Café da Manhã e Um Dia de Sol

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Acordei com a luz invadindo o cômodo, e alguns barulhos. Lysandre não estava mais do meu lado. Levantei a cabeça, procurando de onde os sons vinham, e localizei o platinado na cozinha. Ele colocou o cabelo atrás da orelha e olhou em minha direção.

Ele sorriu, voltando a atenção para o que fazia. — Bom dia.

Cocei os olhos e passei a mão no rosto e no cabelo. Me espreguicei e levantei. Andei até a meia parede e apoiei os cotovelos nela. — Bom dia.

Acabei rindo sem perceber, pensando que parecia que éramos casados.

— O que foi? — Colocou algumas fatias de pão em uma torradeira, acima da pia.

— Nada. Você que faz o café da manhã aqui?

— Às vezes. Leigh quase sempre acorda um pouco atrasado, então não costuma comer. Apenas faço café. — E me olhou. — Você toma café?

— Sim, com leite.

— Quer comer agora?

— Quero ir ao banheiro primeiro.

— Aqui no corredor ao lado, abaixo da escada.

Fui até o pequeno corredor. Haviam duas portas, uma no fundo e outra exatamente abaixo da escada. Entrei, e fechando a porta, olhei no espelho. Meu cabelo estava bagunçado e meu rosto corado. Devia ter vindo antes.

Lavei o rosto e tentei arrumar a juba o máximo que pude, sem sucesso. Lembrei do momento no sofá, e acabei ficando mais vermelha. Como tive coragem de fazer aquilo?

Molhei as bochechas, tentando resfriá-las. Respirei mais uma vez e saí.

Lysandre estava arrumando a mesa. Me sentei na primeira cadeira, ao mesmo tempo em que elle voltou a cozinha e trouxe um prato com várias torradas. Depois, se sentou na cadeira em frente à minha. Apesar do barulho das torradas sendo mordidas, ainda havia um silêncio constrangedor.

Mas de alguma forma, eu me sentia mais próxima dele. Eu sei, ele não viu nada, nem sentiu, foi só eu, apenas eu... Mas não deixo de ficar feliz com isso.

Preciso pensar em alguma coisa para dizer...

— Eles... sempre demoram para acordar?

— Sim. Se é algo que eles têm em comum, é que dormem demais.

Dei risada. — E você? Não gosta de dormir?

— Gosto, mas não é algo que eu mais goste de fazer. Durmo o suficiente. Sinceramente, se pudesse, quase não dormiria.

— Ficaria escrevendo a noite toda?

— Talvez... Se não houvesse outras coisas a se fazer. — Ele apoiou os cotovelos na mesa, segurando sua xícara na altura da boca.

— Tem algum exemplo do que poderia fazer?

Ele olhou em meus olhos. — Tenho muitos... Seria difícil escolher.

Deixei o braço esquerdo sobre a mesa, e apoiei o outro com o cotovelo, e a cabeça na mão. — Pode dizer quantos quiser — desafiei.

De onde eu tirei coragem pra falar isso?

Ele deu um sorriso de lado, me fazendo corar.

Está querendo me seduzir? Pois saiba que já conseguiu.

— Bom, depende se estaria acompanhado ou não. Mas... — Abaixou a xícara e a olhou. — Se estivesse sozinho, poderia além de escrever, desenhar, ouvir música, assistir filmes, ler...

Duas CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora