O Observatório Celeste

131 17 12
                                    

O observatório celeste conta com duas lentes de altíssima definição voltadas para o espaço e em funcionamento 24 horas por dia. Todos os dias são armazenados petabytes e petabytes de informação que são analisadas pelo supercomputador "RYU" desenvolvido para este fim...

- Informações muito chatas, eu quero fotos de Saturno. Onde posso vê-las? - Indagava enquanto se preparava para se livrar de seu grupo.

Juno sempre assistia o nascer do sol de sua varanda, enquanto tomava café. Tinha uma visão privilegiada da grande árvore deste ponto e sonhava conhecer cada um dos planetas do sistema solar de perto.

Esta noite porém, decidiu que  passaria no observatório celeste. Seu plano era simples: se esgueirar até encontrar os telescópios para tentar ver saturno por eles. Para isso, teve ajuda de Simão, que costumava ser seu cúmplice de travessuras, mas para essa, cobrou um quarto de sua mesada.

Juno esbarrou em Simão no meio da grande sala e, fazendo feições de quem pede desculpas, disse baixinho:

- Você chama atenção e eu corro pela a porta. - Deixando seu amigo para trás como um completo desconhecido.

Se referia a uma porta entreaberta, onde pendia uma placa que dizia "acesso restrito", presa apenas por um fino filamento de metal em seu lado esquerdo. Pensou em arrancá-la e, caso fosse pego, dizer que procurava por um banheiro.

- Olhe, aí vem o guia. - Simão alertou Juno que se abaixou atrás da maquete central e fingiu amarrar o cadarço.

O local onde estavam era uma grande sala aberta e redonda, na qual estavam sendo expostos cartazes afixados por cordas ao teto. Bem no centro, com aproximadamente 3 metros de diâmetro, havia uma espécie de maquete do sistema solar que reproduzia a órbita dos planetas, algumas constelações ao redor e os cometas mais famosos.  

- Essa foi por pouco! - Juno prosseguiu com o plano ainda fingindo amarrar o cadarço - Você vai caminhar até o lado oposto da maquete e esperar até que eu me posicione!

Simão assentiu com a cabeça e, enquanto observava em volta, continuou escutando:

- Vou escorar na parede bem ao lado da port... - Antes que pudesse prosseguir repassando o plano, seu amigo o interrompeu:

- Já sei o que fazer!

Enquanto conversaram não se olharam. Falaram em voz baixa, de modo que ninguém percebeu que se conheciam.

Juno levantou-se e seguiu seu caminho, não muito longo, até o ponto combinado. Escorou na parede, colocou as mãos nos bolsos do moletom e olhou para frente. Viu seu amigo tropeçar e cair, levando consigo plutão e alguns meteoros da maquete central. Os guias e seguranças presentes na sala, estupefatos, correram até lá para socorrer o garoto.

Em um movimento extremamente sutil, Juno girou sobre o próprio eixo vertical, de modo que ao fim do giro já estava totalmente dentro do corredor atrás da porta.

Espero que aquele "mamão" vá embora agora, como combinamos. Pensou, agradecido.

Adiante, haviam outras seis portas. Uma delas estava entreaberta. Atrás da primeira, verificou pela fechadura, os discos rígidos de RYU, a segunda e terceira eram os banheiros. A quarta porta guardava uma equipe de cientistas trabalhando em modelos matemáticos.

A penúltima porta, meio aberta, escondia uma sala vazia, com piso de madeira e paredes de vidro transparente de uma extremidade a outra exceto, é claro, nas paredes do corredor e do banheiro. E a sexta porta, devo lhe dizer, é da sala que Juno procurava, mas não chegou a abri-la naquela noite.

Crônicas do fim: A queda da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora