Confusão

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Era quase algo costumeiro me senti mal, não sei por quanto tempo mais eu ficaria sendo um cafajeste sem jeito. A única pessoa que sabe da existência da minha amante virtual é o meu melhor amigo, o Guilherme, conheço ele desde a adolescência quando nos conhecemos no colégio tirando notas boas e sendo feitos de saco de pancadas para os fortões acéfalos.

Depois de ter o meu ferimento limpado da forma correta, sai do quarto tentando conserta mais uma burrada que fiz dentro do meu casamento, sempre, de alguma forma, a Ninfa dava um jeito de entrar cada vez mais na vida. Era bastante impressionante a influência do par de seios de uma mera desconhecida na minha vida, de forma negativa ou não. Eu não culpo a Ninfa por ter um casamento falido e uma mulher que não enxerga a gravidade dos problemas na nossa vida conjugal, o que seria ainda pior se ela percebesse, mesmo sentindo que sou egoísta e um ''ator'' perto dela eu só penso no Miguel, eu morreria de tristeza sabendo que o meu filho estaria sofrendo por conta da falta de algum sentimentalismo da minha parte, além do filho quase sempre ficar com a mãe seguindo a linha natural da justiça. Quando eu casei com a Lorena assinamos o contrato com comunhão parcial de bens, essa divisão completa das nossas posses iriam me dar uma coisa apenas, dor de cabeça com a justiça. Ainda tem a tal da guarda compartilhada, meu coração não é extremamente mesquinho e frio a ponto de não sofrer vendo o meu filho indo e voltando o tempo todo, eu sempre acredito que isso seja confuso para a cabeça de uma criança ainda pior se houvesse o caso da Lore dizer que algo é correto ou não para ele e eu chegasse desautorizando ela na frente do meu filho, ou mesmo que fosse o contrário como conseqüência ele sempre vai ficar pisando em ovos.

Fiquei na cozinha preparando um café da manhã na tentativa de relevar a minha culpa, por mais que amenizar a mente insana e ousada de um filho da puta seja algo impossível. Busquei tudo que tinha na geladeira e nos armários e iniciei um belo de um banquete, modéstia parte eu sempre tive uma mão boa pra muita coisa, a Ninfa que o diga...

Tentei apagar novamente a imagem daquela sedutora mulher da minha mente, ali era um momento familiar no qual ela não se encaixava, quer dizer, quando o assunto é sexo eu uso ela o máximo que o meu corpo aguenta, infelizmente não uso ela propriamente dita. Peguei a massa pronta e organizei-a para fritar os bolinhos de chuva, parti para outra parte do café e assim por diante... assim que terminei, fui para a sala e sentei no sofá, comecei a pensar em várias possibilidades de reorganizar a minha vida, infelizmente eu não achava saída pra absolutamente nada. Enterrei minha cabeça nas almofadas do sofá e fiquei ali com cara de tacho por alguns minutos, pela demora a Lorena deveria ter pegado novamente no sono, ela sempre faz isso, me acorda desesperada e volta a dormir.

Foi daí que escutei a caixa da campainha vibrar tinindo, eu não queria visitas me perturbando aquela hora em pelo Domingo de manhã, tenho certeza que a pessoa atrás da porta não era aquela dupla sertaneja que costuma fazer isso com as pessoas. Levantei do sofá parece uma barata tonta, girei a chave e a danada ficou um tempo emperrada dentro do buraco da fechadura, forcei mais um pouco e ela finalmente abriu, olhei para a pessoa que fez uma cara de compaixão comigo, estava ali na minha frente a única pessoa que tinha dó de mim, não era como a Ninfa que maltratava o meu corpo e os meus olhos, não era como o Miguel que maltratava meu coração e não era como a Lorena que maltratava minha razão e consciência, era só o meu amigo Gui.

- Você é o Marcos ou o Belutti? – eu joguei para ele o meu péssimo trocadilho.

- Cara, você bebeu a essa hora da manhã? – respirei aliviado ao lembrar que o Gui era libriano, esse signo não entende piadinhas infames. – Está falando nada com nada...

- Claro que não bebi! – eu disse.

- Assim é melhor. Eu já posso entrar ou devo ficar aqui na porta por mais uma hora esperando a tua vontade de me autorizar a entrada? – ele perguntou.

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