Capítulo 2

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Um rapaz de cabelos negros e olhos claros dirigiu-se para a "minha" sala e sentou-se encostado à parede ao lado da mesma. Eu não vou mentir, eu estava a focar muito nele e foi talvez por isso que ele olhou para mim e fez um gesto para eu me sentar ao seu lado. Eu, como o ser curioso que sou, assim o fiz.

- És da minha turma?- perguntou.

- 12°A?

- Sim. Estavas nesta escola no ano passado?

- Sim, reprovaram muitos na minha turma anterior e os que ficaram foram divididos por todas as turmas, aleatoriamente, ou seja, não conheço absolutamente ninguém.- respondi.

- Não te preocupes com isso, irás ter tempo para conhecer e digo-te já, se não conheceres não perdes grande coisa.- dito isto colocou os fones novamente nos ouvidos e eu fiz o mesmo. Não sei para que é que me chamou para a beira dele se foi para estarmos ambos no nosso mundo da música, mas não estou a reclamar.

Ouvi o toque de entrada e imediatamente se formou uma multidão pelos corredores. Já havia muita gente da minha turma à frente da sala mas nem bom dia tinham dito. O professor de filosofia entrou na sala, não tinha chegado atrasado nem um minuto. Entrei e instalei-me na última mesa da primeira fila.
Não foi uma aula cansativa, até porque eram as apresentações. Mas se queres que te diga, não sei se preferia uma aula teórica a isto. Enquanto te apresentas tens mais de 20 rostos a olhar para ti e a pensar coisas sobre ti que nunca saberás o que foram, é um bocado assustador.

Cheguei a casa e atirei me para a cama, fui dar uma vista de olhos nas minhas redes sociais, algumas pessoas da turma, com quem eu me dei melhor, seguiram-me em algumas delas. Sim, não sou uma completa anti-social. Preparei a mochila da natação e fui, a pé, até às piscinas municipais, onde decorriam as minhas aulas. Estava a fazer o aquecimento quando vi um rosto conhecido. Era uma rapariga da minha turma que se dirigia a mim.

- Nunca tinha reparado que andavas aqui.- afirmou.

- Eu também não. Andas em sincronizada?

- Não.

-Então deve ter sido por isso que nunca nos vimos.

- É provável, gostaste da turma?

- Não tenho nada a apontar, ainda. Há pessoas muito simpáticas.

- Ai é? Tipo quem?

- Tu, a Daniela e aquele rapaz de olhos muito azuis, não sei o nome dele. Não convivi muito com as outras pessoas por isso não posso comentar.

- Ah o Tiago. Não te aconselhava a aproximares-te muito dele, conselho de amiga. Um dia agradeces-me.

- Não vejo porquê.

- Não é uma boa companhia, confia em mim, o quão mais depressa te afastares melhor.

Acabei a aula, tomei um duche e voltei para casa. Tinha uma mensagem do Tiago, dizia "A que horas vais para a escola amanhã?"
Respondi que ia às mesmas e, instantaneamente recebi outra mensagem, "Eu vou também, podemos pôr a conversa em dia.".

AsfixiaOnde histórias criam vida. Descubra agora