Olhares e Descobertas

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Nas matérias do dia, pedi ajuda a Rosa, que me ajudou tão bem quanto Lysandre.

O sinal do intervalo tocou e, pensando que ela também devia ser fotogênica, peguei a câmera da mochila sem que ela notasse. Discretamente, comecei a tirar algumas fotos dela.

— Rosa?

— Hm?

— Olha aqui. — Quando ela olhou, apertei o botão.

— Ei! — Ela riu. — Quem deixou?

Eu dei risada. — Ficou legal. Você nem percebeu.

— Tirou mais? Deixa eu ver!

Entreguei o aparelho e ela passou as imagens. — Ficou engraçado.

— Você é fotogênica, ficaram boas.

— Hmmm.

— O que foi?

— Estou tirando foto sua.

— Não! – Tentei pegar a câmera de volta, e ela se esquivou. Tampei o rosto com as mãos. — Para com isso!

— Ok, parei. — Assim que destampei o rosto, ela clicou novamente. — Mais uma!

— Chega, menina!

Ela caiu na gargalhada. — Tudo bem, toma. — Me devolveu o aparelho e eu rapidamente o desliguei e guardei na bolsa

As outras aulas passaram voando. Assim que cheguei em casa, me joguei no sofá e comecei a olhar as fotos. Nas que a Rosa havia tirado de mim, acabou pegando Lysandre de canto, que sorria, nos observando, se divertindo com a cena. Passei as fotos para o notebook, e deu para ver melhor os detalhes.

As fotos dele no jardim ficaram realmente boas. Fiquei orgulhosa.

— Quem é esse? — Mamãe surgiu do nada, atrás de mim.

— Que isso, mulher! Que susto.

— Quem é? — insistiu.

— É o Lysandre!

— Mas já está tirando fotos dele assim?

— N-não é o que você tá pensando.

— Ah, não?

Quantas vezes vou ter que explicar isso?

Expliquei pra ela o que falei outras duas vezes.

— Hmm... Se você diz. — E saiu.

Desisto de explicar alguma coisa.

Umas semanas se passaram. Sai de casa para mais um dia de aula, caminhando devagar pela calçada. Um pouco mais a frente, vi Lysandre do outro lado da rua. Passei para a outra calçada.

— Lysandre? — chamei, porém, ele não ouviu. Andei mais rápido e fiquei do seu lado. — Lysandre? — E aí ele me notou.

— Oh, desculpe, estava distraído.

Dei risada. — É, eu percebi. Está tudo bem?

Sorriu. — Sim, muito bem. E você?

— Também estou. Você mora aqui perto?

— Sim, algumas ruas para trás. E você?

— Eu também... — Sem notar, baixei o olhar para seus pés e para o alto.

Ele corou levemente. — O que foi?

— Não tinha reparado em como você é alto.

— Ah... — Riu. — Não sou tão alto assim.

Duas CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora