Capítulo 23

59 9 1
                                    

“Aqui, na floresta escura e profunda, eu ofereço-te o sono eterno.” O Austin proferiu.

Eu percebi no preciso momento o que ele quis dizer com aquilo, mas talvez eu quisesse mesmo assim. É como uma maldição, um feitiço que te faz trocar o bom com o errado. Tu simplesmente queres aquilo, mesmo que seja mentira ou que não dure e que seja completamente impensável acontecer. É a oferta do sono eterno, uma promessa de uma mentira que nunca ira ser revelada. E eu não estava minimamente preocupada, pois aqui, na floresta escura e profunda, eu vi a sua alma brilhar.

Os nossos corpos continuavam abraçados e eu senti os batimentos do seu pequeno coração contra o meu peito assim como a sua calma respiração.

Uma bolinha branca fria caiu sobre a minha cabeça e começou a tempestade.

“Vamos!” o rapaz disse e puxou-me para algum lado. A tempestade piorou e desatamos a correr floresta fora. O chão começava a ficar branco e o vento tornava quase impossível a nossa visão. Depois de uns minutos chegamos a uma clareira e consegui ver uma pequena casa á nossa direita. Começamos a correr para lá e conclui que a casa era do Austin assim que o vi tirar a chave do bolço e abrir a porta. Entrei e vi uma espaçosa sala com mobília numa madeira clara, um tapete branco com a forma de um animal estava deitado no chão em frente a uma grande lareira de pedra.

“Vou buscar cobertores.”

“O que?” Guinchei em surpresa.

“Vou…Buscar… Cobertores.” Ele disse pausadamente como se eu fosse uma criança.

“Eu percebi isso! Não sei é o porque!” Ele olhou com uma careta para mim como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

“Olha se calhar porque está uma tempestade de neve do outro lado destas paredes!” ele mexeu as mãos a indicar a casa á sua volta “ e tu não estas bem agasalhada!” ele terminou.

“Austin, eu tenho que voltar para casa! AGORA!” gritei a ultima palavra e comecei a andar para a porta. Foi impedida quando umas mãos rodearam a minha cintura impedindo-me de andar.

“Tu és doida se pensas que vais lá para fora com este tempo!” O rapaz de cabelos encaracolados afirmou. Olhei para a janela ao lado da porta de madeira e observei um chão coberto de neve e um nevoeiro a tapar qualquer existência de árvores ou rio.

“Tu não estas a perceber! Os meus pais tem um AVC se acordarem e eu não estiver lá!” eu sei que sim. Eles sofreram muito no ano passado quando eu desaparecia para fugir ao mundo e não quero que eles passem esse susto outra vez.

“Mandas uma mensagem!” O Austin disse como se fosse assim tao fácil.

“Não! Eu tenho que voltar!” Larguei-me dele e corri em direcção á porta. Abria-a e desatei a correr.

“Fodasse Macy volta aqui!” ouvi-o gritar mas continuei.

Os meus pés estavam a enterrar-se na neve e eu não conseguia andar ou ver. Comecei a rodar a cabeça e olhar em volta á procura de alguém. Este cenário era aterrador. Eu não via ninguém, sentia a força do vento na minha face como se fosse uma chapada. A neve continuava a cair e a escuridão da noite parecia que me estava a engolir. Fiquei tonta , os meus joelhos caíram e cada pelo do meu corpo arrepiou-se ao sentir a fria mas bonita neve. Ergui a cabeça e vi um Austin a correr até mim.

“Tu és ainda mais doida do que o que eu pensava!” Ele disse ao mesmo tempo que me pegou. Rodeei o seu pescoço com os meu braços e deixei que ele me carrega-se sem uma única palavra proferida. Fechei os olhos e inspirei o seu perfume ao mesmo tempo que colocava a minha cabeça no seu peito.

Pluviophile |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora