Take Advantage

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Acordei. Senti uma coisa arder no meu rosto, era importuno. Por incrível que pareça eram apenas os raios do Sol invadindo o vidro da janela e refletindo na cama, fiz uma careta pós sono e virei pro outro lado, eu não suportava luz, eu não suportava o dia, por mim só existiria o escuro e todos os seus mistérios... na verdade eu amo aquilo que não vejo
Não deu muito tempo para que eu me animasse ou pegasse no sono, apesar de ser um Domingo a minha esposa sempre arrumava uma desculpa para que eu acordasse cedo, iam desde idas à igreja da pracinha até cooper na trilha dos macacos, um lugar da infância dela que a mesma insistia que eu fosse, mas meu contato com a natureza é limitado, as árvores lá e eu aqui. Falo isso porque quando criança cai de uma árvore na fazenda dos meus bisavós no interior de São Paulo e como consequência levei 8 pontos na cabeça, como já dizem por aí "traumatizei", não consigo mais ver uma goiabeira na minha frente se lembrar daquele dia... enfim, a minha mulher ficou ne sacudindo até que eu levantei da cama, arrumei a minha samba canção amorratoda e me levantei meio cambaleante abriindo apenas um meio olho eu fui fechei a cortina e seguir para o banheiro. Quando voltei, a minha esposa havia pegado no sono de novo, é coisas como essas que torna o mundo injusto. Sai do quarto sem nenhuma cerimônia encontrando o meu filho na porta do quarto, estava com os olhos fundos e os cabelos desgrenhados, eu amava aquele garoto mesmo ele parecendo um zumbi mirim naquele momento....
- O que faz aqui a essa hora, Miguel? -perguntei
- Eu não dormi durante a noite e fiquei de guarda aqui na porta do seu quarto. –respondeu cabisbaixo e lento
- E por que não chamou ninguém? Poderia ter batido na porta, ou eu ou sua mãe levantarímos com certeza. – disse
- Eu nem precisei bater, pai. – ele foi me explicando na medida em que eu franzia o cenho. – A porta só estava encostada, só empurrei e achei a mamãe dormindo sozinha na cama.
- Quê? - engoli em seco.
- Sim, eu como o segundo dono da casa não podia permitir que a mamãe ficasse só no quarto. – eu fiquei orgulhoso e com medo das palavras dele
- E você por acaso viu onde eu tava? - sorri fraco
- Claro que sim pai, eu te vi passando pelo corredor quando estava perto de amanhacer, veio andando na pontinha do pé, parece que tava com medo de que alguém te pegasse.
"Como eu não o vi ali"
- Nossa filho, como eu sou distraído, nem te vi assim que passei. – dei mais um sorrisinho fraco
- Você tava sorrindo, tava feliz. Mas me responde pai, o que eu senhor tava fazendo no quartinho dos fundos? – Ele agora tinha me pegado
Fiquei perplexo, ele estava me intimidando como alguém em um interrogatório. Olhei para ele que me fitava sem parar, o menino não tinha maldade nenhuma no olhar, era só uma criança, um tanto curiosa.
- É... bom, o aniversário da sua mãe está chegando e eu estou preparando uma surpresa pra ela. – respondi
- Pai, o aniversário da mamãe foi no mês passado. – Ele me confirmou atordoado com o que eu inventei
Eis que eu escuto o barulho do chinelo dela, levantei o menino pelos ombros e sai levando ele embriagado de sono até o quarto dele que ficava no segundo andar, entrei e tranquei a porta.
- Bom, o que o seu pai vai fazer é realmente uma surpresa pra mamãe. – menti. – Mas você deve ficar calado, não conta nada pra ela senão a surpresa estraga
- Tudo bem, eu prometo. – Ele acreditou transmitindo brilho no olhar um pouco alterado pela sonolência, sua santa inocência
Dei um beijo na testa do meu filho desejando a ele um sono melhor e mais proveitoso, assim que sai do quarto dei de cara com a minha esposa, dentre o quase um ano que eu converso com a Ninifa, eu nunca passei por um momento como tanto medo de um flagra como aquele.
- Rafael, porque estava no quarto do menino? – ela perguntou com sua voz arrastada e levemente rouca. – Você não tem costume de visitar ele pela manhã no quarto...
- Foi apenas um momento com o meu filho, Lorena. Acha algo demais nisso?
- Tudo bem, não precisa bancar o paizão autoritário não, eu só queria saber... Eu hein... – ela saiu da minha frente dando as costas
Ela não se incomodou, eu que poderia ter um pingo de delicadeza ao falar com ela. Era foda aquilo, mesmo estando errado eu me colocava como o dono da razão. Não pude deixar de segui-la, ela usava uma camisola cinza e o cabelo em um coque frpuxo, ela era linda sim, decidida também, mas não usava um corselete vermelho e nem fazia uma dança sexy pra mim...
- Lore, eu não quis te tratar com arrogância, mil desculpas. – Eu falei fazendo carinha de cão sem dono
- Tudo bem, eu não ligo.
Arregalei os olhos, ela nunca se importava com nada, fazia questão de não bater de frente comigo. Eu me senti um pouco nojento, ela sempre evitava ao máximo brigar e eu em troca da tamanha atenção mantinha encontros eróticos com uma strip na Internet.
Ela foi para o banheiro do nosso quarto e saiu de lá um pouco mais arrumada, eu deveria mesmo dá mais valor ao que ela tenta representar pra mim. Culpado, eu encostei perto dela dando-lhe um sorriso meio insano, apesar de um sexo fraco com ela eu mantinha o mesmo sorriso maroto da adolescência, uma ótima fase da minha vida até... ela veio se aproximando de mim sorrindo, seu coque malfeito começou a se desmanchar cautelosamente deixando-se cair por cima dos ombros, tinha belos cabelos, na verdade ela era fisicamente muito encantadora. A Lore veio chegando mais perto e jogou a perna direita ao redor da minha cintura, eu sorri, ela retribuiu. Agarrei a sua cintura fortemente enquanto a outra pegava firme no seu cabelo, ela fechou os olhos arqueando-se para trás encostando a sua fina peça íntima no meu abdômen, era bem gostoso, mas tristemente pouco prazeroso. Sai a arrastando até a cama ficando por cima dela, a encarei e ela mantinha os olhos castanhos brilhando de uma forma que chegava em um tom cor de mel, lindos, mas minha admiração por olhos claros sempre se sobrepunha... Eu tinha uma cega atração sexual pela Ninfa, seria mesmo comum que eu lembrasse dela até na hora de de transar com a minha mulher, por vezes eu até me aproveitava dela para apimentar minha relação, vai que ajuda. Fechei os olhos e passei a saborear os cantos mais sedentos daquele pescoço que cheirava a hidratante de amêndoas, ela respirava sôfrega embaixo de mim, levantei já próximo de tirar a samba canção quando ela sorriu sem graça, eu não sei exatamente por qual motivo. Fui me inclinando de volta para a cama esbanjando um sorriso tarado, retirei o meu membro ereto na medida que fui puxando sua calcinha até os pés a jogando longe, coloquei as mãos sobre a cama e iniciei uma penetração vagarosa nela, fechei os olhos, mesmo ela sendo atraente aquilo era altamente forçado pra mim. Ela continuava sorrindo sem graça e eu não parei de investir, eu não a beijava, não a tocava direito, as vezes apenas me esforçava para alcançar os bicos dos seus seios e lhe oferecer algum prazer naquela área. Era tão bom o nosso sexo na época do namoro, era mais selvagem e cheio de carícias, éramos mais jovens e mais sedentos por prazer, com um tempo fui me tornando incapaz de olhar direito nos olhos dela na hora do sexo. Disfarçadamente fui me aproximando dos lábios dela, a beijei com força, ela sorriu. Era isso, ele estava triste por que eu estava recuando, imagino o quanto ela tava se segurando para não me mandar para o inferno naquele momento, eu sou um troglodita incapaz de fazer um sexo direito com a minha esposa, aquela na qual eu respondi um sim sonoro no altar. Comecei a chupar o côncavo do seu pescoço, foi aí que eu percebi que nem sequer eu tinha retirado e nem dei espaço para que ela se desfizesse da maldita camisola cinza, que frieza a minha! Levantei os seus braços levando-os acima da cabeça e puxei vagarosamente as alças grossas dele para cima, ela parecia mais feliz, eu acho... aproveitei o momento de entrega dela para explorar com mais precisão o seu corpo, iniciei uma série de carinhos e toques que iniciavam no antebraço até o vale dos seus fartos seios, sim, era uma parte bem chamativa do corpo dela. Fui deslizando a minha língua pela lateral chegando na auréola e finalmente a ponta do bico, a abocanhei com velocidade chupando-a com toda a paciência do mundo. Ela estava gostando, gemia bem baixinho fazendo cerimônia, continuei ali na medida que passei a me enterrar novamente dentro dela. Fui deixando que os movimentos ficassem mais necessitados aumentando a velocidade, o corpo dela subia e descia sobre os lençóis. Cheguei perto do seu ouvido sussurrando.
- Gosta assim?
- Diminua. – Eu pensei que ela gostava rápido, mas tudo bem
Continuei friccionando só que um pouco mais devagar, fiquei muitos minutos naquela posição só de entra e sai contínuo, fechei novamente os olhos quando notei que iria gozar, pouco liguei se estava sem proteção, eu fiz vasectomia a uns três anos atrás. No momento em que senti o pré-gozo me veio um par de olhos azuis na mente, aproveitei-me daquela situação e comecei a estocar rapidamente, muito até, a Lorena chegava a tremer embaixo de mim. Eu gostei daquilo, entendi que a Ninfa não atrapalhava, meu desempenho sexual com a minha esposa ficava mais quente e gostoso por causa dela.
- Você é muito gostosa, puta que pariu! - Eu falei inconsciente, tava muito focado naqueles movimentos
- Nossa... como você está feroz. – ela disse baixinho
- Você é maravilhosa! - sim, eu falava dela mesmo
- Eu te amo...
Ela disse e eu acordei, gozei dentro dela e nada falei. Fiquei alguns segundos para recuperar o fôlego, o peito dela subia e descia, ficou um vácuo estranhamente visível depois do que ela disse.
- Eu também. – sorri fraco balbuciando
- Você também... - ela queria me ouvir completar
- Eu também te amo. – falei com tanta vontade que chega murchei

