Capítulo 2

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—Do que você acha que ela é capaz? -ouço uma voz feminina dizer ao fundo, apesar de não estar nada muito claro pelo zumbido que ecoava em meu ouvido, tinha acabado de acordar e não conseguia me mexer.

—Eu não sei Jasmine, apenas o tempo nos dirá -fala um homem com voz grossa. —Você sabe muito bem que nunca nos deparamos com um caso como o dela antes, e nem deveríamos, estamos arriscando tudo que temos fazendo testes na Daemange -o homem diz e então ouço um barulho de porta sendo aberta e passos.

Oi? Daemange? Que porra é essa? E como assim testes? Eu sou um tipo de sei lá, rato de laboratório?

EMILY! Aí meu Deus, como sou egoísta a ponto de pensar em mim ao invés dela? Será que ela está bem?

Tento me lembrar de alguma coisa mas nada me vem à mente, a última coisa que eu me lembro é do estrondo e então da picada no pescoço. Ao me lembrar disso levo rapidamente a mão ao meu pescoço e percebo que agora podia me mover.

Abro os olhos com dificuldade e me sento, observo ao redor e arregalo os olhos, não vejo nada, tipo, literalmente. Era tudo apenas um grande vácuo, preto, preto, a cama que eu estava e mais preto.

Me levanto e começo a andar pelo local... Não é possível. E o barulho de porta? Deve haver uma em algum lugar, mas é impossível dizer onde, já que aqui é apenas um infinito de nada.

Vejo então uma luz retangular se formar ao meu lado e eu corro pra onde eu estava, fingindo que ainda estava adormecida.

Quando as pessoas entram eu ouço novamente aquele zumbido, como se houvesse algum mosquito me rondando.

—Estranho, ela já deveria ter acordado... -diz um homem ao por a mão no meu pescoço, ele o examina e eu sinto um arrepio correr pela espinha. -Acho melhor usarmos o antídoto, quanto mais cedo ela acordar melhor.

Depois disso ouço barulhos de passos e metal se chocando, até que sinto uma mão no meu pescoço novamente e eu percebo que ele iria botar uma seringa ali. Abro os olhos e me levanto imediatamente ao perceber isso já que tenho fobia de agulha.

—Eita! -diz uma garota alta e pálida, rosto fino e magricela, olhos violeta e arregalados, parecia ser da nobreza de tão delicada. —Vai com calma Elizabeth, não iremos te machucar -disse ela mexendo em seus cabelos loiros ao se recuperar do susto.

Olho para as outras pessoas da sala e vejo um homem negro e barbudo que segurava a seringa, me chego para o lado oposto dele para me afastar da agulha.

Vejo também uma mulher morena de cabelos pretos bem baixinha, um pouco gorda e de olhos cor de mel com uma prancheta anotando coisas.

Olho ao redor e percebo que o quarto não era mais preto, eram paredes de um cinza sujo e chão da mesma cor, agora também tinham móveis que contrastavam com as paredes por serem bastante luxuosos, eles eram das cores branco e dourado e pareciam custar a minha vida.

—O que vocês estão fazendo comigo? -pergunto encarando o homem barbudo.

—Nada demais, apenas testes para ver como anda a tua saúde -ele diz e eu arqueio a sobrancelha.

—Jura? Acha mesmo que vou cair nessa? Me conte agora ou eu ligo pra polícia! -ameaço mesmo sabendo que isso não iria dar certo.

—Todos nós sabemos que você não vai fazer isso... -diz a mulher dos olhos violeta, de cara não simpatizei com ela, parece aquelas garotas que só se importam com a aparência. -A propósito, sou Jasmine, prazer -ela diz estendendo a mão, apenas encaro ela, sem cumprimenta-lá.

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