Capítulo Dez - Alex

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Como foi difícil sair dali. Tóquio me olhava brava mas eu não podia contar a ela. Mas... Ah! Como eu queria voltar lá e contar tudo.

Como se já não bastasse, tinha que me encontrar com ele.

- Alex Ching!- veio Calvin em minha direção.

- Calvin.- disse eu sem entusiasmo.

Ele me olhou com um certo desprezo. Mas eu nem me importava com isso.

- Como foi a busca pela... Qual é o nome dela mesmo?- ele sabia, mas disse com deboche.

- Tóquio.- respondi.

- Sim, a menininha que a gente tem que salvar.- disse ele sorrindo.

- Olha, não estou com tempo para seus deboches e suas brincadeiras, então, me dê licença.- disse.

- Claro, mas se lembre das regras, Alex.- disse ele atrás de mim.

Saí apressadamente. Eu sabia das regras, e não precisava de mais ninguém me dizendo o que fazer. Fui direto para minha tenda e lá estavam Aylla e Jonatas. Ele se gostavam, mas fingiam muito mal.

- Ah, agora vocês.- disse, fingindo não gostar da presença deles.

Eles fecharam as caras e eu comecei a rir.

- Ah, você não presta não é, Alex.- disse Aylla.

- Não tanto quanto Jonatas.- respondi piscando para eles.

Aylla revirou os olhos e me olhou seriamente. Aquilo me deixou nervoso, quando ela fazia aquela expressão, algo de errado não estava certo.

- Tudo bem, conte logo o que houve.- disse a ela.

- Olha só, sabemos de algo que vai te agradar. Mas, não pode contar a ninguém. Eu mesma me encarregarei de contar a Caleb pra que ele não abra aquela boca.- disse ela.

Fiquei confuso e Jonatas percebeu.

- Alex, você está encarregado de proteger Tóquio e a mãe dela, não é?!- disse ele.

- Bom, sim. Mas o que tem a ver?

- Pensamos em algo.- disse ele se referindo a Aylla.

- Se você...- Cato entrou de repente.

- Se ele o quê?- disse.

Engoli em seco. Olhei para Jonatas e Aylla que mais pareciam uma versão morta deles.

- Se ele me ajudar a conseguir uns ingredientes, para uma nova magia que estou aprendendo, ajudo ele a conseguir roupas novas.- disse Jonatas rapidamente. Ele era tão bom em mentiras quanto com magia.

- Sim...- disse Cato desconfiado.

- Eu vim aqui para saber quem vai começar a orientar Tóquio primeiro.- disse ele nos olhando.

- Eu vou começar amanhã mesmo.- disse Aylla.

- Ótimo. Eu espero que não exploda tão rápido, Aylla.- disse Cato com um sorriso torto.

Ela o olhou como se fosse parti-lo ao meio. Odiava quando ele queria lhe dar ordens.

- Sim.- disse ela entre dentes.

- Bom, então eu já vou indo.- disse Cato ignorando o olhar de Aylla.

- Thomaz vai ficar no meu lugar por enquanto. Preciso resolver alguns problemas.- disse ele saindo.

Thomaz era bem mais legal que Cato. Sorria até para os ventos. Olhamos para Cato e dizemos boa viagem em uníssono.

Logo que ele saiu, soltamos as respirações que estavam presas. De alívio.

- Finalmente vamos ver paz por aqui.- disse Aylla.

- Bom, agora vocês podem terminar aquele assunto.- disse eu curioso.

- Não podemos, Alex. Como já viu, as paredes têm ouvidos aqui. E isso é muito perigoso.- disse Jonatas seriamente.

- Tudo bem então.- respondi.

- Bom, vamos Jonatas. Temos que deixá-lo descansar.- disse Aylla.

Eles saíram e me deixaram sozinho. Aylla tinha razão. Eu precisava descansar, mas queria muito saber o que eles tinham em mente e por que Tóquio estava envolvida nisso.

Me deitei, mas não estava conseguindo dormir. Só pensava em Tóquio e como seria tratá-la como se nem existisse. Não conseguiria, mas por ela, teria que tentar. Decidi ir para a arena treinar um pouco.

Chegando lá, comecei a lutar com alguns improvisos do clã. Não eram como pessoas e nem como lutar de verdade, mas eu precisava tirar Tóquio da cabeça.

Não percebi, mãos me abraçaram por trás e me virei assustado para ver quem era.

- Ah! Não faça isso Taila.- disse realmente bravo.

- Ah, Alex. Não se assuste comigo, sabe que sou eu.- disse ela com um sorriso sarcástico.

Taila era uma garota que chegou a 4 anos no clã. Soube que foi resgatada de casa porque estava descobrindo seus poderes e chamava muita atenção por isso. Ela podia controlar luzes e as vezes podia se transformar em outra pessoa e isso era perigoso. Aylla havia me contado que ela gostava de mim e eu não tinha dúvidas. Sempre me olhava com desejo e sorria. Gostava dela, mas não conseguia corresponder.

- Por favor, Taila, saia e me deixe treinar.- disse eu mais calmo.

- Ah, Alex. Faz tempos que não te vejo. Estava com saudades.- disse ela tocando meu braço.

- Por favor Taila.- disse me esquivando dela.

Ela saiu pisando forte. Não me importava realmente com isso. Ela queria ficar comigo, mas eu não queria. Gostei de uma garota a algum tempo e ainda não tinha esquecido dela. Mas quando olhei para Tóquio, vi ela. E por um momento, pensei que ela ainda estivesse viva. Mas não estava. Tóquio me encantava e não conseguia parar de pensar nela, tinha algo diferente. Talvez sua ignorância, que me divertia, mas... Ahhh Alex! Esqueça. Você veio aqui para isso, esquecê-la. Fui interrompido do meu próprio sermão.

- An... Queria falar com você...

Fogo em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora