Juno continuava guiando Isabel para fora do observatório celeste. Sentia que precisava fazê-la pensar em outra coisa por um momento. Ambos precisavam relaxar um pouco e preparar os nervos para os momentos de tensão pelos quais logo passariam. Tentava iniciar conversas com ela, mas frustrava-se cedo em suas tentativas.
Passou a reparar na garota, em busca de algo que pudesse fazer seus pensamentos emergirem e fisgá-la em qualquer conversa que não fosse a respeito de sua casa destruída na explosão de minutos atrás.
Ela ainda usava o uniforme do observatório, modelo padrão que enaltecia a cor dos seus cabelos. Nele havia um broche com a primeira letra do primeiro nome e o último nome completo.
−Não acho que esse broche vá chamar atenção dela. − Pensava Juno, buscando um modo de quebrar o silêncio. − Embora seus cabelos sejam leves e estejam brilhando, não parece ser o tipo de garota que liga pra cosméticos, estética e penteados. − Os cabelos de Isabel eram castanhos e brilhavam muito. Os cachos lembravam as ondas que vinham uniformes do oceano, aumentando o volume até encontrarem, na gravidade um motivo para mudar a forma, caindo contra si e se acalmando nas proximidades da areia.
− Bem que a pele dela podia ser sardenta como a minha. Ia ser fácil... − Isabel tinha a pele branca, mas não rosada como os ruivos.
−Tive uma ideia!! − Então Juno disse:
− Escuta, você tem olhos grandes, não tem medo que eles caiam?
Isabel fuzilou-o com os olhos e retrucou:
− Os seus vão acabar "caindo" se não parar de me puxar!
− "Perdão senhorita".
Respondeu imitando o tom de voz de Naves. Só então lembrou-se de soltar o braço da garota. Percebendo a primeira abertura, mais que depressa, procurou outro assunto:
− Qual é a do broche?
− Todos os funcionários recebem um. − Isabel estava nervosa pelo comentário anterior, por isso foi categórica: − Se fosse da sua conta, eu diria que peguei o meu hoje!
− Eu imaginei que todos os funcionários usam mesmo, vi você usando e também o seu avô.
− Não tenho avô.
− E aquele senhorzinho de barbas longas, brancas e esgadanhadas?
Essa pergunta foi feita com um tom respeitoso, quase carinhoso. Doutor Naves despertava esse sentimento nas pessoas. Isso fez com que os ânimos de Isabel se acalmassem um pouco e toda essa conversa afastou os acontecimentos recentes.
− Doutor Naves? − Respondeu Isabel − Ele é muito agradável, todos gostam de falar com ele, mas ninguém é parente dele.
− Achei ele meio velho de mais pra trabalhar.
− Ele já se aposentou a muito tempo. Agora é voluntário, trabalha por paixão. É o responsável pelos telescópios e orienta a equipe de análise de dados.
− Uau! − Juno já se sentia a vontade para perguntar qualquer coisa. Decidiu começar pelo básico:
− "Senhorita, ainda não sei vosso nome"
− É Isabel, mas meus amigos me chamam de Isa. − Percebendo a jogada, com um sorriso, completou: − O doutor não usa "vosso".
− "Isa é um belo nome, entretanto, chamo-me Juno".
− Ok "Junto", pode me chamar de Isabel! − Fingiu estar nervosa pelas imitações − Que nome engraçado o seu. "Junto", muito criativo!
− "Vê se te enxerga garota"! − Agora Juno imitou Isabel, no momento em que ele acordou do desmaio. Com isso, conseguiu arrancar dela mais um sorriso.
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Crônicas do fim: A queda da Lua
Science FictionO que você faria se descobrisse que a humanidade esbanjou os recursos naturais presentes no planeta ate a sua exaustão e por isso, todas as terras habitáveis acabaram por se transformar em um grande deserto. O que esperar de um futuro onde os avanço...