O que é você?

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Me chamo Diane Báthory e eu namoro o garoto mais lindo da escola, e a única coisa que eu consigo pensar é como o odeio

- Ai está você – diz ele me abraçando por trás e beijando meu rosto

- Eu já estava com saudades meu amor – sorrio ironicamente, será que ele não se toca?

- Como eu sou um bom namorado hoje vou te levar pra casa, vamos?- Ivan como eu te quero morto, só consigo sentir nojo de você seu verme!

Ao dobrar a esquina ele solta minha mão e pluga os fones e fica mudo, misterioso como sempre, eu não ligo, pois desde que estamos namorando tenho me aproximado mais e mais do Eugene, de certa forma; preciso manter esse namoro falso

- Nossa como essa semana passou rápido não é mesmo?Ele me observa de canto de olho, mas não responde - Ivan, você pode me dar atenção, por favor!

- tira a maquiagem pra que eu possa ver, aquilo que você se esforça pra esconder, agora somos só nós dois já podes parar de fingir – cantarola o imbecil

- Eu adoro essa musica, mas não me lembro à banda... Quem é que canta?

- Eu sei o que você é – diz ele franzindo a testa ao me encarar

- Sou só sua meu amor

- Vai se foder sua psicopata de merda- murmura ele tirando o lado direito do fone seguido de um cigarro á boca

- O que você disse?- meu coração acelera por um momento

- Esse encanto superficial, mentiras sistemáticas, comportamentos impulsivos, egocentrismo, essa incorrigibilidade, sua insensibilidade e por últimos essa sua falta de consciência moral é a prova disso, não tente me enganar

- O que há de errado com você Ivan?

- Isso esta começando a me entediar, quer saber como eu descobri?

Fico em silencio sem saber o que falar

- Pelo visto vai ficar muda mesmo, na quarta passada a jade e você discutiram sobre a existência divina lembra?É claro que você possui uma melhor argumentação então levou a melhor na discussão, em seguida jade me perguntou se eu acreditava em deus e eu disse que sim, e contei a todos sobre os cachorrinhos se lembra agora?

- É você fez um comentário...

- Quando eu era pequeno, meu primo me deixou tomando conta dos cachorrinhos que deixaram numa caixa em frente a sua casa, eram sete cachorros; Eugene e seus pais tinham programado uma viagem a Orlando,e mais alguns lugares no exterior e ficariam fora por 2 meses, ele me pediu para alimentar os cachorros,já eram da idade de quase um ano, então eu resolvi fazer uma experiência com eles

Deixei os sem comer por alguns dias,quando estavam famintos os dei carne crua,ele devoraram em instantes, em seguida levei um comigo e deixei o resto passando fome novamente

Eu esquartejei o que tinha levado e dei os pedaços para seus irmãos comerem, no inicio eles apenas cheiravam, mas dado um momento a fome falou mais alto

Então eu mantive o ritual até que só sobrassem quatro e fiquei os observando para ver se cometeriam canibalismo, eles nada fizeram porem um em questão era mais miúdo e sentiu a fome apertar mais cedo, ficou debilitado e morreu

Ao ver o que havia acontecido prossegui imutável, deixei o morto e peguei um vivo; logo em seguida joguei seus restos para os outros devorarem, mas um deles após comer, voltou-se para o morto e o devorou, os outros nada fizeram

Na semana seguinte eu voltei e lá estava ele, deitado se fingindo de morto; ele havia devorado seu irmão, pois percebeu que eu matava apenas os vivos, então quis se passar pelo morto; aquele cachorro era fascinante, é claro que depois disso eu matei os outros e o deixei vivo

É por isso que eu acredito em deus, nesse exato momento ele esta nos alimentando de nós mesmo, o homem faz guerra, causa a fome, miséria, consome desenfreadamente os recursos de seu planeta em seguida põe a culpa no divino por isso, mas de fato, quem esta nos devorando não é nós mesmos? Entende essa analogia Diane? Se com cachorros a experiência é fascinante imagine com humanos...

- Isso até faz sentido. Mas não existe nenhum argumento científico que prove o que acabou de dizer

- Como eu disse. Incapaz de ter consciência moral e sentir emoção alguma pelo próximo, qualquer outra pessoa ficaria chocada com o que eu acabei de dizer, me chamaria de louco, monstro e psicopata por ser tão cruel com cachorrinhos, mas você não, porque você não liga pra isso, eu te pus a prova, eu sei como é não saber perder, você poderia optar por continuar com sua imagem de menina moça e perdia a discussão, mas isso feriria diretamente seu ego não é mesmo?Devo admitir que você conseguiu enganar a todos muito bem por bastante tempo,até a mim; mas é como minha mãe diz, um monstrinho reconhece o outro de longe, no fundo você não é a única, somos todos farinhas do mesmo saco

Não se preocupe; não vou te denunciar para o Eugene, você faz questão de disfarçar sua personalidade quando ele esta perto, mas baixa a guarda e deixa escapar alguns sintomas desse seu distúrbio quando ele não esta te vendo.

O olhar penetrante dele me deixa atônita, ele esta certo em tudo, fiquei tão preocupada em não apresentar as características da minha natureza na frente dele e nem reparei que estava sendo observada quando fora da presença do imbecil

- Eu te deixo sair dessa se me contar o porquê de tanto interesse no meu primo

Preciso de uma desculpa rápido, ter um espelho contra mim só vai complicar as coisas!

- Eu não entendo o porquê ele escolheu a jade e não a mim! Qual o problema daquele garoto?- isso!Vou simular uma competição, ele sabe do meu distúrbio... Uma rejeição seria uma afronta a meu ego e isso explicaria o porquê tenho demonstrado interesse no Eugene

- Essa é a melhor parte – diz ele colocando o fone novamente

- O que?

- Assisto aos teus passos como a um balé
quem vais usurpar agora que ninguém te quer?
A verdade demora, mas chega sempre sem avisar.
E o grito contido no teu travesseiro.
Ecoa nos lares do mundo inteiro.
Não tira esse rímel, pois hoje quero vê-lo borrar.

-É realmente uma bela canção – no fim deu tudo certo,posso prosseguir com meu plano mas devo tomar mais cuidado agora que entendi a situação, nunca foi o Eugene; sempre foi o Ivan, em todo lugar me encurralando e não me deixando escolha...

- Chegamos, essa é sua casa não é?

- Você realmente é um ótimo observador Ivan

- Diane, tem mais uma coisa – Diz ele apontando a dedo indicador em direção ao meu nariz em fazendo um gesto com a mão como se estivesse engatilhando uma arma

- Fale

- Se algo acontecer com o Eugene eu mato você ok?

- Ok.

cartas para lúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora