29/01/16
Acordei novamente através dos gritos da minha tia. Já era o meu segundo dia de aula, e eu não estava nem um pouco animado com aquilo. Fui ao banheiro e tomei banho. Tomei café e logo fui para o ponto de ônibus, mesmo não gostando do colégio, não queria chegar atrasado.
"Bom dia!! Hoje nós falaremos sobre a Segunda Guerra Mundial"
Disse o meu professor de história, Paulo, folheando seu caderno procurando a página certa pra começar a escrever no grande quadro branco. Paulo era alto, jovem, usava calça social e um casaco jeans. Não era feio.
Logo, comecei a procurar o meu caderno na minha mochila para copiar todas as anotações que o Paulo fosse passar no quadro. Ou pelo menos tentar copiar. Foi quando ouvi duas pessoas conversando a algumas carteiras a frente.
"Porque ele está pegando o caderno? Ele nem consegue ler"
"Hahaha. Né? Ele deveria voltar para o pré!"
Não liguei muito para isso. Além do mais, já estava acostumado. Porém mentiria se dissesse que não fiquei um pouco ofendido com aquilo. Isso foi apenas o começo, durante o período de aulas inteiro, eu ouvia falarem mal de mim sob as minhas costas.
Após a aula, fui para casa. Carla, a minha tia, estava trabalhando. Almocei. Subi para o quarto e o tranquei. Nunca me magoei com piadas malvadas a meu respeito, mas dessa vez foi diferente. Doía.
* * *
Se passaram vários dias. Meu ânimo piorava cada vez mais. A cada dia que passasse, era um dia de sofrimento. Não os culpava, faz parte da natureza humana, rejeitar o "Diferente".
Minhas notas caíram ainda mais. Não sentia vontade de fazer qualquer coisa, nem mesmo sair da cama. Não demorou muito para que a minha tia e meus professores notassem. Estava a beira do precipício. Um precipício chamado solidão. Depressão.
09/02/16
Cheguei em casa. Já era noite. Tinha passado o dia inteiro sentado num banco do parque. Fazia isso para relaxar. Para esquecer os problemas que a vida me proporcionou.
Já estava a caminho das escadas, naquele momento, eu só queria ficar sozinho no meu quarto. Antes que eu pudesse pisar no primeiro degrau, fui surpreendido por minha tia.
"Oi". Disse ela inclinado a cabeça para o lado. Dei um sorrisinho de volta para ela.
"Precisamos conversar". Quando ela disse isso. Meu estômago embrulhou. Sabia que não gostaria do que ela estava prestes a dizer.
"Eu, junto aos seus professores, percebemos que você anda meio distante". Disse ela calmamente, pois sabia que isso me estressaria. "Então achamos melhor, encaminhar você...". Confesso que fiquei assutado para o que ela falaria depois. "Encaminhar você à psicóloga do colégio". Suspirei aliviado, por um segundo achei que ela diria sanatório ou algum outro tipo de clínica.
Não estava com nenhuma vontade de ir. Mas sabia que isso alegraria ela. Então aceitei acenando com a cabeça.
"Que bom!!! Fico muito feliz com a sua resposta. A sessão está marcada para amanhã depois da aula. Não falte"
Como assim? Ela estava tão confiante de que teria um "sim", que até marcou tudo antes de falar comigo. Mas mesmo se dissesse "não", ela me puxaria pelas pernas até a sala da psicóloga. Então não faz tanta diferença.
10/02/16
Lá estava eu. Em frente a sala da psicóloga. Naquele momento, só pensava numa coisa. Sair correndo. Todavia não faria isso. Criei coragem, e bati.
"Pode entrar". Uma voz feminina doce e calma soou através da porta.
Entrei. Tropeçando com as palavras, disse.
"Oi, você que é a psicóloga?". Disse olhando para ela. Como era linda. Magra, couro cabeludo castanho, usava lindos óculos.
"Sou sim. Boa tarde Allan!! Já estava esperando por você. Sente-se por favor". Ela então se levantou e estendeu-me a mão.
"Me chamo Audrey".
VOCÊ ESTÁ LENDO
One Reason to Dream
Teen FictionOne Reason to Dream conta a história de cinco adolescentes que ambos tem algo em comum, todos procuram um motivo para continuar vivendo. A série gira em torno de Allan que descobre um mundo de medo e tristeza. Onde as pessoas se preocupam no que os...