Estrelas, Lua e Duas Cores

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Ficamos o dia todo andando de patins, e ainda compramos sorvete de vez em quando. No final do passeio, voltamos para a rua perto da minha casa.

— Lys... eu vou para casa, tomar um banho.

— Você vai voltar? — Ele me encarou, curiosamente.

— Sim, se você quiser...

Ele sorriu. — Quer que eu te acompanhe?

Querer eu quero, mas...

— Bom, vamos. Mostre-me onde você mora. — Demos alguns passos para o sul, e logo paramos em frente ao meu portão.

— É aqui.

Não sei o que faço, se o convido para entrar, ou me despeço...

Sentei-me no degrau, e tirei os patins enquanto raciocinava. — Bem, eu vou entrar. Logo eu volto, tudo bem?

— Tudo bem, até já — disse, indo para a rua.

O olhei indo embora até virar a esquina e entrei, deixei os patins na sala e fui tomar banho, com mais calma daquela vez. Depois que terminei de me trocar, vi que haviam algumas mensagens de minha mãe no celular, e não demorei em responder.

Já estava escuro quando saí. Cheguei na casa deles e entrei, vendo que não tinha ninguém na sala e nem na cozinha, mas ouvi vozes vindo do quintal. Fui até o corredor, e a porta do fundo estava aberta, e segui para lá. Era um quintal grande, quadrado, com um pequeno jardim no fundo. A parte onde eu estava era uma lavanderia coberta.

Lysandre estava em frente a uma churrasqueira. Rosa e Leigh estavam sentados numa mesa redonda, não muito perto, na parte descoberta do quintal.

Me aproximei de Lysandre e ele me olhou. — Você gosta de peixe?

— Sim, bastante.

— Eu também gosto. Está com fome?

— Sim. Só percebi quando estava tomando banho.

Ele riu. — Eu também. Fiquei distraído o dia todo.

Olhei os peixes na grelha, sentindo meu rosto esquentar.

— Pode segurar, por favor? — Ofereceu-me um prato. O segurei, enquanto colocava os peixes nele. Levei o prato até a mesa, e logo começamos a comer.

Ele cozinhava muito bem.

Depois que terminamos, arrumamos as coisas e voltamos ao quintal. Sentamos no chão, que estava morno. Lysandre deitou do meu lado.

— O céu está lindo — comentou.

Olhei para cima. Muitas estrelas estavam visíveis, e a lua estava cheia, incrivelmente branca e brilhante.

O imitei, deitando também, enquanto ele me contava alguns nomes de estrelas. Seus olhos brilhavam com a luz da lua, dando ênfase no que dizia, parecendo realmente gostar do assunto. Em um momento em que eu o admirava, Lysandre virou o rosto para mim. Ficamos nos olhando por um tempo e meu rosto ficou quente, mas eu não desviei o olhar. Ele sorriu, virando o corpo, e ficando de lado, apoiado no braço esquerdo, ficando um pouco mais alto do que eu.

— Será que você me permitiria fazer uma coisa?

Meu coração acelerou, ainda mais. As borboletas no estômago logo iriam furá-lo e sair voando. Fiquei sem voz. Virei um pouco o rosto, ficando alinhado com o dele.

— Isso é um sim? — Riu, divertido e leve.

Eu estava morrendo de vergonha. Acabei baixando o olhar, e coloquei a mão no meu pescoço, rindo, já sabendo, de alguma forma, o que me esperava. Lysandre segurou meu rosto e o levantou, se aproximando, até que encostou seus lábios nos meus, fechando os olhos.

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