Capítulo Três

48 1 0
                                    

Se passaram três aulas. Tóquio estava farta desde a segunda, ainda mais com aquela professora dorminhoca que falava mais lento que ensinava. Ainda pensava no incidente com o tal garoto chamado Alex. Não gostou de como agiu com ela, mas ela também não foi flor com ele. Odiou o jeito despresivo que olhou para ela.

Mas espere um pouco... Era o mesmo olhar que seu pai e aquele estranho do ponto faziam para ela. Mas que coisas esquisitas estavam acontecendo? Não podia simplesmente ser o que sempre foi? Por quê estavam olhando para ela logo agora?

Ficava se fazendo essas perguntas tantas vezes que acabava esquecendo o que estava acontecendo ao seu redor. O professor dizia algo de um aluno novo na sala, que ela não estava nem um pouco interessada. Até olhar na direção dele.

Sim, era ele. Justo ele. Alex. Mas o que estava fazendo ali? E por que estava olhando tanto para ela? O que diabos estava acontecendo?

- Gente, este aqui é Alex Ching. Ele será novo aluno aqui então, sejam educados. Bem-vindo, Alex.

Alex agradeceu e foi se sentar. Mas ele foi se sentar quase perto de mais de Tóquio. Ela sentiu um frio e um arrepio na nuca, que estranhou. Quando olhava de relance para trás, o pegava olhando fixamente para ela. Ignorava nervosamente e se voltava para o que estava sendo aplicado na aula.

Ficou por um tempo fitando o relógio, pedindo para que ele andasse mais rápido, para ela se livrar daquele olhar. Enfim, o sinal tocou e ela pensou, "finalmente!". Mas ela cantou vitória cedo de mais.

- Tóquio.- Ela ouviu.

Se virou e encarou o rosto sem expressão de Alex.

- O que foi?- Disse ela duramente.

- Preciso conversar seriamente com você.

Ela parou.

- Mas o que quer... Conversar comigo?- Perguntou meio confusa.

- Vamos para algum lugar. Não posso dizer nada aqui.

Ela o olhou seriamente e respondeu.

- Mas por que eu iria a algum lugar com um babaca feito você?- Ela não podia ter sido tão grossa, mas também não esqueceria tão fácil o que ele havia dito a ela.

Ele a olhou impaciente e disse:

- Agora não é hora para você ser grossa comigo. Se você quiser salvar a sua mãe, pare de ser estúpida e venha.

Ela o olhou incrédula, sair da sala em silêncio. Como ele podia falar assim com ela? Ele nem a conhecia. Mas houve algo que ele disse que mexeu com ela e se quisesse descobrir, teria que segui-lo.

Ele parou em um lugar que ela nem fazia idéia que existia ali. Mas como ele sabia daquele lugar? Tudo estava sendo muito, mas muito estranho. Ele se virou e a encarou. Por um estante, ela achou ter visto um meio sorriso em seu rosto, mas logo que ele percebeu que ela tinha visto, fez a carranca de novo. Sério, ela não conseguia entendê-lo.

- Então, o que houve para ter que falar comigo a sós?- Perguntou ela curiosa.

- Você precisa me obedecer, caso contrário, tudo isso que você chama de vida, vai virar um nada.

Ela se assustou um pouco com o que ele disse e preparou o tom de voz para responder.

- Vem cá, dá pra você ser mais direto, porque eu não vou te obedecer nem que me pagassem.

- Você quer que eu seja mais direto que isso?- perguntou ele.

- Ora, mais é claro. Acha mesmo que um garoto desconhecido me pede para obedecê-lo sem nem sequer me explicar os motivos disso. Você é mais idiota do que eu pensava.

Ele olhou-a furioso e entre dentes respondeu:

- Você acha que foi fácil te encontrar, garota ridícula? Não sabe quantas noites na rua eu passei pra vir aqui te proteger. Eu estou dizendo que se você não colaborar, toda sua vida de merda vai sumir feito pó.- Disse ele, meio alto.

O tom que ele havia usado, a fez tremer. Nunca tinha ouvido alguém falar assim com ela. Mas não deixaria ele sair dessa tão fácil.

- Olha o jeito que você fala comigo, garoto, não é assim que se pede favores.

Ele suspirou fraco e respondeu:

- Tudo bem. Vou lhe explicar tudo do começo. Mas você vai ter que me prometer que não vai dizer a ninguém, nem para a sua mãe.

- Nem para o meu pai?

- MUITO MENOS!- Disse ele alto e claro.

- Mas por quê?- perguntou confusa.

- Porque se ele souber, vai matar todos nós mais rápido que planeja.

Ela arregalou os olhos indignada. Como assim seu pai mataria alguém? Ainda mais ela. Nunca viu o pai matar nem um rato, sequer uma pessoa. Mas o que aquele garoto estava falando? Estava insinuando muitas asneiras sobre seu pai sem nem o conhecer, e aquilo a enfureceu.

- Como ousa falar que meu pai, Mitobe Fheng, mataria alguém, sem nem o conhecê-lo, imbecil?- Ela estava quase voando no pescoço dele quando a resposta parou sua respiração.

- Porque ele matou seu avô, meu mestre.

Fogo em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora