Capítulo Oito - Alex

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Eu sinceramente não sabia o que iria acontecer quando apresentasse Tóquio para Cato.

Fui até sua tenda, segurando na mão dela. Eu ficava bastante nervoso quando estava ao lado de Tóquio, mas me fazia de durão para ela não perceber. Mas agora que Caleb havia aberto sua boca grande, vai ser mais difícil fingir.

Entramos e como eu imaginei, lá estava Cato, sentando com uma caneta em mãos anotando algo.

Pigarreio. - Olá, Senhor Cato. Chegamos.

Ele levantou os olhos lentamente e, parecia mais velho e mais preocupado que a última vez que o vi.

- Oh! Finalmente, Alex. Esta deve ser Tóquio, não é?!- diz ele com um sorriso cansado.

- Sim, Senhor Cato.- respondeu Tóquio.

Ele nos olhou, examinando, e parou o olhar por alguns segundos nas nossas mãos. Ele olhou no fundo dos meus olhos.

- Ora, Alex. Você sabe bem que é contra as leis, o que você pretende.- disse ele.

Estremeci. Odiava por ele ter o poder de enxergar o interior de tudo. Droga.

- É, me desculpe Senhor Cato. Prometo não pensar mais nisso.- eu disse soltando a mão de Tóquio. Não queria, mas estava sobre olhos obrigatórios.

Percebi que ela me olhava meio confusa. É claro, não sabia o que estava acontecendo ali.

- Me perdoe, Senhor Cato, mas eu poderia saber o que é contra as leis?- perguntou Tóquio. Droga, ela não devia dizer nada.

Ele a olhou, do mesmo jeito que me olhou.

- Tóquio Vitta. Esse nome ainda vai trazer muitas guerras enquanto você estiver viva e estiver aqui.- disse ele.

- Não precisa se importar com nada que aconteceu aqui. Você pode ficar no clã todo o tempo que precisar e quiser. Mas, não me desagrade, ou eu serei obrigado a lhe entregar pro Mitobe.- ele disse com um olhar macabro.

Senti que Tóquio estremeceu, assim como eu. Não conseguia cogitar a idéia de perdê-la.

- Tudo bem, Senhor Cato.- respondi antes que ela abrisse a boca de novo. - Vou mostrar a ela onde vai ficar. E obrigada por tudo que tem feito, Senhor. Com licença.- eu disse.

Ele sorriu. - Tudo bem, Alex. Mostre tudo e ensine-a bem. Eu não quero mais problemas aqui.

Acenei com a cabeça e sai, com Tóquio me seguindo. Como ele poderia entregá-la tão facilmente? Estava com muita raiva.

- Ele vai mesmo me entregar?- perguntou Tóquio.

- Não se preocupe.- disse duramente.

Ela segurou meu braço, me fazendo encará-la. - Como assim? Além da vida da minha mãe estar correndo perigo, eu ainda posso ser entregue também Alex. Como posso não me preocupar?- senti um ar de raiva nas palavras dela.

- Olhe só, se ele entregar você, eu irei atrás. E irei quantas vezes for preciso. Eu disse que vou te proteger, e farei até o que não estiver ao meu alcance.- eu fiquei encarando ela, aqueles olhos puxados. Mas logo me virei e segui em frente. Não podia quebrar de novo a mesma lei. Me custou caro da última vez, e se eu perdesse Tóquio também, mataria Cato e até Mitobe para me vingar.

Fui direto para o campo de treinamento, se eu iria ensinar Tóquio, que fosse rápido.

- Apareceu não é, Alex.- olhei na direção. Sabia de quem era aquela voz. Aylla.

- Voltei para te infernizar mais, Aylla.- respondi.

Ela abriu um sorriso e logo veio me abraçar. Para ser sincero, senti saudades das implicâncias dela.

- Como foram as coisas? Onde está...- ela parou, fechando a cara na direção de Tóquio.

- Esta é Tóquio, Aylla.

- Sim, eu percebi. Oi, Tóquio.- ela parecia brava.

Tóquio a comprimentou e Aylla voltou-se para mim.

- Você sabe que não pode, Alex.- disse ela, baixo.

- Eu sei Aylla, eu não vou tentar algo com ela. Sei quais são as consequências, não precisa me lembrar.- respondi entre dentes.

Aylla se afastou e foi falar com Tóquio.

- Olha, garota bomba, eu e Alex vamos te ensinar a lutar. Depois ele e Caleb vão te ajudar a descobrir seus poderes. Jonatas vai te dar aulas de estratégia, sobre a supervisão de Alex. Não se meta a besta e estrague tudo.- e saiu.

Eu ri baixo, Aylla tem o jeito de agir assim com quem intimida ela.

- Bom, já vi que Aylla é adorável.- disse Tóquio e eu sorri mais ainda.

- Não se preocupe, ela vai nos ajudar. Vamos, seu quarto é logo ali.

Chegando lá, lhe mostrei tudo e disse que já iria.

- Ah, e mais tarde, trarei Jonatas pra te conhecer também. Se sair, e se encontrar com Calvin, não dê brecha. Ele é egocêntrico porque pode falar com todos os animais e é o único aqui que tem um tigre dentes-de-sabre.- eu disse dando de ombros e, quando ia sair, ouvi Tóquio dizer:

- Você não vai ficar aqui?- aquilo me fez estremecer.

- An... Eu não posso, Tóquio. Temos regras bem rígidas aqui. Mas se precisar de algo, pode me chamar daqui mesmo.

Me virei e sai. Não queria, mas, se ficasse acabaria quebrando a regra. Tóquio mexia comigo, admito.

Fogo em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora