OBERON: Gostaria de saber se Titânia já despertou e se já se apaixonou por algum monstro. Ah, aí vem Puck. Então, como saiu a sua estranha brincadeira?
PUCK: A rainha se apaixonou por um monstro. Bem no lugar onde ela dormia, encontrei um bando de casca-grossas, ensaiando uma peça pro casamento do duque. Transformei o mais imbecil deles num monstro com cabeça de burro e afugentei os outros. A rainha está apaixonada pelo infeliz.
OBERON: Ótimo, ótimo. Eu não teria feito melhor. E o ateniense? Você o encontrou?
PUCK: Também já resolvi este problema. Aí vem gente. Epa! Ela é a mesma, mas ele não é ele. (entram Demétrio e Hérmia)
DEMÉTRIO: Por que você está me perseguindo?
HÉRMIA: Sei bem que você matou Lisandro. Quero que me mate também. Monstro! Víbora! O seu olhar cruel indica traição.
DEMÉTRIO: Você está enganada, Hérmia. Eu não vi Lisandro, não sei dele. (sai Hérmia) Vou esperar que ela fique calma. (dorme)
OBERON: Você trocou o namorado. Este é o verdadeiro. O outro é o falso.
PUCK: Quê que eu posso fazer? Pra cada um namorado verdadeiro, há mil falsos.
OBERON: Procure já Helena e faça com que ela venha pra cá. (sai Puck) Preciso espremer a flor nos olhos deste jovem. (espreme a flor nos olhos de Demétrio; volta Puck)
Pr: Capitão, aí vem ela. Mas veja como são loucos estes mortais! (entram Helena e Lisandro)
LISANDRO: Helena, não é fingimento. Eu te amo de verdade.
HELENA: Você acabou de dizer estas verdades a Hérmia.
LISANDRO: Eu estava fora de mim.
HÉRMIA: Fora de si foi deixá-la.
DEMÉTRIO: (acordando, vê Helena) Oh, Helena, maravilhosa ninfa. Que coisa há de mais encantadora do que a aurora deste seu olhar? Estou apaixonado por você, princesa iluminada.
HELENA: Ah, ja entendi. Vocês dois se juntaram pra zombar de mim. Quanta ofensa, pra quem está indefesa como eu.
LISANDRO: Demétrio, sei que você ama Hérmia. Portanto, acho que poderá ficar com ela e me deixar Helena.
DEMÉTRIO: Hérmia! Quero eu saber daquilo? Eu só amo a bela Helena.
LISANDRO: Não acredite, Helena. (entra Hérmia)
HÉRMIA: Noite escura que termina em luz, ao encontrar meu namorado. Pra onde você foi?, Lisandro.
LISANDRO: Encontrar Helena, minha rainha.
HÉRMIA: Mas isto é impossível!
HELENA: Quer dizer que Hérmia também esta ao lado deles! Que ingratidão!
HÉRMIA: Não seja injusta, Helena. Eu é que sou alvo de zombaria.
HELENA: Continuem a fingir, continuem.
LISANDRO: Não vá, Helena linda.
HELENA: Que bonito.
HÉRMIA: Lisandro, não zombe dela.
DEMÉTRIO: Isto mesmo. Ou eu usarei a força.
LISANDRO: Não tenho medo de você!
HÉRMIA: Lisandro, não brigue!
LISANDRO: Cai fora, macaca.
HÉRMIA: Mas... querido...
LISANDRO: Eu, querido! Sua cascorenta!
HÉRMIA: Você está brincando!
HELENA: E você também.
HÉRMIA: A culpa é sua, sua trapaceira. Ladra de namorados!
HELENA: Continue fingindo, sua bonequinha.
HÉRMIA: Bonequinha! Então ela acha que pode roubar meu namorado porque é mais alta que eu?
HELENA: Vamos, vamos, continuem a fingir. Mas senhores, por favor, eu tenho medo dela. É baixinha mas está raivosa.
HÉRMIA: Baixinha, baixinha!
LISANDRO: Não tenha medo, Helena.
HELENA: Essa tampinha é perigosa.
HÉRMIA: Tampinha, baixinha! Lisandro, saia da frente que eu agarro esta sujeita!
LISANDRO: Pra trás, anãzinha! Dedo mindinho, sementinha!
DEMÉTRIO: Chega! Você vai pagar caro!
LISANDRO: Vamos medir nossas forças ali naquela clareira. (saem Demétrio e Lisandro)
HELENA: A culpa é sua, viu? (saem Helena e Hérmia)
OBERON: Puck, acho que você andou errando de propósito!
PUCK: Algum dia já se viu confusão maior?
OBERON: Depressa, Puck. Escureça todo o bosque pra que se separem e não briguem. (saem Oberon e Puck; escurece um pouco; entra Lisandro)
LISANDRO: Aquele verme aproveitou a escuridão e fugiu. Vou dormir um pouco. (dorme; entra Demétrio)
DEMÉTRIO: Aquele covarde! Amanhã de dia vamos acertar nossas contas (dorme; entra Helena)
HELENA: Não consigo encontrar ninguém nessas trevas. Vou esperar o amanhecer. (dorme; entra Hérmia)
HÉRMIA: Não aguento dar nem mais um passo. Terei que dormir aqui mesmo e esperar pela alvorada. (dorme; entra Puck)
PUCK: Preciso acertar esta confusão. Bem, este é daquela! Aquela é deste! (derrama o filtro nos olhos de Lisandro) Agora, sim. Ao acordarem, tudo estará resolvido.