Eu quase estava botando cartazes por aí com a chamada "Procura-se um índio experiente em dança da chuva", porque, meu amigo, não era brincadeira o calor, e olha que estava de noite. Já tinha me remexido mais na cama do que alguém com ataque epilético, o lençol já estava no chão e eu tinha começando a me irritar com tudo. Minha pele estava grudenta.
Depois de jogar Jennifer dentro de um táxi junto com Eddie e os manda-los para onde a curva faz o vento – sim, pois onde o vento faz a curva ainda é perto demais –, eu e Nathan viemos para casa, afinal, aquela ameba ia dormir no meu lar, doce lar. Já bastava por uma noite tudo que eu tinha passado, principalmente porque, quando Jennifer desmaiou, Rafael veio quase correndo me ajudar e, depois de jogar a ruiva falsa no chão, mostrei meu dedo do meio pra ele.
— Eu só quero ajudar. — Rafael se defendeu enquanto eu levantava.
— Liga pro prefeito e diz que toda vez que alguém precisar de ajuda é pra ele colocar um sinal luminoso no céu dizendo: Chamando Babaca. Aí vai poder ajudar muita gente. — Os amigos dele começaram a rir e desdenhar dele, então simplesmente me virei e saí, indo chamar um táxi.
Limpando minha cabeça das lembranças da noite, me levantei e tirei a camisa, senti um certo alívio, mas não foi o suficiente. Como tinha jogado meu despertador pela janela, não tinha nem ideia de que horas poderiam ser, então simplesmente abri a janela, quer dizer, se um ladrão entrasse e começasse a procurar coisas de valor, é bem provável que eu fosse ajudar, por que ainda não vi nada que valha muito à pena.
Me joguei de novo na cama e tentei dormir, contudo nem o pouco vento que vinha da rua ajudou e, depois de uns quinze minutos, voltei a me levantar e desci, indo até a cozinha beber água. Fui até lá, peguei um copo e enchi com água bem gelada, deixei a geladeira toda aberta, por que só assim pra esfriar um pouco meu corpo, até os bicos dos meus seios se contraíram levemente com o ar que vinha dela.
Admito que demorei mais do que deveria, aproveitando aquele momento agradável antes de subir de novo e, quando abri os olhos e me virei, percebi que Nathan estava ali, apenas com um short preto, que fazia com que sua pele branca ficasse ainda mais destacada, principalmente com o suor que brilhava ali, seu cabelo estava bagunçado e o rosto parecia... Parecia... Admirado.
Lembrei que estava sem sutiã e meu braço foi mais rápido que minha mente, jogando água, com gelo e tudo, na cara dele. Nathan pareceu acordar e eu cobri meus seios com o braço. Por algum motivo eu estava constrangida, não fazia muito sentido, já que eu já tinha ficado nua em situações mais... Constrangedoras, e não tinha ficado assim. Nathan lambeu os lábios molhados me olhando e soltou uma risada rouca. Engoli em seco. Ele se aproximou antes que eu pudesse dizer algo.
— Não se preocupe, Nay, eu não mordo. — A voz de Nathan parecia cinco vezes mais grave e meu estômago se mexeu.
— Eu não me preocuparia nem se mordesse.
— E por que não? — Ele sorriu e eu senti vontade de bater naquela cara bonitinha.
— Uma vez uma cobra me mordeu, depois de cinco dias sofrendo e agonizando, a cobra morreu. — Expliquei e Nathan riu.
— Ahá, eu assisti Mercenários, quem falou isso foi o Chuck Norris e são três dias, não cinco. — Nathan apontou, sorrindo.
— Ahá, eu sou filha do Chuck Norris, por isso demorou cinco dias, meu sangue não é tão potente quando o de papai. — Sorri falsamente e fui colocar o copo na pia.
Nathan ficou olhando cada movimento meu como se estivesse prestes a comer, dançar a balalaica, fazer o passinho do romano ou fazer alguma coisa que eu não ia gostar e que ele ia se arrepender. Eu apostava na última opção, apesar de que ia amar ver ele dançando o passinho do romano. Acabei me irritando com aquela atenção toda, então tive que reclamar.
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Garota Desastre
HumorNayana é grossa, mal educada, cínica e muito sincera. Ela e a mãe, Maya, vivem sozinhas desde que o pai morreu. Tem um salão de festas, tipo um bar, em que fazem apresentações temáticas. Nay faz dança indiana e suas apresentações sempre lotam o loca...