Jardim e Fotos

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— Está pronta, Anne?

— Sim, estou. — Mamãe disse que iria me levar a escola hoje, já que seria o primeiro dia.

Entramos no carro e fomos. Não era longe de casa, mas como não conhecia nada, ela ficou com medo de que eu me perdesse. Logo, paramos na frente da escola.

— Não esquece do papel.

— Eu sei mãe, relaxa.

Havia um aluno ou outro na frente da escola. Ainda estava cedo. Entrei, me deparando com um corredor cheio de armários. Procurei a secretaria, e entreguei o papel para a moça que estava lá. Depois, resolvi dar uma olhada por aí, vendo outros corredores e algumas salas de aula. Voltei ao pátio e notei que haviam mais lugares para os lados. Fui para a direita, onde havia um jardim.

Que lugar lindo, não parece que estou dentro de uma escola...

Haviam alguns bancos de madeira espalhados, e fui em direção ao que estava mais perto, pensando que tinha achado o meu lugar preferido. Peguei meu celular na mochila e tirei algumas fotos, gostando do resultado.

Vou trazer minha câmera amanhã.

Fui guardar o celular, mas escorregou da minha mão e foi parar debaixo do banco. Me curvei e, junto ao celular no chão, havia um pequeno caderno. Peguei os dois, e dei uma olhada nas folhas da caderneta, encontrando vários poemas escritos, alguns versos e frases soltas. Procurei um nome, ou qualquer identificação, mas não tinha nada. O guardei. Talvez eu achasse de quem era, mais tarde.

Voltei ao pátio e fui para o outro lado. Era o ginásio. Quando retornei, vi mais pessoas chegando e me apressei para a minha sala, que ainda estava vazia. Pude escolher um lugar tranquilamente e acabei pegando a quarta carteira, da fileira da parede.

As pessoas que entravam, olhavam diretamente para mim.

Que vergonha...

Fiquei encarando a mesa e logo senti alguém passando e sentando atrás de mim.

— Ei, esse lugar já tem dono. — Olhei para trás, vendo um garoto de cabelo vermelho ocupando o lugar.

— Não precisa sair. — Outra voz disse, de repente, assim que eu tomei impulso de levantar. Ergui o olhar, notando um garoto de cabelos brancos próximo de nós.

— Não... — Levantei, puxando a mochila. — Desculpa, não precisa sentar em outro lugar. — Senti minha cara queimando.

— A mesa do lado está vaga, por que não se senta nela? — perguntou ele, gentilmente.

Rapidamente me sentei na carteira que ele havia apontado.

— Agradeço sua gentileza — falou, antes de se sentar no lugar recém vago.

O olhei, ainda envergonhada. — Imagina...

Nossos olhos se encontraram, e eu me peguei surpresa pelo garoto ter heterocromia. Quando percebi o que fiz, abaixei o rosto e fingi que estava pegando algo na mochila.

— Bom dia, pessoal. — O professor entrou na sala, animadamente. — Estão sabendo da nova aluna? Ela se chama Anne. — E me olhou. — Quer se apresentar?

Já fiquei vermelha de novo, e neguei com a cabeça rapidamente, ouvindo algumas risadas.

— Tudo bem, tudo bem! Seja bem-vinda! — Sorri para ele, em um agradecimento silencioso.

A aula foi passando, e eu tentei anotar tudo o que ele falava. Era difícil chegar assim, de paraquedas. Eu ainda não tinha chegado nessas aulas na outra escola e provavelmente teria que me esforçar mais para alcançar a sala.

Duas CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora