TITÂNIA: Vem sentar aqui, meu amado, quero fazer um carinho.
PÉ DE PATO: Flor de Ervilha!
FLOR DE ERVILHA: Presente!
PÉ DE PATO: Coce minhas costas. Teia de Aranha!
TEIA DE ARANHA: Presente!
PÉ DE PATO: Quero uma colher de mel. Semente de Mostarda!
SEMENTE DE MOSTARDA: Presente. Que quer?
PÉ DE PATO: Nada, nada. A não ser que queira ajudar Flor de Ervilha a coçar minhas costas.
TITÂNIA: Querido, não quer ouvir um pouco de música?
PÉ DE PATO: Adoro música. Põe lá o tambor e a cuíca.
TITÂNIA: Ou quer comer? Alguma fina iguaria?
PÉ DE PATO: Claro, claro. Um bom saco de capim. Mas acho que quero mesmo é dormir.
TITÂNIA: Dorme, querido. Também vou dormir. (dormem Titânia e Pé de Pato; as Fadas saem; entram Oberon e Puck)
OBERON: Veja, Puck, a que estado chegou nossa rainha. Encontrei-a há pouco, apaixonada por este bobalhão. Pedi-lhe o pajenzinho e ela me devolveu. Puck, faz com que todos pensem que tudo isto não passou de um sonho. Vou desencantar a rainha. (toca Titânia com uma flor)
TITÂNIA: Oberon! Que pesadelo horrível!
OBERON: Precisamos de música, pra encantar os sentidos de todos. (ouve-se música) Vamos, querida, festejar nosso encontro com danças e canções. (saem Oberon, Titânia e Puck; toque de trompas; entram Teseu, Hipólita, Egeu e séquito)
TESEU: Venha, Hipólita, à caça. Vamos dessa forma festejar a madrugada do dia de nossas bodas. Mas, quem são estes jovens?
EGEU: Eu os conheço. É minha filha! Demétrio! Lisandro! Helena! O que está acontecendo?
TESEU: De certo, madrugaram para a nossa festa. Toquem as trompas! (os jovens acordam) O que estão fazendo aqui?
LISANDRO: Perdão, duque. Eu e Hérmia fugimos pra longe de Atenas e nos perdemos...
EGEU: Basta! Exijo que se cumpra a lei. Veja, Demétrio, queriam nos enganar.
DEMÉTRIO: Ouve, bom Egeu. Eu não amo mais sua filha. Não sei por que encantamento, não sei que mistério foi esse que me fez redescobrir a bela Helena. Só quero me casar com ela.
TESEU: Egeu, acho que vamos contrariar tua vontade. Esses quatro fazem dois pares perfeitos e poderemos unir as bodas deles às minhas e fazer uma só festa. (saem Egeu, Teseu, Hipólita e séquito)
DEMÉTRIO: Tudo que aconteceu parece pequenino e difuso.
HÉRMIA: E eu... parece que vejo tudo dobrado!
HELENA: O mesmo digo eu...
DEMÉTRIO: Será que não estamos sonhando?
LISANDRO: A mim, me parece que estamos saindo de um sonho. Vamos, vamos... (saem)
PÉ DE PATO: (acordando) Oh, Píramo... Oh, Píramo... É a minha deixa. Aí, eu entro e falo... Trombone! Marmelo! Garrafão! Fugiram todos. E eu... parece que eu dormi... Sonhei que tinha... mas não, é impossível... Vou pedir a Pedro Marmelo que escreva uma balada: O sonho de Zé Pé de Pato. Vou cantá-la na festa do duque!