Capítulo 9- Ana

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Acordo e mais uma vez estou sozinha. Vejo que há um bilhete no travesseiro do Matheus, que diz:

"Bom dia, dorminhoca. Tenha um ótimo dia."

Só olho para o bilhete e trato de tomar banho. Visto uma blusa de mangas longas e uma calça comprida.

Noto um barulho antes de abrir a porta. Saio e não vejo ninguém, isso me intriga. Penso que talvez seja gente nova no 04. Desço ao térreo e falo com Severino.

- Bom dia, moça! -ele diz.

- Bom dia! -sorrio e saio para o trabalho.

Não há muito o que fazer. Ligo para meu namorado. São 11;45h.

- Oi? -digo.

- Oi Maryna. -ele responde.

Fico surpresa, porque ele não me chama assim, só quando tá bravo.

- Aconteceu alguma coisa? -pergunto.

Ele suspira. - Não.

- Ah. -digo.

- É que eu tô cansado. Vou dormir em casa hoje, tá? -ele diz.

- Ah... OK, tchau. -digo triste e um pouco irritada.

- Olha não fica brava, tá? Te amo, amor.

- Tá, também te amo.

Desligo desapontada com ele. Fico de mau humor na hora e termino a droga do meu expediente.
Chego em casa, tomo um banho e almoço. Faço um bolo, e depois o como. Estou inquieta e estressada.
Escuto mais um barulho ao lado, e saio com toda raiva para descobrir o que porcaria é aquela!

Abro a porta com força, quando não vejo nada novamente, bato a porta fazendo um enorme barulho e saio em direção ao elevador.

Alguém aparece na minha direção e só percebo quando nos esbarramos.

- MAS QUE DROGA! -grito.

- Er... Desculpe, não tinha visto... Que... Sinto muito.

Me deparo com um... príncipe?
Estou muda diante daquele desconhecido.
Um rapaz alto, branquinho, de barba e olhos azuis... Quê?

- Eu... -começo a dizer.

Ele sorri. Que sorriso LINDO!

- Prazer. -ele diz e aperta minha mão. Ainda estou sem palavras.

- Estava descendo? -ele pergunta e aponta com o polegar para o elevador que está atrás dele.

- Estava. -digo, mas não consigo formular mais nada.

- Ia para algum lugar em especial? -pergunta.

- Não lembro. -digo confusa.

Ele sorri e chama o elevador. Espero com ele e me pergunto como é que se nasce uma vez, e nasce daquele jeito?

- Você parecia bem irritada -ele começa. - Sinto muito por ter feito barulho, é que eu cheguei ontem à tarde e ainda estou me instalando.

- Ah... -digo.

- Bem, faz tempo que você mora aqui? -ele pergunta.

- Um pouco. - respondo embasbacada.

- E o que uma moça bonita faz sozinha? -ele sorri.

Morta.

- Eu... Estava... Indo comprar algum... Bolo? -digo agindo como idiota, e tímida com o... Elogio?

- Bolo! Parece bom. -ele sorri. - eu estou indo à minha antiga casa pegar o restante das coisas. A gente se vê depois.

Ele me beija na bochecha e o elevador se abre. Não digo nada, só o vejo sair. Sento-me em uma cadeira perto de Severino, que está ouvindo o jogo na rádio.

- Parece que a moça conheceu o novo inquilino. -ele diz. -eu ia lhe dizer, mas não nos falamos direito essa manhã.

- Sim... Tem razão. - olho para ele, voltando ao normal.

- Cadê o Matheus? -pergunta.

- Meu namorado. Humpf. -digo lembrando que estava irritada.

- Não vai dormir aqui hoje, não é? -ele diz.

- É. - reviro os olhos, ele ri.

- Logo vi. - ele diz.

- Bom, eu acho que vou... Sair. -digo me levantando.

- Vá pela sombra, moça.

#

Entro no meu carro e não sei aonde ir.

Vou ao Parque da Jaqueira, completamente confusa e fico olhando as crianças brincarem.
Passado algum tempo, decido que meu humor melhorou bastante, ao ver tanta gente feliz me senti contagiada.

Saio dali relaxada, porém ainda intrigada. Ao chegar no meu apart, noto que o carro do moço do 04 está estacionado, mas não ligo muito. Chego à minha porta e lá está ele, o 04.

- Oi! -ele diz animado.

- Oi... -digo já entrando em pânico. Que homem lindo!

Ele sorri.

- Sozinha por aí essa hora? -pergunta.

Olho para o relógio no corredor e vejo que são 17h20, já!

- Ah, sim. É. -digo e sorrio.

- E o bolo? -ele pergunta.

Hã?

- Bolo? - digo.

- O bolo que você ia comprar... - ele diz.

Ahhhh, "o bolo."

- Ahh, nem comprei. - digo

- Entendi. - diz por fim.

- Vou fazer a janta, boa noite! -digo apressada.

- Boa noite. -ele dá um belo sorriso e entro.

Penduro as chaves, meu coração está saltando. Deve ser porque ele é lindo, não sei. Começo a fazer um belo cuscuz e assar salsichinha, meu prato preferido. Meu celular toca e não atendo por estar ocupada, mas começa a tocar novamente e não consigo ignorar. Lavo e enxugo as mãos e tenho uma leve pontada de culpa, pois não lembrava que não tínhamos nos falado desde então.

- Oi. -digo.

- Oi. - Matheus, o meu NAMORADO diz.

Ficamos calados. Desligo o fogo e sento no banco da copa.

- Hoje eu tava meio estressado, sabe? Tinha um monte de gente me enchendo o saco, tu sabe como eu sou. -ele diz.

- Tudo bem. -digo sabendo com toda certeza que ele é bem estourado, pavio curto.

- Tá fazendo o quê? -pergunta.

- A janta. -digo.

- Ah. -ele diz.

Novamente, ambos calados.

- Tá brava porque não fui dormir aí? -ele pergunta. Eu sabia que iria perguntar.

- Não, um pouco triste. -digo.

- Ahh... - ele diz. -tô com saudade.

- Também tô com saudade, Matheus.

- Não é mais "amor"? -pergunta.

- Claro que é, amor, deixa de ser bobo. -digo.

- Ah, sim! Vou dormir, princesa. ,

- Boa noite, te amo, amor. -digo.

- Te amo muito.

Eu desligo.

A vida da genteOnde histórias criam vida. Descubra agora