Capitulo 6

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CAPÍTULO 6
Pov. Dakota

Acordei com dores de um sono sem sonhos. Dores nos quadris, nos ombros, nas costas, nas pernas. Dores por dentro e por fora. O sono havia me permitido a falta de consciência por alguns segundos após ter acordado. Infelizmente, quando a consciência veio, trouxe junto com ela lembranças da noite anterior.

Um rapaz bonito, inicialmente gentil. Um rapaz que pagou para ficar uma noite inteira comigo e que, ao final dela, me deixou em um estado deplorável.

Um rapaz que me violentou.

Toc. Toc. Toc.

– Dak! Está acordada?

Toc. Toc.

Eu não queria responder, e queria que Lua parasse de bater na porta. Sentia-me um lixo. Um nojo, um trapo humano.

– Dak! Já são 13h!

Toc. Toc. Toc.

Levantei-me devagar, testando a força nas minhas pernas, tentando não sentir muita dor. Ajeitei o cabelo com os dedos e fui abrir a porta. Lua estava em pé, com uma bandeja nas mãos, trazendo um prato de cereal e suco de laranja.

– Perdi a hora, Lua. - Falei, sem vida.
O susto que ela levou quase fez com que a bandeja se esparramasse no chão. O copo deslizou um pouco, mas ela se apressou a mantê-lo onde estava.

– Dakota... O que...?

Ah, sim. Eu. Eu era o motivo da sua reação de espanto, de incredulidade. Eu deveria estar por fora o mesmo trapo que estava por dentro. Cheia de marcas, cheia de resquícios de uma noite violenta e cruel.

Sem a menor curiosidade de me ver no espelho, apenas abaixei a cabeça.

– Um cliente. Um pouco entusiasmado.

– Dakota... Eu sei o que é um cliente entusiasmado! Eu já te vi depois de clientes entusiasmados! Isso é diferente!

Caminhei de volta para a cama e me deitei, puxando o cobertor. Lua me seguiu, depositando a bandeja no criado mudo ao lado da cama e sentando-se nela, ficando perto de mim.

– O que aconteceu?

Sua voz, assim como ela, era gentil. Lua era a menina que eu mais gostava na casa. Ela se preocupava genuinamente com todas nós. Era uma amiga muito agradável e doce, embora eu a conhecesse havia pouco tempo.
Mas a doçura na sua voz, que normalmente me acalmava e fazia com que eu me sentisse melhor quando algo ruim acontecia, dessa vez provocou outra reação em mim. A doçura de sua voz despertou o rancor e o desespero do que havia acontecido.

E então, sem mais nem menos, me pegando completamente desprevenida, a vontade de chorar veio como um tapa, e eu não pude me conter.

– Ele me pegou à força! - Falei alto, enquanto começava a soluçar com o rosto enfiado no travesseiro, como se pudesse esconder dela que chorava, um choro cheio de dor. Só dor.
– Dak... - Ela murmurou em um lamento genuíno - O que ele fez?
– Me obrigou a fazer... Me forçou a fazer o que eu não faço! O que eu nunca fiz! - Eu tentava controlar os soluços entre as palavras, mas a dor e a tristeza já tomavam conta de mim.
– Ah, não... - Ouvi Lua dizer em uma voz fraca e triste. - Coqui, eu... Ah, merda...
–AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH! - Gritei um grito abafado pelo travesseiro, tentando conter a dor no peito.
– Calma, calma... - Ela deitou de lado na cama, me abraçou e beijou meus cabelos, tentando me acalmar. Se houvesse alguém que poderia me acalmar numa situação daquelas, esse alguém era Lua.

Não sei quanto tempo fiquei chorando ali. Ela continuava me abraçando, tentando conter meus soluços. Não era um choro normal, daqueles silenciosos. Era um choro que fazia perder o fôlego. Um choro forte, cheio de lamentações. Lamentações não só pela noite anterior, mas por toda aquela vida. Toda aquela maldita vida que eu levava havia tantos anos. Por ser o que era, por fazer o que fazia. Por, noite após noite, ser olhada de cima a baixo, não como um ser humano, mas como um objeto qualquer. Como qualquer merda na vitrine, exposta aos clientes que quisessem comprá-la depois de avaliar seus defeitos.

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