Estava sentada em frente á janela do quarto, observando o céu nublado e a chuva que caía sobre o gramado verde. O dia estava triste e talvez eu estivesse também.
-Querida, pode vir aqui ? -Ouvi a voz de papai vindo do andar de baixo. -Temos visita.
-Claro, já estou descendo.
Me levantei e fui em direção a minha penteadeira, meus olhos estavam fundos e as olheiras bem visíveis. "Estou horrível" pensei. Mas do que importa a aparência agora? Mamãe já faleceu, não está mais entre nós para escovar meus cabelos e dizer que sou sua maior alegria.
Passei as mãos sobre meu cabelo que estava meio rebelde, mas foi em vão, respirei fundo e caminhei em direção as escadas de madeira que rangiam ao serem pisadas. Ouvi vozes de uma mulher e de um homem conversando com o meu pai, ao aparecer na entrada da sala todos me olharam mas, aquele homem olhava-me de um modo diferente, era um olhar profundo, encantador... Fazia-me sentir um arrepio dos pés até a espinha.
-Ai está ela! Lizzie, essa é a Sra.Wayne. -Meu pai disse se levantando com um sorriso no rosto, mal sabiam que aquela felicidade era apenas superficial, era usada para cobrir seu sofrimento.
-É um prazer conhecer a senhora. -Falei olhando-a meio admirada, sua pele é muito clara e seus olhos negros se fundiam com a pupila que era imperceptível.
-O prazer é todo meu minha criança. -Ela disse num tom muito simpático e me abraçou e ao sentir seus braços ao meu redor me assustei com o frio que emanava daquele grosso casaco. -Sinto muito por sua mãe, éramos muito amigas. -Mexeu-se desconfortável em seu casaco de pele.
-Obrigada, ela já me falou muito sobre a senhora. -Respondi meio sem jeito, o homem ao lado dela não parava de me olhar.
-Espero que sim. -Abriu um sorriso que eu correspondi.
-E esse é filho mais velho da Sra.Wayne, John Wayne. -Papai disse ao meu lado.
-Prazer John. - Estendi minha mão para cumprimenta-lo, mas ao invés disso, ele beijou o cos de meus dedos.
Fui surpreendida por esse ato e com certeza minhas bochechas ficaram coradas. Os olhos de John são idênticos aos de sua mãe, seus lábios são frios, porém seu olhar possuía muita vida ao me fitar.
-Sinto muito por sua perda Srta.Backham. -Disse e fez uma reverência pra que eu me sentasse também.
Sentei na poltrona ao lado de onde sua mãe estava, sua presença me deixava nervosa e era melhor ficar um pouco afastada, mas isso não impedia que continuasse a me fitar escancaradamente.
-Só Lizzie, por favor. -Sorri sem graça para o John.
-Claro, Lizzie. -Ele sorriu mas, havia algo por trás daquele sorriso e fazia com que eu despertasse interesse e o deixava misterioso. Minha mente gritava comigo que isso era perigoso e todo meu corpo me alertava o mesmo.
[...]
O final de tarde ocorreu calmamente, meu pai serviu chá aos convidados e eles mal tocaram na bebida. Conversamos por bastante tempo, a Sra.Wayne começou a falar de John de um jeito grandioso e de como estava muito orgulhosa de seu filho mais velho. Ela disse que ele tinha acabado de se formar em medicina e que já estava colocando em prática sua profissão, ela deixava bem explicito ele era uma pessoa muito determinada e que sempre corria atrás do que queria, seus olhos se enchiam de felicidade ao falar dele. Logo papai falou de mim também, e esse não era um dos meus assuntos prediletos. Porém o John parecia gostar.
-Também estou muito orgulhoso da Lizzie, ela passou para a faculdade Brasov para cursar Direito. –Papai disse todo contente e segurou minha mão.
-Tenho certeza de que ela se sairá bem Sr.Backham. –Disse com uma rouquidão de agradar os ouvidos de qualquer uma e novamente senti-me ficar rubra e desta vez por causa dos meus pensamentos, como podia ser tão atraente?
O que é isso que ele causa em mim? O modo que ele me olha me causa calafrios e algumas vezes no meu ventre, seria hipócrita se não o achasse simplesmente perfeito, seu olhar me atrai de um modo inexplicável. Ele diz as coisas como se tivesse certeza de todas elas.
-Filha, mostre a casa para o Sr.Wayne. -Papai falou sorrindo.
-Tudo bem. -Estranhei um pouco, mas decidi deixar o questionamento pra mais tarde. Olhei para o homem que me fitava esperando alguma iniciativa. -Vamos Sr.Wayne?
-Direitos iguais "Lizzie". –Disse e me acompanhou.
-Claro "John". -Me virei e percebi que ele estava me olhando.
Mostrei ao homem tudo o que teria de direito, ao subirmos as escadas mostrei-o onde ficava os quartos apontando para as portas. Não havia muito o que mostrar.
-Não vai me mostrar seu quarto? -Perguntou e aproximou-se mais, meus pontos nervosos do corpo apitaram, avisando-me do perigo.
-Oh sim, mas não repara. -Sorri tentando disfarçar minha indiferença já que nenhum homem que não fosse da família tivesse entrado, ele seria o primeiro, mas se papai pediu que o mostrasse a casa, acho que não há problemas.
Ao entrarmos olhei para o mesmo que estava rondando todo o quarto com o olhar, após ter olhado caminhou até a minha estante que estava lotada de livros. Coloquei meu dedo na boca mordendo uma pele, o gesto entregava meu nervosismo. Nunca tivera alguém que tivesse interesse de observar calculadamente meus livros.
-Gosta de ler não é mesmo? -Ele me olhou e sorriu folheando um livro de Shakespeare.
-É uma boa distração, sempre gostei... -Ele fala como se me conhecesse á muito tempo. E ás vezes parecia querer disfarçar algumas gafes.
Ele colocou o livro na estante e caminhou até a janela que eu estava a alguns momentos antes, fui até ele e ficamos olhando o tempo fora da janela, estava um dia escuro e frio. Virou-se para mim e colocou lentamente sua mão em meu rosto e me assustei com a sua atitude repentina, mas deixei-me levar por seus olhos intensos, ignorando todas minhas terminações nervosas que queriam que eu corresse. Mas eu podia sentir o carinho com que ele fez, olhava em meus olhos atentamente até descer seu olhar para a minha boca. Meu coração palpitou mais forte e as minhas mãos estavam soando frio, se ele queria me deixar confusa, conseguiu com maestria.
-Continua tão linda... –Enlaçou-me em seus braços e aproximou-se do meu rosto.
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Cold Kiss
VampireLizzie Backham mora na Transilvânia desde quando nasceu, quando fez 17 anos sua mãe faleceu por uma causa desconhecida por seres humanos. Com tudo isso, acabou por conhecer uma velha amiga de sua mãe e seu filho mais velho, que possui segredos e um...