10/02/16
Já estava à alguns minutos lá. Ela me perguntou minha idade, se tinha amigos e tudo o que você possa imaginar. Nunca intendi realmente o motivo de tantas perguntas. Mas acredito que seja para que haja uma intimidade, consequentemente, gerando confiança.
"Bom... O nosso tempo já acabou". Disse ela levantando-se e indo até a porta. "Foi bom conhece-lo Allan! Te vejo amanhã?"
Achei estranho a sua ação, estava lá por tão pouco tempo. Foi quando reparei num relógio digital que foi colocado em cima da mesa. Já se tinha passado duas horas. Nossa conversa estava tão boa, que nem percebi a tempo passar.
Me levantei. Fui até a porta onde ela esperava por mim. Abri um sorriso e disse "Até amanhã".
Já era tarde quando cheguei em casa. Fui abordado pela minha tia que me encheu com perguntas. Nunca vi alguém falar tanto quanto ela.
"Como foi? Ela é legal? Você está bem? Porque voltou tão tarde?"
"Foi legal". Disse eu abrindo um pequeno sorriso, " Voltarei amanhã". Essas curtas palavras foram o bastante para que a alegria tomasse conta do corpo dela.
"Que bom!!!". Logo em seguida veio até mim e deu-me um abraço. Um abraço forte e caloroso. "Obrigado por ter ido. Te amo muito. Não o mandaria lá se não achasse que era o melhor pra você".
Nunca me senti assim. Eu estava feliz. Durante tantos anos, finalmente encontrei alguém para conversar. Na qual podia confiar meus segredos, emoções e minhas aflições. Não esperava a hora para ve-la novamente.
* * *
A cada sessão que passasse com ela, era uma preocupação a menos. Cada vez me sentia mais disposto a me abrir, desabafar. Nunca tinha percebido que alguém com quem conversar, seria a solução para a minha carência.
19/02/16
Aquela manhã parecia como qualquer outra. Mas era diferente. Estava feliz, disposto a passar aquele dia fora de casa. Fazia tempo que não me sentia tão bem.
Tomei meu banho e comi panquecas, só de pensar em toda a cauda derretida sob a massa fofa. É de dar água na boca.
Sai para ir à escola. Foi um dia normal, como qualquer outro. E como sempre, haviam pessoas falando por trás de mim. Todavia não liguei. Sabia que não demoraria para que eu visse Audrey. Não que eu esteja apaixonado, só fico feliz de ter alguém com quem conversar.
Após o término da aula. Me dirigi até a sala dela. Entrei. E como todas as antigas sessões, conversamos durante muito tempo. Confiava nela, portanto contei tudo o que pensava e sentia. Ela me conhecia mais que qualquer outra pessoa, inclusive eu mesmo.
"Allan, já faz muito tempo que conversamos". Disse ela tirando seus óculos, mostrando seus lindos olhos. "Creio que já está preparado para participar de uma sessão em grupo". Continuou ela. "Lá você conhecerá outros jovens que, assim como você, tiveram problemas de aceitação e preconceito".
"Com todo o respeito, mas acho que não estou preparado para esse tipo de coisa". Disse eu tropeçando nas palavras. Só de pensar nisso, já embrulhava o meu estômago. Eu conseguia me abrir para ela. Mas para outras pessoas? Não sei se conseguiria.
"Calma. Não precisa se preocupar. Todos eles se sentem como você". Disse ela se aproximando de mim. Tentando me convencer. "Não há pessoas que mais vão te entender do que elas".
Mesmo não tendo certeza de que realmente queria aquilo. Concordei balançando a cabeça.
"Ótimo!!! Então, te vejo segunda?". Disse ela abrindo um enorme sorriso.
22/02/16
Estava em frente à sala de Audrey. Ainda estava à procura de coragem. Respirei fundo. Bati na porta. Entrei.
Olhei para os lados. Para o meu azar, ela não estava na sala. E para piorar, haviam outros 4 adolescentes lá dentro.
"Ótimo >:("
Murmurei para mim mesmo ao perceber que estava sozinho numa sala com pessoas que nunca tinha visto antes. Confesso que fiquei curioso para saber quem eram.
E como eram suas histórias...
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One Reason to Dream
Novela JuvenilOne Reason to Dream conta a história de cinco adolescentes que ambos tem algo em comum, todos procuram um motivo para continuar vivendo. A série gira em torno de Allan que descobre um mundo de medo e tristeza. Onde as pessoas se preocupam no que os...