Rafael, ela queria que ele tivesse sentimentos por ela, mas ser algo assim tão profundo, não sabia se era possivel .

__ Rafael! Eu... também... tenho sentimentos por ti. Nunca senti antes algo assim por outro homem, mas não me conheces há tempo suficiente para declarares uma coisa dessas.Daqui a uns meses já podes pensar diferente em relação a nós. - Tristemente Sara retirou as mãos das dele e cruzou-as no colo. Tinha sido exactamente isso que acontecera com seu ex-marido. Depois de promessas eternas de amor acabou por trai-la.

__ Com a nossa raça é assim. Nós sabemos quando encontramos a nossa companheira e quando acontece... é para toda a vida. - Rafael avaliou o rosto dela atento.

__Raça? -Sara arregalou os olhos, não estava a perceber nada. __ Companheira?

__ Sim, alguns habitantes da cidade não são completamente .... humanos. - Rafael continuou cauteloso, sem deixar de olha-la fixamente.

Assustada Sara levantou-se. Rafael manteve-se quieto e em silencio observando cada movimento dela cuidadosamente. Ela andava de um lado para o outro, depois de uns instantes parou, o encarando como se ele fosse um louco.

__ Então são de que raça? - A voz tremeu-lhe, Sara molhou os lábios com o nervosismo á flor da pele, teria se apaixonado por um homem totalmente fora da realidade em que viviam? Rafael decidiu que a melhor maneira de lhe dizer era directamente, sem reservas.

__ Alguns de nós são homens-lobos, ou se preferires lobisomens. - Ficou tenso quando ouviu a sua risada. Isso só significava uma coisa, ela não ia acreditar facilmente.

Sara colocou a mão no peito gargalhando alto, mas imediatamente parou quando viu o rosto de Rafael sério, sem qualquer emoção de divertimento, pelo contrario ele estava tenso, apreensivo. Os lábios estavam apertados numa linha fina, fixo nela como se estivesse preparado para saltar no mínimo movimento que ela fizesse.

__ Não estás a brincar, pois não?

__ Não, não estou! Nunca brinco com coisas sérias.

Sara levou a mão á boca completamente abismada. Conhecia Rafael há pouco tempo, mas ele tinha razão , ele sempre se mostrara inteligente, sério, ponderado, não um homem desequilibrado. Por uns segundos olhou para a porta do quarto.

Rafael preparou-se para a fuga de Sara, era evidente seu receio, suas duvidas, conflitos de emoçoes. Toda a sua esperança morreu de que ela aacreditasse nele. Ela nunca aceitaria seu lobo, se a deixasse fugir.

__ Não te atrevas a fugir de mim, Sara! - Rafael rosnou as palavras , mais dominante do que desejara. __ Eu sou o mesmo homem com quem fizeste amor ontem e nada mudou só porque me transformo em lobo.

Sara olhou-o por momentos incrédula e depois curiosa.

__ Eu não ia fugir! Mas como podes me dizer que nada mudou?

__ O que sentes por mim...mudou?

__ Bem...não, não foi isso que eu quis dizer!- Atordoada Sara anda de um lado para o outro pensando em tudo que Rafael dissera, olhando de vez em quando para ele, que como sempre a seguia alerta. __ è por isso que por vezes teus olhos mudam de cor?

__ Sim. Além de outras coisas que ainda não observaste, mas com o tempo te irei mostrar.

Sara olhava-o com interesse, suas perguntas mostravam curiosidade e não receio, isso deixou Rafael mais esperançoso.

__ Que outras coisas ?

__ Em qualquer sítio que vás eu consigo alcançar-te, tens o meu odor. Eu marquei-te quando fiz amor contigo. Agora és minha companheira ... o mesmo que sermos... casados perante os outros.

Sara ficou pasmada, clareando a garganta.

__ Calma aí.... como assim...casados? - Sara não podia acreditar, tudo aquilo que ela estava a ouvir era irreal. __Como é que sabes que sou tua companheira? Pode ser só uma atração passageira?

Ela aproximou-se da cama e voltou a sentar-se ao lado dele.Rafael relaxou um pouco. Estando ela tão perto dele novamente só podia ser bom sinal.

__ Quando te conheci senti o teu cheiro que me descontrolou rapidamente. Cada companheiro destinado tem o seu próprio odor, isso facilita a identificar o casal certo de cada um, na natureza.

__ Só por isso achas que sou a tua companheira? - Sara o encarou estupfacta, como podia somente seguir seu instinto em algo que selaria sua vida em conjunto com uma mulher. Rafael puxou-a para os seus braços e beijou-a suavemente.

__ E quando te beijei a primeira vez soube de certeza absoluta que mais nenhuma mulher me iria satisfazer a não seres tu. - Voltou a beija-la com mais paixão. __ Sara ...acredita em mim...tu és minha!

Completamente abalada com seu beijo apaixonado e possessivo, Sara sorriu , alisando seu rosto ainda um pouco incredula, era muito para assimilar no momento, não sabia se acreditava em algo assim, um homem que se tornava lobo? Mas seu toque a descontrolava de uma forma não muito normal tinha que admitir.

__ E qual é o meu cheiro? -Sara se afastou um pouco , fixando seu olhar tentando ver algum indicio de desiquilibrio em Rafael.

Ele puxou-a pela nuca, esfregou o nariz no pescoço e inalou profundamente.

__ Tens um cheiro delicioso. - Sussurrou enquanto lhe dava dentadinhas no pescoço. __ Uma mistura de canela com cheiro de mulher... doce, inebriante.

__ Hum....acreditas que quando te abracei na lanchonete também senti um trago de canela no teu perfume.

__ Pois isso, meu amor. - Rafael segurou-lhe o rosto com as duas mãos. __ Significa que somos companheiros, significa que és minha. __ Eu te quero Sara...

__ Eu também te quero Rafael... - Ela admitiu, retribuindo o beijo. Mas logo enrugou a testa. __ Mas isso não significa que somos casados.

__ Não ouviste nada do que acabei de falar? - Ele resmungou agarrando-a num abraço apertado.__ Somos companheiros destinados, não há duvidas.

__ Sim, ouvi tudo, com muita atenção, mas não me pareceu ouvir um pedido de casamento. - Murmurou-lhe nos lábios, sorrindo como uma boba quando as mãos dele começam a deslizar por todo seu corpo.

__ Isso meu amor... pode ser arranjado.

Com dolorosa lentidão Rafael tirou-lhe o top, com mãos ternas e gentis que acariciava cada pedaço de pele enquanto a deixava nua. Seu olhar faminto mostrava que ele a desejava mais dessa vez , como se nunca a tivesse tocado antes, algo único que a fazia derreter em seus braços, que a fazia sentir a mulher mais amada do mundo. Agora, imaginar qual, o real ou o mundo de fantasia em que Rafael vivia? A dúvida ainda persistia.