Levantei da cama me direcionando novamente ao banheiro, enchi o rosto de raiva e sentia um fumegar por dentro. Eu era um animal, eu sabia disso. Não senti culpa em colocar a minha amante da Internet no meio da minha foda, ela era uma sustentação, o problema era o sentimento da Lorena não receber um pingo de reciprocidade da minha parte. Sim, sou um lixo.

Afetado, esmurrei o espelho o deixando em caquinhos, a parte superior dos meus dedos escorriam sangue. Arrasado, sentei no chão jogando as minhas costas livres na parede naturalmente gélida do banheiro, mas frio que aquilo só o meu coração quando se tratava da Lorena.

Comecei a chorar quase que de forma imperceptível, meu orgulho masculino não me permitia fazer um escândalo (que era o que queria na verdade). Ouvi batidas na porta e passei a engolir o choro, com certeza a Lorena escutou os vidros se despedaçando.

- Rafael, abre a porta!

- Eu saio daqui a pouco.

- Que barulho foi esse? - quase respondi que era o barulho do meu coração vibrando contra a minha consciência

- Quebrei sem querer o espelho, minha mão está cortada.
- Sai daí para eu limpar seu ferimento.
Eu tinha conhecimento de que ela sabia que eu estava mentido, ela sempre foi calma e não me enfrentava, ela não queria me contrariar. Assim que sai do banheiro eu a vi, sentada na cama com um kit de primeiros socorros na mão me aguardando, a encarei, porque eu não posso ser cuidadoso e zelar pelo nosso casamento como ela faz?
Ela pegou a minha mão e colocou sobre o seu colo, a Lore é uma enfermeira formada, sem nunca ter precisado de nenhum curso pra isso. Pegou uma pinça e começou a retirar os pequeninos cacos que estavam entranhados na minha pele, foi fazendo todo o processo necessário limpando a região com gaze, algodão e soro, na medida que o corte foi ficando mais limpo ela com todo o cuidado do mundo lançou o líquido de um spray ardido por cima, desceu uma lágrima, eu não só era um frouxo no casamento como era ainda mais com qualquer tipo de escoriação. Eu fiz careta, mas logo aquela queimação necessária foi cedendo, após todas essa etapas ela isolou o meu corte com um pano limpo, aquilo ajudaria cicatrizar.
- Prontinho! - ela disse sorrindo
- Você é tão boa, as vezes eu não consigo ser o suficiente. – respondi abaixando minha cabeça pela vergonha
- Eu te amo e não me importo de cuidar de você. – disse
- Eu sou um péssimo marido, mas estou tentando consertar isso. – menti de novo, eu não faço por onde melhorar
- Não, eu gosto de você assim. Além de ser um pai zeloso você faz tudo ao seu alcance, eu não me importo se você se sentir mal as vezes, é normal.
Ela sorriu e eu a abracei, ela era uma amiga minha na verdade mesmo. Senti uma lágrima descer teimosa, era uma mistura de culpa e compaixão, me senti mais bosta ainda. Eu deveria retribuir o que ela sentia, e não ficar me fechando mais ainda por conta dos meus desejos à parte

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