Ela se foi

Capítulo 3

Assim que Lucia me viu, Correu para ir falar comigo e perguntar como eu me sentia na segunda semana de trabalho, respondi que ainda estava pegando o jeito mas eu ia me acostumar, eu sabia que ia. Fiquei uns vinte minutos conversando com Lúcia, depois que ela voltou ao balcão e eu fui para minha sala, sentei e abrir a tela do computador e a primeira coisa que eu tinha que fazer era dar um recado a Andrey Johannes. Fiquei nervosa, e culpava Lúcia por isso, se ela não tivesse me dito coisas a respeito dele, talvez eu faria o trabalho sem o menor problema, mas tudo o que ela falou ficou na minha mente.

Memorizei o recado e fui direito ao escritório dele, respirei fundo antes de bater na porta, dei três batidas, e ouvi a voz dele ordenando para entrar, assim que entrei ele falou:

- Olá Natasha! Bom Dia! - exclamou alegremente .

Fiquei surpresa, ele lembrava meu nome, e alem do mais, foi gentil comigo mais uma vez.

- Bom dia Sr. Johannes, desculpe interromper, mas é que o Sr. Anselmo Johannes quer falar com o Sr, e ele informou que estaria aqui as quatro horas. - falei meio trêmula percebendo que ele olhava bem nos meus olhos.

- Ah sim, meu pai - abriu um sorriso - e lái vem encrenca - deu uma gargalhada.

Sorri também, para parecer que entendia bem do assunto, e principalmente para ser simpática.

- Imagino que não, você não tem cara de quem apronta - arrisquei, sabendo que a verdade era outra.

- Aaahhh você não faz nem idéia do quanto eu apronto, ao menos, aprontava, porque agora sou uma pessoa completamente transformada. - percebi que ele falou meio sem graça.

- É sempre bom mudar, renascer, é um tipo de amadurecimento. - quis parecer madura.

- vejamos que alem de uma excelente gerente, é super madura e conselheira!?

- Não é para tanto - falei tentando esconder as bochechas que estavam ficando vermelhas. - Hãm... Eu preciso ir, tenho muito trabalho a fazer. - ao lembrar disso me bateu uma leve tristeza, por mim ficaria ali o dia todo, acabei de descobrir que me sentia bem quando estava com ele.

- Ah sim, claro! Já devia ter imaginado. Pois bem, também tenho meu afazeres, tenha um bom dia.

- Obrigada Sr. Bom dia. - falei timidamente.

- Sr. Não, pode me chamar de Andrey.

- Andrey. - repeti o seu primeiro nome e assenti.

Me virei, e caminhei em direção a porta, assim que encostei a mão na maçaneta, ele chamou

- Natasha?

- pois não?

- Boa sorte!

Abri um largo sorriso.

- Obrigada. - assim que sai e ia fechando a porta mencionei - Andrey.

                           ***

Que menina simpática, adoro conversar com ela,o jeito tímido dela a deixa mais linda. Ela é gentil e compreensiva, eu realmente não sabia o que estava perdendo, cada pessoa nessa empresa com certeza tem qualidades especiais, e com certeza são pessoas super legais e simpáticas, assim como Natasha. Eu fui um burro em não perceber que estava rodeado de pessoas extraordinárias, e o mais decepcionante é que eu os desprezava. Mas a partir de hoje tudo será diferente, eles irão conhecer meu novo "Eu", o novo Andrey Johannes. Aquele ignorante que não dava bola para ninguém, que passava na frente dos funcionários e fingia que não estava os vendo, não existe mais, aquele moleque que não se importava com os outros, que só queria saber de si mesmo e se divertir a qualquer custo, não aparecerá mais, pois agora serei quem eu realmente deveria ter sido, não sou mais aquele moleque, agora sou um homem, a qual devia ter sido a muito tempo.

Meu pai me fez enxergar tudo isso, as palavras de meu pai não saíram de minha cabeça, passei a noite pensando sobre o que eu tinha feito e o que eu não havia feito, e me decepcionei comigo mesmo, eu realmente estava sendo visto pelo público como um monstro, e a pior parte era que eu não enxerga isso.

Hoje mesmo, irei me reconciliar com todos, como de meu desejo e vontade, serei uma nova pessoa.
Será bem difícil, pois até agora só tive afinidade com Natasha.

                            ***

Assim que fechei a porta do escritório do Sr. Johannes, fiquei trêmula, achei que foi muita ousadia minha ter anunciado o nome dele no final da frase.

Como pode? Segundo o que Lúcia tinha me dito, E pelo que eu vi semana passada, ele não sequer me deu nenhuma rabissaca, foi a todo momento gentil comigo, preciso contar a ela, preciso saber se ele já foi assim com mais alguém, ou talvez ele só queira me usar assim como fez com a irmã dela.

Fui direto a recepção para falar com Lúcia, assim que cheguei lá, informei a ela que eu tinha algo sério pra perguntar a ela, ela me olhou confusa e veio até mim para que eu pudesse perguntar-lhe.

- Natasha o que houve? - pensou que fosse algo sério.

- Acabei de sair da sala do Sr. Johannes, e queria fazer-lhe uma pergunta.

- Ah sim, pois não? - falou meia desconfiada.

- Hamm... Ele já foi simpático com alguém aqui da empresa? ou pelo menos com as novatas?

- Nunquinha, jamais deu atenção a ninguém, somete para o Sr. Anselmo, e tenho certeza que é só pelo fato de ser seu pai. - depois de uma pausa, me olhou desconfiada - porque a pergunta hein? Huuuuummmmm

Comecei a rir.

- Besta, não é isso, é que cruzei com ele duas vezes, e ambas ele foi um amor de pessoa comigo.

- Você ta falando sério? Não, claro que não. Isso é impossível, Natasha eu tenho asma não faça esse tipo de brincadeira comigo. - falou fingindo que estava prestes a desmaiar.

Lúcia sempre é exagerada, faz um drama enorme sempre que se impressiona, ou quando fica surpresa.

- Não tenho motivos para inventar histórias amiga, é sério, ele nunca arcou com ignorância comigo, nem sequer foi grosseiro há nenhum momento, ele sempre me dá atenção, e hoje ele disse até que eu podia chamá-lo pelo primeiro nome. Andrey - lembrei exatamente do momento em que ele disse isso.

- Amiga não brinca com essas coisas, impossível! Não tem como, Não é querendo dúvidar de você não Natasha, mais eu só acredito acredito vendo. Eu conheço ele há muitos anos, e o cretino mal fala até com o pai. - Lúcia olhou em direção ao corredor e viu que o Sr. Johannes estava vindo, olhou para Natasha e falou - E falando na praga, aí vem ele.

Lúcia rapidamente voltou para o seu lugar, e eu fiquei de frente a ela do outro lado do balcão, fingindo passar informações importantes.

- Olá Natasha, bom dia meninas.- falou indo em direção à portaria.

Ambas responderam, e as duas recepcionistas ficaram boquiabertas, seguindo ele com o olhar. Lúcia me lançou um olhar devastador, e veio em minha direção.

- Ah não Natasha, o que você fez? Você é bruxa? Algum tipo de feiticeira? ou você... Ai meu Deus. Não me diga que você...

Interrompi na hora.

-Claro que não Lúcia, tenha mais respeito, só encontrei ele duas vezes, e foi apenas para tratar-se de negócios. E além do mais, você é burra? Ele não ia querer ninguém daqui da empresa, como você disse, ele nunca vai querer a mesma pessoa por 24 horas.

-Sim, isso é verdade, por isso que digo, você é um amuleto da sorte, foi só você chegar aqui na Consilios e páh! Um milagre acontece.

- Ah Lúcia, não viaja. - aquilo era completamente loucura da cabeça dela - ele só está de bom humor.

- Ele nunca está de bom humor - Lúcia me encarou.

Dei um sorriso e ajeitei-me para voltar para minha sala.

- Pois bem, hoje ele está. - virei e segui pelo corredor até minha sala.

Eu heim, ás vezes eu não consigo entender Lúcia, eu não sei se ela está sendo exagerada como sempre, ou fato do Sr. Johannes ser totalmente isolado é verdade. Mas enfim, isso não convém ao caso, se for ou deixa de ser não é de minha conta.