CAROLLINE

Capítulo 14 O Grande Urso

CAPÍTULO 14

O grande urso

Todos os dias Carolline, Sam e Tom iam à biblioteca para ouvir as histórias da Sr.ª Hens sobre Danboll em seus tempos de glória e o grande rei Áiadon.

_ Sr.ª Hens, o que eram os Antigos Humanos de que a senhora falou antes? _ indagou Tom.

_ Diz a história que eles foram os primeiros humanos da terra e eram diferentes dos humanos de hoje. Eram muito mais fortes e viviam centenas de anos. Dizem que eles tinham uma ligação muito forte com a natureza e que alguns podiam até se transformar em animais.

_ E a senhora acredita nisso? _ Perguntou Sam.

_ Claro que sim minha querida! Você nunca viu algo que não acreditava aparecer diante de seus olhos?

_ É, você tem razão. _ respondeu Sam lembrando-se do fato ocorrido na lagoa.

_ O que houve com eles Sr.ª Hens? _ perguntou Carolline.

_ Aos poucos foram desaparecendo. Uns morreram em guerras ou por motivos naturais e outros simplesmente perderam sua conexão com a natureza e com ela a sua identidade.

_ Eu gostaria de poder conhecer um Antigo Humano! Eles deveriam ser incríveis! _ disse Carolline.

_ Eu também. _ disse Tom.

_ Crianças, hoje não posso ficar muito tempo com vocês. Tenho muito trabalho a fazer aqui na biblioteca e se eu não fizer a diretora vai querer minha cabeça em uma bandeja. Se vocês quiserem podem voltar amanhã. Tudo bem?

_ Agente pode ajudar a senhora! _ disse Sam.

_ Receio que seja melhor não. A diretora pode reclamar. _ disse Sr.ª Hens.

Naquela manhã as crianças saíram da biblioteca e resolveram brincar no bosque. Tudo estava tranquilo até que as árvores começaram a se comportar de forma estranha como se o bosque estivesse se movendo para algum lugar. Quando tudo parou, os três amigos estavam um de costas para o outro olhando ao redor. Ficaram alguns minutos apenas observando as árvores.

_ Gente, acho que estou começando a acreditar na história daquele lobo. _ disse Tom.

_ Será que ele vai aparecer de novo? _ disse Sam.

_ Eu não sei. _ respondeu Carolline.

Um silêncio inquietante tomava conta do lugar. As árvores haviam tomado uma posição que não permitia que a luz do sol penetrasse onde as crianças estavam.

Ouviu-se o som de passos. Das sombras surgiu a mesma elfa que havia lutado com Élmig.

_ Olá crianças. _ disse a elfa de maneira sombria. Logo atrás dela surgiram mais dois seres estranhos que mais pareciam grandes homens sem cabeça.

As crianças ficaram sem reação. O medo lhe roubara todos os movimentos. Nesse exato momento houve um clarão e apareceu Egnabel com sua armadura brilhante.

_ Veja o que temos, se não é a grande Egnabel! _ disse a elfa ironicamente.

_ Se afaste das crianças Nádria! _ disse Egnabel.

_ Vocês se conhecem? _ perguntou Carolline para Egnabel.

_ Ela era uma grande guerreira de nosso reino, até deixar-se envolver pelas trevas e juntar-se à Ferluk.

_ Isso não é uma boa forma de se referir a sua ex-general soldado. _ disse Nádria. _ Pela armadura vejo que agora é você que está na frente do exército dos elfos das montanhas.

_ Sim, sou eu. Agora pegue suas criaturas e vá!

_ Não posso ir sem a menina. Tentei capturar seu irmão garota! Sabia disso? _ Disse Nádria para Carolline.

_ Christian! O que você fez com ele? _ respondeu a menina aflita.

_ Ele tem muita sorte. Está muito bem protegido por um mago.

_ Agora chega! Vá! _ exclamou Egnabel.

_ Não antes de pegar a menina! _ disse Nádria partindo para o ataque.

Era uma dura batalha. A elfa maligna atacava de todos os lados. Egnabel mal podia acompanhar seus movimentos, mas atacava como podia. Ter que defender as crianças da elfa e das estranhas criaturas estava se tornando um ponto fraco para Egnabel. Ela estava em uma situação muito delicada. Em dado momento foi atraída para uns poucos metros distante das crianças, mas fora o suficiente para as duas bisonhas criaturas avançarem. Quando a elfa tentou recuar para protege-los foi segurada por Nádria. "Corram!" gritou Egnabel para as crianças. As crianças começaram a gritar enquanto corriam. Logo se depararam com uma parede de árvores que as deixou frente a frente com os monstros. Quando tudo parecia ter chegado ao fim, ouviu-se um estrondoso som de árvores quebrando e surgiu um imenso urso. Todos foram surpreendidos.

_ Deixe minhas crianças em paz! _ disse o grande urso.

As crianças olharam uma para a outra e em coro disseram:

_ Sr.ª Hens?

Rapidamente chegaram à conclusão de que a adorável velhinha se tratava de uma Antiga Humana e transformara-se no grande urso.

_ Pega eles Sr.ª Hens! _ exclamou Sam.

Apenas com umas das enormes patas ela arremessou as criaturas contra as árvores, logo elas se desfizeram no ar como fumaça. Nádria, vendo que não poderia vencer a elfa com a grande ursa, desapareceu nas sombras.

_ Muito obrigado grande ursa, é bom saber que as crianças podem contar com alguém como você. _ agradeceu Egnabel transformando-se novamente em boneca.

_ Crianças vocês devem voltar logo para o orfanato. Vejam, o feitiço está se desfazendo.

Quando perceberam, todos estavam novamente no pequeno bosque do orfanato. Sr.ª Hens havia voltado a sua forma humana. Enquanto isso, em uma sala escura onde havia alguém sentado em um trono sombrio, surgiu Nádria.

_ Onde está a menina? _ perguntou uma voz tenebrosa.

_ Ela teve ajuda. Egnabel e uma Antiga Humana que transformava-se em uma grande ursa estavam com ela.

_ Não imaginei que ainda existissem Antigos Humanos vivos. E o que houve com o garoto?

_ Está sendo protegido por um mago muito poderoso. Usei meu melhor ataque, mas ele usou uma invocação que o destruiu. _ respondeu Nádria.

_ Posso saber que invocação ele usou?

_ Acredito que ele falou "Lux Aeternum".

Nesse momento o homem que estava sentado ficou furioso e socou o próprio trono.

_ Quer dizer que meu grande amigo Élmig está vivo. Isto deixa as coisas mais interessantes. Não se preocupe mais com o menino. Você nunca conseguiria vencer Élmig mesmo.

_ Ele é tão poderoso assim? _ perguntou Nádria.

_ Digamos que ele pode dar muito trabalho. Mas ele não sabe o que o espera. Teremos que tomar outras medidas. Agora sabemos com quem estamos lidando. Pode ir.

As coisas ficavam cada vez mais perigosas para Carolline e seu irmão.

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